Esta é a segunda vez que a Coreia do Norte dispara projéteis nas zonas de amortecimento desde sexta-feira passada (AFP/AFP)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de outubro de 2022 às 09h42.
A Coreia do Norte disparou novos projéteis de artilharia próximo às fronteiras marítimas com a Coreia do Sul na terça-feira, 18, um dia depois de o país vizinho iniciar exercícios militares anuais em parceria com os Estados Unidos. Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, 19, Pyongyang diz que testes são uma resposta às manobras sul-coreanas.
De acordo com o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul, ao menos 100 projéteis foram lançados na costa oeste e outros 150 no leste. Embora eles não tenham caído em águas territoriais do Sul os militares sul-coreanos disseram que os testes atingiram a parte norte das zonas de amortecimento marítimas que as duas Coreias estabeleceram sob um pacto militar de 2018 com o objetivo de reduzir as animosidades da linha de frente.
Esta é a segunda vez que a Coreia do Norte dispara projéteis nas zonas de amortecimento desde sexta-feira passada, quando havia lançado centenas de projéteis em sua violação direta mais significativa do acordo de 2018. Os militares da Coreia do Sul ressaltaram que a Coreia do Norte deve "interromper as provocações que prejudicam a paz e a estabilidade na Península Coreana" e acrescentaram que estão aumentando a prontidão militar e, em coordenação com os Estados Unidos, monitorando os movimentos do país vizinho’.
Horas depois dos disparos, um porta-voz do Estado-Maior do Exército Popular da Coreia do Norte divulgou um comunicado afirmando que os mesmos seriam uma resposta ao treinamento de artilharia sul-coreano que teriam ocorrido na terça-feira, também em uma área de fronteira.
A Coreia do Sul não confirmou de imediato a realização das manobras militares. "Os inimigos devem parar imediatamente com as provocações imprudentes e incitadoras que aumentam a tensão militar na área de vanguarda", disse o porta-voz militar norte-coreano. Ele também atacou os militares sul-coreanos por iniciarem um exercício de campo anual, chamando-o de "ensaio de invasão".
Já o Ministério da Defesa da Coreia do Sul alegou que o treinamento seria uma forma de "melhorar as capacidades operacionais para combater vários tipos de provocações norte-coreanas" e que um número não especificado de tropas dos Estados Unidos devem participar dos exercícios deste ano.
Na segunda-feira, o Sul iniciou os exercícios anuais de Hoguk, que durarão até 28 de outubro, e contam com a participação de unidades do Exército, da Força Aérea, da Marinha e do Corpo de Fuzileiros Navais, além de algumas tropas norte-americanas. Soma-se a isso as manobras aéreas que Seul e Washington planejam entre 31 de outubro e 4 de novembro.
Diante disso, nas últimas semanas, a Coreia do Norte realizou uma série de testes de armas no que chama de simulações de ataques nucleares contra alvos sul-coreanos e norte-americanos em resposta aos seus "perigosos exercícios militares" envolvendo um porta-aviões dos Estados Unidos.
Os país vê os exercícios militares regulares entre Washington e Seul como um ensaio de invasão. Desde que retomou as atividades de teste em 25 de setembro, a Coreia do Norte testou 15 mísseis. Um deles era um míssil balístico de alcance intermediário que sobrevoou o Japão e demonstrou um alcance capaz de atingir o território norte-americano do Pacífico de Guam.
Na sexta-feira passada, o exército norte-coreano lançou um míssil balístico - o nono projétil disparado em um período de 20 dias - e também realizou manobras aéreas e fogo de artilharia ao longo da fronteira em resposta a outros exercícios de tiro real em Seul. A tensão na região está atingindo níveis semelhantes aos de 2017, como resultado do aumento da frequência de lançamentos de projéteis pela Coreia do Norte, as respostas do Sul e a possibilidade de um novo teste atômico, que seria o primeiro em cinco anos.
Os recentes testes de artilharia do Norte tendem a atrair menos atenção externa que seus lançamentos de mísseis. No entanto, observa-se que os canhões de artilharia de longo alcance implantados na linha de frente também representam um sério risco à segurança da populosa região metropolitana da Coreia do Sul, que fica a cerca de 50 quilômetros da fronteira com a Coreia do Norte. Com as ofensivas da semana passada, o Sul ameaçou quebrar o pacto de cessação das hostilidades militares com o vizinho, caso o regime de Pyongyang realize um novo teste nuclear em meio à atual escalada bélica entre os países.
A Coreia do Norte, que está completamente isolada do exterior desde o início da pandemia e aprovou um plano de modernização de armas em 2021, recusou-se a retomar o diálogo com o Sul ou os Estados Unidos. Especialistas estrangeiros dizem que o líder norte-coreano, Kim Jong-un, pode querer usar seu arsenal de armas expandido para pressionar os Estados Unidos e outros a aceitarem seu país como um Estado nuclear legítimo e suspender as sanções econômicas ao Norte.
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