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Coreia do Norte provoca o mundo novamente. Qual a solução?

País conduziu um novo teste balístico na última segunda-feira, esquentando ainda mais a crise que abala a península e a comunidade internacional

Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, celebra o sucesso de um teste balístico: novo míssil foi lançado nesta semana (KCNA/Reuters)

Gabriela Ruic

Publicado em 29 de agosto de 2017 às 11h28.

Última atualização em 29 de agosto de 2017 às 11h30.

São Paulo – A Coreia do Norte começou a semana com provocações: segunda-feira, às 18h06, horário de Brasília, o regime de Kim Jong-un realizou um novo teste balístico. O míssil, informaram os Estados Unidos, teria sobrevoado o espaço aéreo do Japão e caído no Mar do Japão. Apesar de não ter causado danos físicos, o projétil voltou a efervescer a crise na região.

A comunidade internacional prontamente condenou o ato norte-coreano. A Rússia, aliada histórica do regime, solicitou que Kim Jon-un mostre contenção e que cesse as provocações contra os EUA. Os EUA, Coreia do Sul e Japão pediram que o Conselho de Segurança da ONU se reunisse novamente. A Coreia do Norte já é alvo de um pacote de sanções estabelecido pelo grupo durante uma reunião em resposta a outro teste, esse conduzido no início de julho.

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Donald Trump , presidente dos EUA, foi mais contundente nas críticas e disse que “todas as opções estão na mesa” para lidar com as ameaças da Coreia do Norte. Mas essa não é a primeira vez que o país responde aos norte-coreanos com mensagens duras e que sinalizam que as forças armadas podem, sim, entrar no jogo.

Em agosto, após uma nova série de provocações do regime, especialmente direcionadas ao pacote de sanções econômicas da ONU e à ilha de Guam, território americano no Pacífico, Trump afirmou que “soluções militares” estariam a postos, caso a Coreia do Norte aja com imprudência.

Como resolver?

Para especialistas ouvidos por EXAME.com, a possibilidade de os EUA e seus aliados empreenderem uma ação militar para conter os avanços do programa nuclear da Coreia do Norte é vista com ceticismo. Embora muitos coloquem em xeque a real capacidade das forças armadas norte-coreanas, um conflito armado desestabilizará toda a região.

“Essa é uma decisão arriscada”, considera Peterson Silva, professor das Faculdades Integradas Rio Branco e pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos do Exército Brasileiro. “Pyongyang possui um dos maiores exércitos do mundo, além de um arsenal de mísseis e foguetes que não deve ser passar desapercebido”, lembra o especialista, “a ideia de um conflito assimétrico trará consequências graves para outros países como Coreia do Sul e China, por exemplo”.

Segundo Catherine Dill, pesquisadora do James Martin Center for Nonproliferation Studies, uma resposta militar não será eficaz para solucionar a tensão. Contudo, vê com preocupação a escalada na retórica do presidente americano e do regime norte-coreano. “Os riscos de um agravamento da crise são ainda maiores com as respostas descuidadas de Trump e as provocações de Kim Jong-un”, nota.

“É preciso responder rapidamente, mas moderadamente”, consideram Michael Mazzar e Michael Johnson, analistas de Defesa da RAND Corporation.  De acordo com eles, um caminho possível é o de combinar sanções econômicas e conversas diplomáticas, pressionando para que o Norte suspenda seu programa. “E isso deixando claro que os EUA estão abertos para negociações significativas”, pontuam.

Motivações da Coreia do Norte

Testes balísticos e nucleares realizados pelo programa nuclear do país não são uma novidade, muito pelo contrário: é um desafio antigo da comunidade internacional. O primeiro já realizado aconteceu em 1984, quando a Coreia do Norte era liderada por Kim Il-Sung, fundador do regime. Desde então, foram mais de cem balísticos e cinco nucleares.

Nos últimos anos, no entanto, Kim Jong-un acelerou essa estratégia. De acordo com JD Williams, pesquisador especializado em Defesa da RAND Corporation, o regime norte-coreano vê em suas armas nucleares e mísseis balísticos como um meio de sobrevivência e perpetuação no poder. “O programa também lhe confere vantagens para negociações e aumentam o seu prestígio ante a comunidade internacional”, explica.

-(Rodrigo Sanches/Site Exame)

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