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Conflitos tribais deixam 41 mortos no leste do Quênia

De acordo com a Cruz Vermelha, 45 casas foram incendiadas e o número de vítimas fatais pode aumentar

Cruz Vermelha do Quênia carrega ferido em conflito tribal: "Alguns dos mortos são crianças e mulheres. Foi um ataque brutal", declarou um policial à rádio local "Capital FM" (REUTERS)

Cruz Vermelha do Quênia carrega ferido em conflito tribal: "Alguns dos mortos são crianças e mulheres. Foi um ataque brutal", declarou um policial à rádio local "Capital FM" (REUTERS)

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Da Redação

Publicado em 21 de dezembro de 2012 às 17h32.

Nairóbi - Pelo menos 41 pessoas morreram e outras 35 ficaram gravemente feridas nesta sexta-feira durante novos enfrentamentos no sudeste do Quênia entre as tribos Pokomo e Orma, que disputam os recursos naturais da zona, informou a Cruz Vermelha do Quênia.

Os conflitos ocorreram no começo da manhã, quando invasores Pokomo atacaram as casas dos Orma no povoado de Kipao, situado na região do delta do rio Tana, no que parece ter sido uma vingança, de acordo com a Polícia e os moradores da cidade.

Em seu site, a Cruz Vermelha precisou que, por enquanto, foram confirmadas as mortes de 41 pessoas e acrescentou que atende as vítimas no terreno e planeja a evacuação aérea dos feridos com os quadros mais delicados.

Os feridos foram levados ao hospital da cidade litorânea de Malindi.

De acordo com a Cruz Vermelha, 45 casas foram incendiadas e o número de vítimas fatais pode aumentar, uma vez que as primeiras informações falam de várias pessoas gravemente feridas dos dois lados.

"Recebemos informações de batidas em Kipao e há vítimas dos dois lados. Os Pokomo atacaram os Orma, que pareciam saber do ataque iminente, e isso deu origem aos enfrentamentos", disse o chefe da Polícia da Província Litorânea, Aggrey Adoli.

Os corpos, uns com marcas de tiros e outros apunhalados, estavam espalhados entre os arbustos e casas quando a polícia chegou no local do massacre.

Segundo a polícia, algumas vítimas morreram por conta da perda de sangue já que não receberam atendimento médico a tempo.

"Alguns dos mortos são crianças e mulheres. Foi um ataque brutal", declarou um policial à rádio local "Capital FM".


Outra fonte policial afirmou ao mesmo meio de imprensa que "houve tensão nos últimos dias por conta de uma ordem para que as comunidades entreguem as armas. Alguns tinham a impressão de que o governo estava apoiando um lado", disse.

De fato, nos últimos meses, a rivalidade entre as duas tribos aumentou depois que ambas acusaram o governo de não desarmar o grupo rival.

Os ataques aconteceram no mesmo dia em que uma comissão judicial deu início a um relatório sobre enfrentamentos similares em meses anteriores na mesma zona, após ouvir relatos de 95 testemunhas e suspeitos.

O oficial da polícia Anthony Kamitu, citado pela "The Standard", disse que, por enquanto, ninguém foi detido com relação a esses últimos ataques.

As fotos publicadas nesta sexta-feira pela Cruz Vermelha do Quênia em sua página no Facebook mostraram várias vítimas de todas as idades e com todos os tipos de ferimentos.

Trata-se da última leva de distúrbios na zona, que entre agosto e setembro viu mais de 100 pessoas morrerem - incluindo agentes de policiais - em ataques e contra-ataques entre membros das tribos Pokomo e Orma.

Além disso, centenas de cabeças de gado foram sacrificadas nesses surtos de violência, que inclusive obrigaram o presidente do Quênia, Mwai Kibaki, a declarar toque de recolher e desdobrar um amplo contingente de policias e militares na região.

Segundo dados da Cruz Vermelha, os ataques provocaram também, entre agosto e setembro, o deslocamento de cerca de 12 mil pessoas.

Ambos os grupos étnicos competem pela pasto da região do delta do rio Tana, uma zona de clima seco e que sofre recorrentes secas.

Os Pokomo, uma comunidade de agricultores e pescadores, e os Orma, em sua maioria pastores semi-nômades, estão há anos brigando pela acesso aos gramados, a terra e a água, uma disputa agravada nos últimos tempos pela circulação de armas. 

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