Atentados em Paris: os investigadores acreditam que Atar é mais um na cadeia de coordenadores dos atentados (Remo Casilli/Reuters)
EFE
Publicado em 8 de novembro de 2016 às 11h19.
Última atualização em 10 de novembro de 2016 às 13h29.
Paris - O jihadista belga Oussama Ahmad Atar foi identificado pelos serviços antiterroristas da Bélgica como um suposto coordenador dos atentados de Paris e Bruxelas, informou nesta terça-feira o jornal francês "Le Monde".
A partir de seu refúgio na Síria, Atar, conhecido como "Abu Ahmad", de 32 anos, recrutou os dois iraquianos que detonaram seus cinturões de explosivos perto do Stade de France no dia 13 de novembro de 2015, de acordo com essa informação.
Além disso, Atar também teria sido informado pelos terroristas sobre seus planos de ação antes de se explodir no atentado em Bruxelas no dia 22 de março deste ano.
Atar é o único que até o momento deixou rastro de seu suposto envolvimento na organização dos atentados, sobretudo através de seu nome de guerra, "Abu Ahmad".
Graças ao testemunho de um terrorista que ele mesmo enviou à Europa para realizar atentados, os investigadores puderam saber que "Abu Ahmad" corresponde a Oussama Ahmad Atar, que já tinha sido mencionado em agosto na imprensa belga como possível "cérebro" dos atentados, conforme detalhou o "Le Monde".
No entanto, os investigadores acreditam que Atar é mais um na cadeia de coordenadores dos atentados e que provavelmente não era o principal "cérebro" das operações.
Com essa informação, os vínculos familiares do jihadismo europeu ficam de novo em evidência: dois primos de Atar, os irmãos Ibrahim e Khalid El Bakraoui, supostos coordenadores logísticos dos atentados em Paris, foram dois dos suicidas em Bruxelas, e seu irmão Yassine foi detido com uma chave do apartamento onde os jihadistas tinham se alojado.
Em 2005, Atar foi condenado a dez anos de prisão no Iraque por entrar de forma ilegal no país e ficou detido em várias prisões administradas pelo exército americano, entre elas a de Camp Bucca, onde supostamente teria convivido com boa parte do cerne da organização Estado Islâmico (EI).
Cinco anos mais tarde, uma campanha internacional com o apoio de deputados belgas reivindicou sua libertação por ele supostamente estar com câncer de rim, até o ponto em que o próprio governo belga pediu ao Iraque sua libertação, o que aconteceu em 2012.
Após retornar à Europa, Atar desapareceu rapidamente do radar dos serviços de inteligência para se infiltrar em território controlado pelo EI e, a partir da cidade de Al Raqqa, o principal reduto dos jihadistas na Síria, começou a dirigir os ataques em solo europeu, sempre segundo o "Le Monde".
Seu nome apareceu pela primeira vez nas investigações um mês depois dos atentados de Paris, quando o argelino Adel Haddadi e o paquistanês Mohammed Usman, foram detidos em um campo de refugiados na Áustria.
Na época, os dois contaram à polícia que foi um tal de "Abu Ahmad" quem os recrutou na Síria para participarem de uma missão na França junto com os dois iraquianos que se explodiram nos arredores do Stade de France.
Correção
Texto atualizado corrigindo informação sobre a campanha que reivindicou a libertação de Osama Ahmad Atar. Diferentemente do que foi informado anteriormente, a Anistia Internacional não integrou a campanha. A ONG, segundo nota encaminhada a EXAME.com, "mobilizou sua base de apoiadores para que ele recebesse cuidados médicos, quando havia motivos para acreditar que o governo iraquiano os estavam negando". Sendo assim, uma vez atendido o pedido, "a Anistia Internacional encerrou a campanha, não estando envolvida na decisão posterior de libertá-lo".