O comandante das Farc Marcos Calarca, em entrevista coletiva no Palácio das Convenções de Havana: ainda serão negociados os temas de drogas, abandono das armas e indenização das vítimas (Yamil Lage/AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de novembro de 2013 às 06h15.
Bogotá - Em maio, o governo de Juan Manuel Santos e os rebeldes haviam obtido um consenso sobre o primeiro ponto da agenda, o tema agrário, causa da disputa que levou à criação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em 1964.
Principais pontos dos acordos alcançados sobre os dois primeiros temas da agenda:
Participação política:
- Criar "circunscrições transitórias especiais de paz" para promover a participação política das regiões isoladas e mais afetadas pelo conflito, que terão uma representação especial na Câmara de Representantes do Congresso.
- Desenvolver um sistema integral que proteja e garanta a vida e a liberdade de opinião dos políticos, com enfoque especial no respeito ao novo movimento que surgir com a desmobilização das Farc.
- Introduzir mudanças institucionais que facilitem a constituição de partidos políticos e dar apoio especial a novos movimentos formados após a assinatura da paz.
- Aprovar um "estatuto da oposição" que garanta o exercício da oposição política, com as recomendações de cidadãos e especialistas.
- Instalar uma missão de especialistas que faça uma "revisão integral" do sistema eleitoral colombiano e proponha ajustes.
- Promover uma maior participação cidadã na política, dando garantias à população mais vulnerável e assegurando transparência nos processos eleitorais.
- Garantir o direito à mobilização e ao protesto cidadão.
- Fortalecer os meios comunitários e o acesso da oposição política aos meios de comunicação tradicionais.
Desenvolvimento agrário:
- Implementar uma "reforma rural integral", que com grandes investimentos do Estado reverta os efeitos negativos do conflito armado sobre o campo.
- Dar assistência técnica, subsídios, créditos e opções de formalização trabalhista para os camponeses.
- Promover o desenvolvimento social do campo através de programas de saúde, educação, habitação e erradicação da pobreza.
- Estimular a produção agropecuária e a economia solidária e cooperativa.
- Restituir as terras às vítimas de invasão e deslocamento forçado.
- Criar um fundo que distribua terras entre os camponeses.
- Garantir a segurança alimentar através da produção local.
Temas pendentes
Ainda serão negociados os temas de drogas, abandono das armas e indenização das vítimas, além do mecanismo de referendo do eventual acordo para acabar com o conflito.