Manifestante na Tailândia: um policial e um manifestante morreram baleados, enquanto as outras duas vítimas não tiveram as causas de suas mortes esclarecidas (Athit Perawongmetha/Reuters)
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2014 às 10h37.
Bangcoc - Pelo menos quatro pessoas morreram nesta terça-feira e outras 60 ficaram feridas, incluindos vários policiais e dois jornalistas estrangeiros, em um intenso confronto entre as forças de segurança e os manifestantes antigovernamentais em Bangcoc.
O incidente, no qual muitos disparos e explosões foram ouvidos, começou no momento em que a polícia tentou desmontar um dos acampamentos manifestantes e deteve um de seus líderes, Somkiat Pongpaibul, que foi libertado algumas horas depois.
Um policial e um manifestante de 52 anos morreram baleados, enquanto as outras duas vítimas - ambas civis - não tiveram as causas de suas mortes esclarecidas. Além disso, segundo o serviço de emergência Erawan, vários agentes, manifestantes e dois jornalistas estrangeiros ficaram feridos.
Um correspondente da Agência Efe ficou levemente ferido após a explosão de um artefato lançado por um desconhecido contra os manifestantes.
As autoridades tailandesas assinalaram que os policiais foram atacados com um lança-granada militar M79, uma ação que é negada pelos manifestantes.
Os confrontos violentos começaram por volta das 11h locais (1h de Brasília), quando um grupo de manifestantes antigovernamentais entrou em confronto com as forças de segurança, que, por sua vez, recorriam ao uso da força para abrir passagem e conseguir chegar ao acampamento dos manifestantes.
A polícia tailandesa iniciou nesta terça-feira uma grande operação contra vários acampamentos manifestantes, instalados desde o último dia 13 de dezembro em várias avenidas e edifícios governamentais de Bangcoc.
Aproximadamente 100 manifestantes que ocupavam o Ministério de Energia da Tailândia, entre eles dois líderes antigovernamentais, foram detidos por violar o estado de emergência e exercer resistência às autoridades, informou o Conselho de Segurança Nacional.
Após a operação, as autoridades publicaram imagens de armas de fogo, bombas caseiras e bombas de gás lacrimogêneo que supostamente foram encontradas nos acampamentos invadidos.
Esta é a primeira detenção em massa praticada pelas autoridades tailandesas desde o início dos protestos que pedem a saída da primeira-ministra interina, Yingluck Shinawatra, uma ação que já resultou na morte de 12 pessoas e deixou mais de 600 feridas.
O ministro Charlem Yoobamrung, a cargo das operações de segurança, ordenou a retirada dos agentes após receber uma ordem da chefe de Governo para evitar mais derramamento de sangue.
Os manifestantes antigovernamentais reiteraram que defenderão a todo custo os acampamentos que mantêm em vários pontos da capital, incluindo um complexo governamental, o Ministério do Interior e o entorno da sede do Executivo.
Os manifestantes antigovernamentais exigem a criação de um conselho capaz de articular uma reforma do sistema político, considerado corrupto e a serviço dos interesses do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, irmão de Yingluck.
Por outra parte, a primeira-ministra tailandesa enfrenta outro tipo de problema devido às supostas irregularidades do programa de subvenções do arroz, além do boicote da oposição e dos manifestantes nas eleições do último dia 2 de fevereiro.
A Comissão Anticorrupção apresentou acusações contra Yingluck por suposta negligência no programa de arroz, criticado por seus opositores pelos altos custos aos cofres públicos, e alegações de corrupção.
As autoridades também tentar firmar um dia para que os eleitores, que não puderam exercer seu direito ao voto devido ao boicote dos manifestantes antigovernamentais, participem do pleito. No entanto, os protestos iniciados ainda em outubro de 2013 desestabilizam qualquer tentativa neste aspecto.
A Tailândia vive uma grave crise desde o golpe militar que resultou na queda de Thaksin, em setembro de 2006.
Desde então, os opositores e partidários do ex-primeiro-ministro, que vive no exterior, recorrem às mobilizações populares para derrubar o governo.