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Coreia do Norte garante que "não ficará quieta como a Síria"

O diretor-geral de Organizações Internacionais da Coreia do Norte culpou os EUA pelo período de tensão

Coreia do Norte: "A situação atual foi provocada pelos EUA, que estão histéricos e enviaram 300 mil soldados para a Coreia do Sul e um arsenal nuclear suficiente para começar uma guerra", declarou o alto funcionário (Edgar Su/Reuters)

Coreia do Norte: "A situação atual foi provocada pelos EUA, que estão histéricos e enviaram 300 mil soldados para a Coreia do Sul e um arsenal nuclear suficiente para começar uma guerra", declarou o alto funcionário (Edgar Su/Reuters)

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EFE

Publicado em 17 de abril de 2017 às 16h59.

Pyongyang - A Coreia do Norte "não ficará quieta como a Síria", afirmou nesta segunda-feira em uma entrevista à Agência Efe Kim Chang-min, integrante do alto escalão do Ministério das Relações Exteriores do país, que também alertou que a atual tensão com os Estados Unidos é "extremamente perigosa".

O diretor-geral de Organizações Internacionais da Coreia do Norte, encarregado de lidar com órgãos como a ONU, culpou os EUA pelo período de tensão e reivindicou que, assim como outros países, o seu tenha o direito de fazer lançamentos de mísseis e realizar testes nucleares.

"Hoje, na península da Coreia, criou-se uma situação extremamente perigosa, na qual ninguém pode prever quando vai ficar fora de controle e derivará em uma guerra total", explicou Kim durante uma entrevista em Pyongyang em um momento de alta tensão na região.

O regime de Kim Jong-un responde assim ao que considera um claro desafio dos Estados Unidos a seu país, depois que Washington enviou o porta-aviões nuclear Carl Vinson à península da Coreia.

"A situação atual foi provocada pelos EUA, que estão histéricos e enviaram 300 mil soldados para a Coreia do Sul e um arsenal nuclear suficiente para começar uma guerra", declarou o alto funcionário através de um intérprete.

A entrevista coincidiu com a visita do vice-presidente americano, Mike Pence, à Coreia do Sul, onde fez um forte desafio ao regime comunista norte-coreano ao advertir que este não deve testar a determinação de Donald Trump.

Além disso, o número 2 da Casa Branca lembrou que Washington ordenou recentemente ataques na Síria e no Afeganistão.

Neste sentido, Kim garantiu que "seria um erro esperar que a Coreia do Norte responderá como a Síria, que não tomou nenhuma medida depois que foi atacada pelos EUA".

"Washington diz que todas as opções estão sobre a mesa. Não apenas eles, mas nós também temos nossas próprias opções", declarou o alto funcionário.

Pence iniciou no domingo um tour pela Ásia que o levará também a Japão, Indonésia e Austrália, e que terá como tema principal as provocações bélicas da Coreia do Norte.

"Os Estados Unidos dizem que querem proteger seus aliados asiáticos, mas isto não é verdade. O que eles escondem é que buscam fazer um ataque preventivo para derrubar o líder (Kim Jong-un) e acabar com nosso sistema".

Em relação ao último teste de mísseis realizados pela Coreia do Norte no domingo, que resultou em um fracasso e que as autoridades de Pyongyang não confirmaram, Kim disse, sem confirmar, que esses testes são parte do programa armamentista de seu país.

"A estratégia da República Popular Democrática da Coreia (nome oficial do país) é conseguir o desenvolvimento econômico e militar de maneira simultânea. Esses lançamentos e os testes nucleares são o processo normal para cumprir esses dois objetivos ao mesmo tempo", destacou.

O diplomata criticou duramente as sanções econômicas impostas pelo Conselho de Segurança da ONU à Coreia do Norte em resposta a seus últimos testes nucleares e lançamentos de mísseis, e as classificou como "ilegais".

"Nunca aceitaremos as sanções que nos impuseram. As rejeitamos taxativamente (...). Se os testes nucleares são uma ameaça para a segurança mundial, os EUA seriam os primeiros que deveriam ser punidos", disse o diplomata.

Ao ser lembrado que aliados históricos de seu país como Rússia e China apoiaram estas sanções que a comunidade internacional considera graves provocações, Kim disse que, "independentemente de quem as apoie, isto não as torna legais".

Além disso, o funcionário do isolado regime stalinista negou que existam condições para qualquer negociação com a comunidade internacional e para ativar o diálogo de seis partes para a desnuclearização da península coreana, do qual participavam EUA, Japão, Rússia, China e as duas Coreias.

"O que se pode conseguir com negociações? Tudo está marcado por padrões dúbios", lamentou.

Kim também defendeu seu país das continuas denúncias de abusos aos direitos humanos feitas por organizações internacionais e pela própria ONU, que publicou em 2014 um duro relatório sobre o regime de Pyongyang.

"Os Estados Unidos e outros países estão loucos. O que fazem se metendo e criticando a situação de direitos humanos em outros países? Lá (nos EUA), a polícia mata a tiros os cidadãos negros, e a CIA tem prisões por todo o mundo", comentou.

"Você, como jornalista, pode ver quando está neste país. Aqui, as pessoas têm uma vida digna, os norte-coreanos vivem como seres humanos independentes", disse.

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