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Confiabilidade de economia chinesa preocupa analistas

Resultado oficial das estatísticas mensais de comércio é muito diferente das previsões dos especialistas


	Funcionários da Hon Hai: China é um dos principais motores da economia mundial e poder superar o PIB dos Estados Unidos em breve
 (Thomas Lee/Bloomberg)

Funcionários da Hon Hai: China é um dos principais motores da economia mundial e poder superar o PIB dos Estados Unidos em breve (Thomas Lee/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2013 às 17h06.

A China é um dos principais motores da economia mundial e poder superar o PIB dos Estados Unidos em breve, mas a confiabilidade de suas estatísticas oficiais continua gerando muitas dúvidas entre analistas e especialistas.

As dúvidas voltaram a surgir nos últimos meses em torno dos dados do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e, no começo do ano, também foram postas em dúvida as estatísticas mensais de comércio, muito diferentes das previsões dos especialistas.

Há duas semanas, as grandes diferenças entre o índice de atividade industrial (PMI) elaborado pelo governo e o de uma empresa privada voltaram a gerar incertezas.

"Se houvesse motivos para suspeitar das estatísticas oficiais chinesas seria uma catástrofe", confirma o economista Stephen Green, da Standard Chartered em um relatório recente.

Mais grave ainda, o atual primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, colocou em dúvida os dados oficiais quando era governador da província de Liaoning em 2007, segundo um telegrama diplomático vazado pelo WikiLeaks há três anos.

Li teria dito então ao embaixador norte-americano que os dados provinciais eram "feitos a mão" e que não eram confiáveis porque só consideravam o consumo de eletricidade, o transporte de mercadorias e o valor dos empréstimos.

"Todas as demais cifras, sobretudo, a do PIB, só servem de 'referência'", teria dito Li Keqiang com um sorriso, segundo o telegrama.

A China se transformou oficialmente em 2010 na segunda economia mundial, ao superar o Japão e, segundo os analistas, não tardará em se transformar na primeira economia do planeta à frente dos Estados Unidos.

Contudo, quando esse dia chegar, continuará havendo dúvidas sobre a confiabilidade dos dados, afirma Michael Pettis, professor de finanças da Peking University.


"Ninguém se surpreendeu [com os comentários de Li]. As autoridades do governo chinês me disseram isso muitíssimas vezes. A China tem muitos problemas e um deles é que os números têm carga política", afirma.

A China calcula seus dados econômicos mensais e anuais muito mais rápido que um país como a França, por exemplo, uma economia muito menor e cujas cifras têm a reputação de ser muito confiáveis, explica Pettis.

"Por isso, todo o mundo se pergunta como conseguem calculá-los mais rápido que os franceses. Esta questão deixa em aberto muitas questões", lembra o professor.

Segundo Toshiya Tsugami, um ex-diplomata japonês que se transformou em assessor econômico, as dúvidas sobre a confiabilidade são consequência de um sistema político em que as carreiras dos funcionários regionais dependem em grande parte de seus resultados econômicos.

"Na avaliação dos funcionários, a economia local, cujo principal indicador é o PIB, e até que ponto os líderes locais souberam desenvolvê-la, tem um grande peso" explica Tsugami.

"Como consequência, os líderes locais competem sem trégua para conseguir o PIB mais alto possível e serem promovidos", acrescenta.

Segundo Pettis, se o PIB de todas as províncias for somado, o resultado é muito superior ao total do país, "o que, é claro, é impossível".


"Acredito que todo o mundo está de acordo que o Escritório Nacional de Estatísticas está fazendo um bom trabalho, apesar das circunstâncias muito adversas", afirma.

O relatório do economista Stephen Green para Standard Chartered avalia o crescimento na China em 2011 e 2012 em 7,2% e 5,5% respectivamente, uma cifra muito menor que os dados oficiais de 9,3% e 7,8%.

Ainda assim, Green reconhece que sua avaliação é aproximada porque "somos obrigados a usar dados oficiais para pôr em dúvida os dados oficiais".

Por sua vez, Christopher Balding, professor da HSBC Business School da Peking University também põe em dúvida os dados da inflação. "Se corrigirmos os dados dos preços das casas, teríamos que somar 1% aos dados da inflação anual do país", afirma.

Contudo, outros economistas são otimistas e confiam que as autoridades, conscientes do problema, colocarão em prática um sistema que permita conhecer com exatidão o estado da economia.

"Se os dados não são confiáveis, as novas políticas econômicas e as decisões serão incorretas" sentencia Wang Qinwei, economista do Capital Economics em Londres.

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