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Conheça os principais candidatos ao papado

O escolhido para papa precisará ter ao menos 77 votos, entre os 115 cardeais


	Cardeais participam de oração na Basílica de São Pedro, no Vaticano
 (Max Rossi/Reuters)

Cardeais participam de oração na Basílica de São Pedro, no Vaticano (Max Rossi/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 12 de março de 2013 às 20h45.

Os cardeais Angelo Scola, de Milão, e Odilo Scherer, de São Paulo, são os dois principais nomes citados como favoritos no conclave para eleger o próximo papa, que começa na terça-feira.

Não há candidatos formais no conclave, mas vários nomes são mencionados com frequência. Para ser eleito, é preciso reunir pelo menos 77 votos entre os 115 cardeais-eleitores.

Veja uma lista com os nomes citados mais frequentementes:

PRINCIPAIS CANDIDATOS - Angelo Scola (Itália, 71 anos) é o arcebispo de Milão, tradicional plataforma para o papado, e principal candidato italiano. Especialista em teologia moral, foi transferido de Veneza --outro bloco de lançamento papal-- para lá pelo papa Bento 16 em 2011, no que alguns viram como um sinal de aprovação.

Scola foi próximo por bastante tempo do grupo conservador católico italiano Comunhão e Libertação, que Bento 16 também apoiava, mas manteve distância nos últimos anos. É também familiarizado com o islamismo, na qualidade de chefe de uma fundação que promove o entendimento entre cristãos e muçulmanos. Tem uma oratória intelectualizada, o que pode afastar cardeais que busquem um comunicador mais carismático.

- Odilo Scherer (Brasil, 63 anos) é o principal candidato da América Latina, onde vivem 42 por cento dos católicos do mundo. Arcebispo de São Paulo, maior arquidiocese do país, ele é um conservador para os padrões brasileiros, mas seria visto como moderado em outros lugares. Suas raízes familiares alemães e o período trabalhando na cúria do Vaticano lhe dão ligações importantes com a Europa, o maior bloco de votação.

A imprensa italiana diz que ele goza de apoio entre os cardeais da cúria contrários a Scola. É conhecido pelo senso de humor e por usar o Twitter regularmente. O rápido crescimento das igrejas evangélicas no Brasil pode pesar contra ele.


- Marc Ouellet (Canadá, 68 anos) é o chefe da Congregação para os Bispos, uma espécie de departamento pessoal do Vaticano. Teólogo da mesma linhagem de Bento 16, declarou certa vez que virar papa "seria um pesadelo". Embora bem relacionado na cúria (a administração central da Igreja), e na América Latina, pode ser prejudicado pela dificuldade de seu período como arcebispo de Québec, onde suas visões conservadoreas causaram conflito com a sociedade local bastante secular.

- Sean O'Malley (EUA, 68 anos) é o candidato de "mãos limpas" se os cardeais decidirem que a maior prioridade da Igreja é resolver a crise decorrente dos abusos sexuais cometidos por clérigos. Nomeado em 2003 como arcebispo de Boston, após uma grande crise por lá devido a abusos sexuais, ele vendeu bens da arquidiocese para indenizar vítimas e fechou igrejas pouco frequentadas, apesar de protestos. Sua autoridade calma e sua humildade franciscana podem atenuar as preocupações sobre um "papa com superpoderes".

POSSÍVEIS ALTERNATIVAS - Timothy Dolan (EUA, 63 anos), arcebispo de Nova York e chefe da conferência episcopal dos EUA, deu à Igreja dos EUA uma influência inédita nos conclaves. Seu humor e dinamismo agradam a muitos no Vaticano, onde essas são qualidades em falta, e atraem cardeais que querem alguém que seja tão bom administrador quanto pregador. Mas há quem se oponha a ele por temer que faça uma limpeza rigorosa demais na cúria.

- Leonardo Sandri (Argentina, 69 anos) nasceu em Buenos Aires, mas é filho de italianos. Ocupou o terceiro cargo mais graduado do Vaticano entre 2000 e 2007, como chefe da seção de Assuntos Gerais da Secretaria de Estado do Vaticano. Com sua experiência, costuma ser visto como um candidato ideal ao cargo de secretário de Estado, principal posição abaixo do papa, mas não como pontífice propriamente dito. Não tem experiência pastoral, e seu atual cargo na cúria (prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais) não é uma posição de poder na hierarquia católica.

- Luis Tagle (Filipinas, 55 anos) tem um carisma comparável ao do falecido papa João Paulo 2º. O hoje arcebispo de Manila se aproximou do papa emérito Bento 16 quando ambos trabalharam juntos numa comissão teológica do Vaticano. É um estrela em ascensão da Igreja na Ásia, mas só virou cardeal em novembro passado. Os participantes do conclave podem relutar em eleger um candidato jovem demais, que tenha um pontificado excessivamente longo.


- Peter Erdo (Hungria, 60 anos) aparece como uma possibilidade se a maioria europeia do conclave não eleger um italiano, mas relutar em aceitar um papa de fora do continente. Dois mandatos como presidente da conferência episcopal europeia e uma forte relação com prelados africanos indicam que ele tem bons contatos. Ele também é um pioneiro na iniciativa de "Nova Evangelização" para reavivar a fé católica na Europa.

- Christoph Schoenborn (Áustria, 68 anos) foi aluno de Joseph Ratzinger (Bento 16) e se tornou arcebispo de Viena após um escândalo de abuso sexual. Pregador poliglota, critica a forma como o Vaticano lida com a crise, e apoia reformas cautelosas, inclusive para demonstrar mais respeito a católicos homossexuais. Isso, junto com uma forte resistência ao seu nome por parte de padres austríacos, pode afetar suas chances junto aos conservadores.

TAMBÉM CITADOS - Peter Turkson (Gana, 64 anos) é o principal candidato africano. Chefe do Departamento de Justiça e Paz do Vaticano, é o porta-voz da consciência social na Igreja e apoia uma reforma financeira mundial. Mas numa recente assembleia do Vaticano ele apresentou um vídeo com ataques à religião islâmica, o que gerou dúvidas sobre suas habilidades diplomáticas. Críticos dizem que ele faz uma campanha muito ostensiva.

- João Bráz de Aviz (Brasil, 65 anos) levou ar fresco ao assumir o departamento do Vaticano para Congregações Religiosas, em 2011. Vê com simpatia a Teologia da Libertação na América Latina por sua ajuda aos pobres, mas não por seu ativismo de esquerda. O ex-arcebispo de Brasília é discreto, o que pode ajuda ou atrapalhar suas chances, dependendo do andamento do conclave.

- Gianfranco Ravasi (Itália, 70 anos) é o ministro da Cultura do Vaticano e representa a Igreja nos âmbitos da arte, da ciência, da cultura e até junto aos ateus. Escritor e pregador brilhante, propenso a citar de Aristóteles a Amy Winehouse, parece ter um perfil em descompasso com o de pregador-gestor que os cardeais dizem procurar para substituir o influente teólogo Bento 16.

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