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Conservadores gregos esgotam mandato para formar governo

Conservadores esgotaram o mandato para formar um governo e agora é o momento em que o presidente do país deve encarregar o mesmo ao partido esquerdista Syriza


	Bandeira da Grécia
 (Yorgos Karahalis/Bloomberg)

Bandeira da Grécia (Yorgos Karahalis/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2015 às 14h56.

Atenas - Os conservadores gregos esgotaram neste domingo o mandato para formar um governo e agora é o momento em que o presidente do país deve encarregar o mesmo ao partido dividido esquerdista Syriza, embora as eleições antecipadas já sejam previstas para o final de setembro.

O presidente do conservador Nova Democracia, Vangelis Meimarakis, devolverá o mandato exploratório ao presidente da República, Prokopis Pavlopoulos, após três dias de contatos com o resto de formações políticas.

Como era esperado, de seus encontros com o líder do liberal To Potami e da presidente dos social-democratas do Pasok chegou-se a conclusão de que a configuração atual do parlamento não permite formar um novo governo.

Para conseguir formar um Executivo são necessários, pelo menos, 120 deputados, algo que só pode ser conseguido com o apoio do Syriza.

Meimarakis entrou em contato hoje com o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, para solicitar uma reunião no marco de seu mandato, mas o líder esquerdista afirmou que não há "margem para a convergência programática entre Syriza e Nova Democracia", indicaram fontes governamentais.

O mandato exploratório chegará agora, das mãos de Pavlopoulos, ao novo ator aparecido no cenário político heleno, Unidade Popular, o partido nascido da divisão do Syriza e liderado pelo ex-ministro da Energia Panayotis Lafazanis.

Com seus 25 deputados, esse partido se transformou na terceiro força política, à frente do neonazista Amanhecer Dourado, e portanto, lhe corresponde o terceiro e último turno, de acordo com o processo constitucional.

Está previsto também que Lafazanis não consiga formar governo, embora tenha mostrado sua intenção de utilizar os três dias que lhe correspondem.

Assim as eleições devem ocorrer em 20 de setembro ou em um caso extremo, se o processo se alongar inesperadamente, para a semana seguinte.

Embora a campanha eleitoral ainda não tenha começado, o ambiente é claramente pré-eleitoral, como demonstram as declarações das últimas horas.

"Agora estamos na batalha. Falamos a linguagem da verdade. Vamos apresentar o programa do governo de esquerda para os próximos quatro anos, o único programa que pode acabar com a crise mantendo a nossa gente de pé", disse Tsipras em reunião com membros de seu partido para preparar as listas e estratégias eleitorais.

O líder esquerdista pediu aos seus seguidores que não se preocupem com "os truques para atrasar as eleições", em alusão às táticas da oposição para tentar formar governo.

O deputado conservador Kyrgiakos Mitsotakis acusou o Syriza de deteriorar ainda mais a situação econômica e social do país e reprovou não ter uma "proposta realista" para os próximos pleito.

"Está claro que o Syriza fracassou como governo. Em nosso país se deteriorou tudo, cada indicador econômico ou social nos últimos sete meses", disse Mitsotakis em entrevista à agência de notícias grega "AMNA".

O enfrentamento também é claro entre Syriza e Unidade Popular.

Após uma reunião de Lafazanis com a presidente do parlamento, Zoe Konstandopulu, em que esta foi muito crítica com a atuação do governo por não ter-lhe comunicado, em seu papel institucional, a antecipação de eleições, fontes governamentais disseram que atua como uma "ditadora".

"A presidente do parlamento se comporta como uma ditadora. Se considera o centro institucional do governo e é simplesmente uma escolha equivocada", declararam estas fontes.

Konstandopulu votou contra a aprovação do terceiro resgate e foi muito dura com a gestão do Executivo de Tsipras, por isso que especula-se com que poderia se unir ao partido de Lafazanis.

De fato, a Unidade Popular publicou um comunicado em sua defesa.

"O povo de Maximu (o palácio de governo) obviamente confunde a ditadura do memorando imposta ao país -infelizmente sob sua própria responsabilidade recentemente- com o funcionamento democrático das instituições, por isso que é preciso defender a presidência da câmara", afirmou a nota. 

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