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"Contador de Auschwitz" solicita indulto para evitar prisão

Oskar Gröning, de 96 anos, foi condenado a quatro anos de detenção por cumplicidade no assassinato de 300.000 judeus

Oskar Gröning: a decisão do Tribunal Constitucional já rejeitou os argumentos da defesa sobre o estado de saúde do condenado (Tobias Schwarz/AFP)

Oskar Gröning: a decisão do Tribunal Constitucional já rejeitou os argumentos da defesa sobre o estado de saúde do condenado (Tobias Schwarz/AFP)

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EFE

Publicado em 15 de janeiro de 2018 às 16h03.

Berlim - Oskar Gröning, o ex-membro da SS (polícia de Estado de Adolf Hitler) conhecido como o "contador de Auschwitz" e condenado a quatro anos de detenção por cumplicidade no assassinato de 300.000 judeus, solicitou um indulto, em sua última tentativa para evitar a prisão.

Uma porta-voz da procuradoria estatal de Lüneburg, no norte da Alemanha, confirmou a informação nesta segunda-feira em declarações à emissora de televisão pública regional "NDR 1", menos de um mês depois de o Tribunal Constitucional (TC) ter ratificado em dezembro do ano passado a condenação de Gröning, de julho de 2015.

O pedido de indulto - que agora está sendo analisado pela procuradoria - deteve temporariamente o procedimento contra o condenado, de 96 anos, que deveria ingressar em breve na prisão.

A decisão do Tribunal Constitucional já rejeitou os argumentos da defesa sobre o estado de saúde do condenado e, seguindo o determinado por tribunais inferiores, assegurou que a sentença não põe em perigo a saúde ou a vida do nonagenário.

O TC salientou que os problemas de saúde do acusado podem ser tratados com as correspondentes medidas médicas e que, em caso de "mudanças negativas consideráveis no estado de saúde" do condenado durante sua permanência na prisão, é possível substituir temporariamente a pena de detenção pela liberdade condicional.

O processo contra Gröning, nascido em 1921, foi o expoente dos julgamentos tardios por crimes do nazismo, abertos após o precedente fixado pelo caso do ucraniano John Demjanjuk, condenado em 2011 a cinco anos de prisão por cumplicidade nas mortes do campo de extermínio de Sobibor, na Polônia ocupada.

Gröning admitiu no processo sua "cumplicidade moral" nas mortes do campo de extermínio de Auschwitz, onde realizou tarefas como a apreensão e administração do dinheiro e as posses de quem chegavam como deportado.

O processado expressou seu arrependimento e pediu perdão aos sobreviventes e familiares das vítimas da acusação, além de lamentar não ter agido em consequência perante crimes dos quais, segundo disse, foi perfeitamente consciente.

A condenação a quatro anos de prisão superou o pedido da procuradoria - que tinha solicitado três anos e meio -, enquanto a defesa pedia a absolvição do acusado.

Gröning entrou em 1941, então com 20 anos, nas Waffen-SS e dois anos depois começou a ajudar em Auschwitz, onde assumiu a incumbência de confiscar as posses dos deportados e de fazer as correspondentes transferências a Berlim.

A acusação se centrou no seu papel na chamada "Operação Hungria", de meados de 1944, quando chegaram a Auschwitz cerca de 450.000 judeus, dos quais 300.000 foram assassinados.

Gröning, que após a queda do nazismo passou por um campo de internamento britânico e depois voltou à vida civil como contador em uma fábrica de vidro, foi indiciado em 1977, mas absolvido em 1988.

Seu julgamento esteve marcado por frequentes interrupções por doenças do processado, o mesmo que tinha ocorrido com o de Demjanjuk, que morreu meses após escutar a sentença em um hospital geriátrico.

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