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Contagem regressiva em Israel para coalizão ou convocação de eleições

A sobrevivência de uma figura que domina a política israelense há anos está em jogo e seus aliados podem acabar votando pela dissolução do Parlamento

Benjamin Netanyahu: primeiro-ministro israelense tem apenas algumas horas para tomar decisão (Ariel Schalit/Reuters)

Benjamin Netanyahu: primeiro-ministro israelense tem apenas algumas horas para tomar decisão (Ariel Schalit/Reuters)

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AFP

Publicado em 29 de maio de 2019 às 07h47.

Última atualização em 29 de maio de 2019 às 10h11.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tem apenas mais algumas horas para formar uma coalizão de governo ou, se não for capaz, convocar novas eleições, poucas semanas após as últimas legislativas de abril.

O prazo termina às 21h00 GMT (18h00 de Brasília) desta quarta-feira (29), para que Netanyahu forme um governo com seus parceiros conservadores.

Mas as discussões estão paralisadas. Se fracassarem, o presidente Reuven Rivlin, que deu a Netanyahu mandato de formar o governo, após a vitória da direita nas legislativas de 9 de abril, poderia, teoricamente, encarregar outro deputado da tarefa.

Mas tudo parece indicar que Netanyahu, no poder há dez anos sem interrupção e 13 no total, impedirá tal medida.

A sobrevivência de uma figura que domina a política israelense há anos está em jogo e seus aliados podem acabar votando pela dissolução do Parlamento (Knesset) 50 dias após as eleições. Se for esse o caso, haverá eleições no final de agosto ou setembro.

Benjamin Netanyahu tenta reunir uma maioria de 65 assentos (de um total de 120 assentos).

As negociações estão bloqueadas pelo antagonismo entre o partido nacionalista laico Yisrael Beitenu e os ultraortodoxos sobre a isenção do serviço militar concedida a milhares de estudantes de escolas talmúdicas.

Em um país onde todos são obrigados a prestar serviço militar, esse tratamento diferencial é considerado por muitos como uma injustiça.

Sobre esta questão, Netanyahu enfrenta Avigdor Lieberman, líder do Yisrael Beitenu, uma personalidade política que liderou o gabinete do primeiro-ministro entre 1996 e 1997 e que foi seu ministro da Defesa em 2018.

Para participar do governo, Lieberman exige o fim da isenção concedida aos ultraortodoxos para o serviço militar.

Na segunda-feira ele afirmou no Facbeook que não tem "intenção de renunciar" aos princípios de seu partido.

O Likud, o partido de Netanyahu, o designou como inimigo político. "Pensava que tinha visto tudo na política, mas fiquei surpreso com a intensidade das pressões, com a paranoia e com as especulações às quais fui exposto", disse Lieberman.

Diante de sua intransigência, o Likud continua preparando o terreno para dissolver o Parlamento.

Na terça-feira, foi adotada em primeira leitura a lei de dissolução do Parlamento. Uma comissão validou o texto na parte da noite com vista a uma votação final em segunda e terceira leitura nesta quarta-feira.

O Likud também aprovou na terça à noite uma lista comum com o partido centrista Koulanou diante de possíveis novas eleições.

Mas muitos criticam o gasto de dinheiro e energia que envolveria novas eleições.

Um representante do Ministério das Finanças, citado pela imprensa, falou de um custo de pelo menos 475 milhões de shekels (117 milhões de euros) para dissolver a assembleia e convocar uma nova votação.

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