Soldados sul-coreanos e norte-americanos participam de exercício militar: o país também ameaçou executar "um ataque nuclear preventivo" contra EUA e Coreia do Sul (Lee Jae-Won/Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de março de 2013 às 09h07.
Seul - A Coreia do Norte respondeu nesta sexta-feira às novas sanções da ONU com a ameaça de uma guerra nuclear, prometendo anular acordos de de paz e cortar a linha telefônica direta com a Coreia do Sul, em uma escalada verbal após as reações internacionais a seu recente teste nuclear.
As autoridades norte-coreanas são conhecidas pela retórica belicosa, mas o tom atingiu níveis sem precedentes nos últimos dias, o que provocou temores de um incidente na fronteira, enquanto as duas Coreias planejam importantes exercícios militares durante a próxima semana.
Também ameaçou executar "um ataque nuclear preventivo" contra Estados Unidos e Coreia do Sul. A declaração foi minimizada pelos analistas, que não a levaram a sério, mas revela uma tendência perigosa.
A Coreia do Norte "suprime todos os acordos de não agressão entre o Norte e o Sul", afirmou o Comitê para a Reunificação Pacífica da Coreia (CRPC) em um comunicado divulgado nesta sexta-feira.
O CRPC informou que os acordos deixarão de ter validade a partir de segunda-feira, o mesmo dia em que Pyongyang anunciou que romperá o acordo de armistício assinado em 1953, que acabou com a Guerra da Coreia.
"Também notifica a parte do Sul de que imediatamente cortará a linha direta Norte-Sul", afirma o comunicado do comitê divulgado pela estatal Agência Central Coreana de Notícias.
O telefone vermelho foi instalado em 1971 e o Norte já cortou a linha em cinco oportunidades, a última delas em 2010.
O anúncio de Pyongyang foi feito poucas horas depois da decisão do Conselho de Segurança da ONU de impor novas sanções ao Estado comunista, em resposta ao teste nuclear de 12 de fevereiro.
A resolução aprovada na quinta-feira pelos 15 membros do Conselho de Segurança aumentou as restrições sobre as atividades financeiras norte-coreanas, fundamentalmente algumas transações suspeitas.
A China pediu calma e moderação nesta sexta-feira, após os anúncios da Coreia do Norte sobre o acordo de armistício com o Sul e de ameaça de "guerra termonuclear".
"A China pede a todas as partes que atuem com calma e moderação e evitem qualquer ação suscetível de agravar a tensão", declarou a porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Hua Chunying.
A resolução 2049 do Conselho de Segurança, que estipula novas sanções contra a Coreia do Norte, é "equilibrada", nas palavras de Hua, que admitiu a preocupação da China com a a situação.
China, principal aliado da Coreia do Norte, não deseja a queda do regime comunista e defende a retomada das negociações sobre o programa nuclear norte-coreano entre as duas Coreias, Rússia, China, Japão e Estados Unidos.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, disse que as sanções são um "golpe duro" a Pyongyang.
Antes da reunião do Conselho de Segurança, a Coreia do Norte havia ameaçado com um "ataque nuclear preventivo" contra os Estados Unidos e todos os outros "agressores".
O governo dos Estados Unidos respondeu que é "totalmente capaz" de defender seu território e seus aliados, incluindo a Coreia do Sul, de qualquer ataque de míssil.
O comunicado do CRPC critica a resolução do Conselho de Segurança e afirma que é uma prova de que Washington e seus "fantoches" em Seul se dirigiam para um confronto.
"As relações Norte-Sul se afastaram tanto da linha de perigo que não podem ser mais reparadas e está predominando uma situação extremamente perigosa (...) na qual uma guerra nuclear pode explodir agora mesmo", afirma o texto.
Um exercício militar conjunto Estados Unidos-Coreia do Sul acontece atualmente e outro está programado para a próxima semana.
Analistas acreditam que a Coreia do Norte prepara manobras militares a nível nacional para a próxima semana com a participação de todas as suas forças militares.