Mundo

Congresso da Espanha rejeita reeleição de Mariano Rajoy

Após dois dias de debates parlamentares nos quais defendeu sua candidatura, Rajoy recebeu 170 votos a favor e 180 contra


	Mariano Rajoy: como esperado, ele conseguiu o apoio dos 137 parlamentares da legenda que preside
 (Andrea Comas/Reuters)

Mariano Rajoy: como esperado, ele conseguiu o apoio dos 137 parlamentares da legenda que preside (Andrea Comas/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2016 às 17h06.

Madri - O presidente interino do Governo da Espanha, Mariano Rajoy, teve rejeitada nesta quarta-feira pelo Congresso, em primeira votação, sua intenção de ser reeleito para o cargo, e voltará a tentar na sexta-feira prolongar sua permanência no poder, mas com poucas perspectivas de sucesso.

Após dois dias de debates parlamentares nos quais defendeu sua candidatura, Rajoy recebeu 170 votos a favor e 180 contra.

Como esperado, ele conseguiu o apoio dos 137 parlamentares da legenda que preside, o Partido Popular (PP), além dos 32 do Ciudadanos e um de uma deputada moderada das ilhas Canárias.

Votaram contra Rajoy os 85 deputados do socialista PSOE, os 71 da coalizão de esquerda Unidos Podemos e 24 de vários partidos nacionalistas que completam o Congresso.

A posição manifestada pelos diferentes porta-vozes nos debates torna possível prever que Rajoy voltará a ser derrotado na segunda votação, em que basta a maioria simples.

Hoje, Rajoy pediu ao líder do PSOE, Pedro Sánchez, para que promova a abstenção de uma parte de seus deputados, o que permitiria a formação de um novo governo.

"Deixem-nos os senhores pelo menos governar. Não bloqueie e não nos leve a uma terceira convocação eleitoral", disse Rajoy a Sánchez, que previamente ratificou seu "não" ao líder do PP.

Rajoy referiu-se assim aos pleitos de dezembro de 2015 e 26 de junho deste ano, que não resultaram em um parlamento com maioria definida para a formação de um governo. Manter essa situação agora pode levar os espanhóis a terem que ir às urnas novamente no final do ano.

O presidente interino alegou que a Espanha precisa de um governo com todas as suas competências e que não se pode "realizar eleição após eleição" até que haja um resultado "que agrade ao senhor Sánchez".

O líder socialista, cuja candidatura ao governo foi derrotada em um debate de posse em março, justificou hoje sua rejeição a um hipotético governo de Mariano Rajoy por causa da gestão deste de 2011 a 2015, baseada - segundo ele - na corrupção e no aumento da desigualdade.

"Não podemos apoiar aquilo ao que enfrentamos", disse Sánchez, que acusou Rajoy de ser o líder de "um partido acusado" de corrupção - em alusão ao fato de o PP ser julgado em um caso no qual dirigentes da legenda são réus.

Rajoy não quis responder a esta acusação por considerar que "não traz nada" para este debate, mas argumentou que adotou medidas contra a corrupção.

O Ciudadanos negociou um acordo de cerca de 100 tópicos que foi precedido pela assinatura de um pacto contra a corrupção que obrigará à criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a contabilidade do PP.

Os partidos nacionalistas bascos e catalães PNV e PDC, que ideologicamente são mais próximos ao PP por também serem de centro-direita, rejeitam Rajoy por alegarem que ele se opõe à cessão de competências às regiões autônomas e pratica o centralismo.

Se Rajoy voltar a ser rejeitado na sexta-feira, será aberta uma etapa de incerteza, na qual o rei Felipe VI poderá voltar a convocar os líderes políticos do país para saber se há margem para propor outro candidato ao governo que seja eleito antes de 31 de outubro.

Se nesta data não for eleito um novo chefe do governo, serão convocadas novas eleições legislativas no período do Natal. 

Texto atualizado às 17h06

Acompanhe tudo sobre:EleiçõesEspanhaEuropaPartidos políticosPiigs

Mais de Mundo

Violência após eleição presidencial deixa mais de 20 mortos em Moçambique

38 pessoas morreram em queda de avião no Azerbaijão, diz autoridade do Cazaquistão

Desi Bouterse, ex-ditador do Suriname e foragido da justiça, morre aos 79 anos

Petro anuncia aumento de 9,54% no salário mínimo na Colômbia