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Coreia do Norte testou "novo tipo" de míssil com sucesso

Míssil que teria caído no Japão foi lançado a partir de um submarino; segundo fontes, Kim elogiou às unidades de pesquisa que participaram do lançamento

Míssil: lançamento foi feito paralelamente ao anúncio de que Pyongyang terá conversas sobre o tema nuclear com Washington (Agence France-Presse/AFP)

Míssil: lançamento foi feito paralelamente ao anúncio de que Pyongyang terá conversas sobre o tema nuclear com Washington (Agence France-Presse/AFP)

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AFP

Publicado em 3 de outubro de 2019 às 07h02.

A Coreia do Norte testou com sucesso um "novo tipo" de míssil balístico lançado a partir de um submarino, informou nesta quinta-feira (3), a agência oficial norte-coreana KCNA, paralelamente ao anúncio de que Pyongyang terá conversações de trabalho sobre o tema nuclear com Washington no sábado.

A KCNA identificou este míssil como um Pukguksong 3, um vetor balístico mar-terra (SLBM).

"Este novo tipo de míssil balístico foi lançado na vertical" na quarta-feira, de águas próximas à baía de Wonsan, informou a agência norte-coreana.

De acordo com a mesma fonte, o líder Kim Jong Un enviou "felicitações" às unidades de pesquisa e desenvolvimento que participaram do lançamento, que "não teve impacto adverso na segurança dos países vizinhos".

A Coreia do Norte não pode realizar testes de mísseis balísticos por força de resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

Segundo o Japão, um míssil lançado na véspera caiu nas águas de sua zona econômica exclusiva.

O lançamento bem sucedido "marca o começo de uma nova fase" para se enfrentar as "ameaças" contra a Coreia do Norte e "reforça ainda mais sua força militar para a autodefesa", afirmou a KCNA.

Um porta-voz do departamento americano de Estado pediu à Coreia do Norte que "se abstenha de provocações" e permaneça "comprometida com negociações substanciais e duradouras" que tragam estabilidade e desnuclearização.

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, instruiu seus ministros a investigar o que aconteceu, segundo fontes oficiais.

Em um breve contato com a imprensa, o próprio Abe apontou que "o lançamento de mísseis balísticos viola as resoluções do Conselho de Segurança da ONU e, portanto, nós o condenamos e expressamos nosso firme protesto".

Na véspera, uma alta fonte diplomática norte-coreana disse que Pyongyang concordou em manter conversações em nível de grupos de trabalho com Washington ainda esta semana.

As duas partes concordaram em manter uma reunião de "contatos preliminares" no dia 4 de outubro e negociações de trabalho no dia seguinte, segundo a vice-ministra norte-coreana das Relações Exteriores, Choe Son Hui, citada pela agência de notícias oficial KCNA.

"Espero que estas reuniões em nível operacional acelerem o desenvolvimento positivo das relações entre a República Popular e Democrática e os Estados Unidos", declarou a vice-ministra.

O anúncio da Coreia do Norte foi confirmado pelos Estados Unidos pouco depois.

As negociações entre Pyongyang e Washington estão paradas desde o fiasco da segunda cúpula, realizada em fevereiro em Hanói, entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente americano, Donald Trump.

Os dois líderes se encontraram novamente em junho, na Zona Desmilitarizada (DMZ). Esta região separa as duas Coreias desde o final da guerra (1950-53).

Neste breve encontro, ambos concordaram em retomar o diálogo sobre o programa nuclear de Pyongyang, um pouco mais de um ano após a primeira cúpula Trump-Kim em Singapura.

Até esta data, porém, as discussões não foram retomadas.

Pyongyang não escondeu sua decepção com a recusa dos Estados Unidos a cancelarem suas manobras militares com Seul.

As relações melhoraram quando o então conselheiro de Segurança Nacional de Trump, John Bolton, conhecido por seu tom severo em relação à Coreia do Norte, deixou o governo.

Na questão norte-coreana, este "falcão" detestado por Pyongyang havia defendido um "modelo líbio". Nele, em troca da suspensão das sanções, a Coreia do Norte deveria abandonar todas as suas bombas nucleares e seus mísseis.

Essa comparação com a Líbia de Muammar Khaddafi, que terminou morto em um levante apoiado por bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), provocou a fúria de Pyongyang.

O próprio Donald Trump considerou que essa comparação fez as negociações com a Coreia do Norte "recuarem seriamente".

Especialistas disseram que a demissão de Bolton pode ter contribuído para a decisão norte-coreana de dialogar.

Na sexta-feira, a Coreia do Norte elogiou Trump, em oposição a outros políticos de Washington "obcecados" com a exigência de uma desnuclearização norte-coreana unilateral.

"Constatei que o presidente Trump é diferente de seus antecessores em termos de senso político e de determinação", declarou Kim Kye-gwan, consultor do Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte.

"Desejo, portanto, colocar minha esperança nas escolhas sábias e nas decisões corajosas do presidente Trump", acrescentou.

Enquanto isso, Trump continua elogiando sua "amizade" com o líder norte-coreano, em quem diz "confiar". Ele se baseia em um vago compromisso em favor de uma "desnuclearização completa" adotado em Singapura, mas que nunca resultou em atos concretos.

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