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Conferência em Paris vai acompanhar Líbia na direção da democracia

Reunião liderada por França e Reino Unido terá a participação da ONU, do Brasil e dos outros Brics

O presidente do Conselho Nacional de Transição Líbio, Mustafa Abdul Jalil, vai pedir verbas na reunião (Giorgio Cosulich/Getty Images)

O presidente do Conselho Nacional de Transição Líbio, Mustafa Abdul Jalil, vai pedir verbas na reunião (Giorgio Cosulich/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2011 às 14h12.

Paris - Na quinta-feira são esperadas 60 delegações para a Conferência dos Amigos da Líbia em Paris, que tem como objetivo conduzir à democracia as autoridades de transição, que controlam quase todo o território líbio.

Esta conferência, uma iniciativa da França, será copresidida pelo presidente Nicolas Sarkozy e pelo primeiro-ministro britânico David Cameron, os primeiros aliados dos insurgentes líbios.

"Decidimos em pleno acordo com David Cameron convocar uma grande conferência internacional para ajudar a Líbia livre de amanhã, para mostrar que entregamos e preparamos o futuro", declarou Sarkozy durante o encontro com o número dois da revolta líbia Mahmud Jibril na quinta-feira passada.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, confirmou sua participação e deve discutir com o chefe do Conselho Nacional de Transição (CNT) Mustafa Abdul Jalil uma proposta de ajuda para organizar uma força policial e recolher as armas de pequeno calibre espalhadas pelo país durante os seis meses de conflitos.

Brasil, Rússia, Índia e China, integrantes do chamado grupo Brics, que se mostraram reticentes em relação a uma intervenção da Otan no país, confirmaram presença.

Para Alain Juppé, chefe da diplomacia francesa, o CNT deve "divulgar o caminho político que seguirá e listar as demandas do país" para estabelecer um Estado de direito, após 42 anos de ditadura do coronel Kadafi, "42 anos de coma", segundo a expressão de um imã de Trípoli.

Jibril e Abdul Jalil foram convidados para a conferência. Suas demandas devem se concentrar nos setores da educação, saúde e segurança.

Para pagar os salários dos funcionários e reerguer o Exército e a Polícia, Mahmud Jibril pediu o desbloqueio dos bens da Líbia, congelados pela ONU entre fevereiro e março. Esse apelo foi reiterado no fim de semana pela Liga Árabe.


Até o momento, 1,5 bilhão de dólares líbios congelados nos bancos americanos foram desbloqueados pelo Comitê de sanções da ONU. Outras iniciativas do Reino Unido e da França estão sendo discutidas.

Segundo fontes diplomáticas, a China se opõe ao pedido britânico e francês de liberar 5 bilhões de euros congelados.

Os rebeldes estimam que essa quantia é necessária para uma ajuda de urgência.

A França espera uma grande participação na Conferência dos Amigos da Líbia, para além do Grupo de Contato (em torno de 30 países e organizações internacionais) criado em março para coordenar a resposta internacional à crise líbia.

O primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, anunciou sua participação assim como a chanceler alemã, Angela Merkel. O Canadá já faz parte do Grupo de Contato.

A Alemanha se absteve durante a votação da resolução 1973 que autorizava o uso da força para proteger os civis líbios e se recusou a participar das operações da OTAN. A página foi virada. "Nós estamos lado a lado para ajudar os líbios a construírem a Líbia do futuro", declarou Alain Juppé na segunda-feira em Berlim.

A maior parte dos participantes deve ser representada por seus ministros das Relações Exteriores. Os Estados Unidos enviarão a secretária de Estado Hillary Clinton.

O Qatar e os Emirados Árabes Unidos, únicos países árabes que participaram das operações da coalizão, serão representados, "assim como todos os países árabes que desejarem participar da reconstrução da Líbia", afirmou o ministro francês das Relações Exteriores.

"Os países vizinhos da Líbia, em particular o Egito, terão um papel maior no processo de construção da nova Líbia", disse o porta-voz do Quai d'Orsay Bernard Valero.

A União Africana, dividida, não reconheceu o CNT. "A União Africana decidiu não dar um passo a diante, é uma pena! Queremos acreditar que isso não vai demorar para acontecer", comentou um diplomata francês.

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