COP 11: Quem vai pagar pela proteção da biodiversidade
Conferência tem o desafio de definir de onde vão sair os recursos financeiros para ajudar os países pobres e em desenvolvimento a implementar planos de conservação em seus territórios
Vanessa Barbosa
Publicado em 10 de outubro de 2012 às 14h21.
São Paulo - A difícil tarefa de mobilizar recursos financeiros para proteger a biodiversidade do planeta é o tema central da 11ª reunião da Conferência das Partes (COP-11) da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), que começou nesta segunda-feira, na Índia . Representantes de 170 países se reúnem na cidade de Hyderabad até 19 de outubro para garantir que os recursos naturais mundiais e as espécies ainda existentes não se tornem vítimas da crise econômica.
O grande desafio do encontro é assegurar que os governos coloquem em prática as metas de preservação acordadas há dois anos, durante a COP10, em Nagoya, no Japão. Na ocasião, os líderes adotaram um Plano Estratégico ambicioso estabelecendo o caminho para travar a perda de biodiversidade até o final da década, que incluia o aumento das áreas de reservas naturais mundiais dos atuais 10% da superfície terrestre para mais de 17%, em 2020.
Para implementar planos de conservação em seus territórios, os países mais pobres e em desenvolvimento precisam de ajuda financeira internacional. Múltiplas fontes de recursos, tais como agências internacionais, orçamentos dos países e mecanismos financeiros inovadores deverão ser considerados na COP 11 para garantir um aumento gradual na disponibilidade de recursos. Mas com uma crise econômica mundial em curso, esse programa corre risco de não se concretizar tão cedo.
De acordo com o grupo ambientalista WWF, para cobrir a atual lacuna financeira na implementação das metas seria preciso aumentar anualmente em 20% os fluxos internacionais de recursos e em 10% os nacionais entre 2013 e 2020, com base na média anual entre 2006 e 2010.
Mas, mesmo com recursos mobilizados, a transformação só será de fato significativa se os países se esforçarem para implementar essas metas. E não é isso o que está acontecendo. Para se ter uma ideia, apenas 14 das 193 nações estebeleceram um marco legal, a partir dos tais acordos firmados em Nagoya, para proteger espécies e habitats ameaçados, segundo a WWF.
É preciso correr contra o tempo. Levantamento da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) mostra que quase a metade das espécies de anfíbios, um quarto dos mamíferos, um terço dos corais, um quinto de todas as plantas e 13% das aves do planeta correm risco de extinção.