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COP16 tenta evitar fracasso em negociações de última hora

Ampliação do protocolo de Kyoto é o principal entrave nas negociações; Brasil é um dos reponsáveis por tentar criar acordo final

A COP16 deve ser encerrada nesta sexta-feira (Omar Torres/AFP)
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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2010 às 08h35.

Cancún - A presidente da conferência do clima da ONU de Cancún, a mexicana Patricia Espinosa, convocou na quinta-feira à noite os representantes dos 194 países presentes para reuniões de última hora que tentarão superar os impasses da negociação, que deve terminar nesta sexta-feira com um veto a uma ampliação do protocolo de Kioto.

"Um pacote de decisões amplo e balanceado está de fato ao alcance", disse Espinosa em uma reunião plenária, antes de pedir aos negociadores que demonstrem a seus povos que "o mundo conseguiu unir-se para combater a mudança climática, que é um dos grandes desafios do século".

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"O tempo está acabando e ainda temos muito trabalho a fazer. Todas as delegações devem permanecer envolvidas nas últimas horas críticas", advertiu Espinosa, ao insistir que pretende encerrar a conferência no horário previsto, às 18H00 locais desta sexta-feira (22H00 de Brasília).

O principal obstáculo para a conclusão das negociações é a prorrogação além de 2012 do Protocolo de Kioto, que Rússia e Japão rejeitam abertamente.

"O Protocolo de Kioto não é um meio justo nem efetivo para vencer os desafios do clima propostos pela conferência da ONU, porque não inclui os maiores emissores de gases que provocam o efeito estufa", disse o negociador japonês Akira Yamada.

O japonês pediu compromissos similares dos grandes emissores do planeta, que não assinaram o acordo: Estados Unidos, que nunca ratificou o protocolo, e China, que está fora do mesmo por ser um país emergente.

Os países em desenvolvimento, reunidos do Grupo 77, que conta com a China, consideram uma questão de princípio a extensão de Kioto.

"Definitivamente, um segundo período de Kioto terá que estar no resultado", afirmou o negociador brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo.

A presidência da Conferência pediu a Brasil e Grã-Bretanha que negociem uma solução para o problema de Kioto. A ONU tem esperanças em um bom resultado.

Os países ricos querem que os grandes emissores emergentes, como China, Brasil e Índia, oficializem os compromissos de controle de suas emissões. Pedem o mesmo dos Estados Unidos.


"A questão chave para que possamos alcançar um acordo é se Rússia e Japão mostrarão flexibilidade e se os países em desenvolvimento e os Estados Unidos aceitarão formalizar seus compromissos e levá-los a algum tipo de sistema internacional", declarou à AFP a diretora para o Clima do World Resources Institute, Jennifer Morgan.

Um dos grandes acordos esperados em Cancún é um fundo verde destinado a financiar a adaptação dos países e as medidas para enfrentar as mudanças climáticas, que deve alcançar 100 bilhões de dólares anuais.

Outro acordo diz respeito a um mecanismo de proteção das grandes florestas tropicais do planeta, cujo desmatamento provoca 20% das emissões de gases que provocam o efeito estufa no mundo.

As organizações não governamentais presentes na conferência fizeram um apelo para que não se repita o fracasso de Copenhague, a conferência de 2009 que terminou em frustração e, por falta de consenso entre os países, não conseguiu responder às grandes expectativas criadas.

"Cancún deve ser o ponto de inflexão que nos afaste da decepção de Copenhague", disse o diretor executivo da Oxfam, Jeremy Hobbs.

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