Conferência do clima começa sem esperança de acordo
A crise econômica que atinge a Europa e a falta de uma lei nacional de mudanças climáticas nos Estados Unidos são um grave entrave para as negociações
Da Redação
Publicado em 30 de novembro de 2010 às 13h36.
Cancún, México - Ninguém espera que saia de Cancún, durante a Conferência do Clima da ONU (a COP-16), um tratado global com as metas obrigatórias para os países cortarem suas emissões dos gases que provocam o aquecimento global.
A crise econômica que atinge a Europa e a falta de uma lei nacional de mudanças climáticas nos Estados Unidos são um grave entrave para as negociações. “As condições internacionais não se tornaram mais favoráveis a um acordo. Nada leva a crer que nós temos condições de concretizar o que não foi possível em Copenhague”, disse o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado.
Apesar de ser praticamente impossível firmar em Cancún um acordo válido juridicamente para limitar o aumento da temperatura a 2°C - considerado pelos cientistas como um patamar relativamente seguro -, há avanços que podem ocorrer no México a partir de hoje, quando tem início a reunião que sucede o fracasso da COP-15, em Copenhague.
E, por isso, ambientalistas cobram seriedade nos trabalhos - eles temem que os representantes das 194 nações encarem o evento no balneário como um “passeio na praia”.
Uma definição que precisa ocorrer o quanto antes é se o Protocolo de Kyoto vai continuar. O primeiro período de compromisso do tratado se encerra em 2012 e não há nada para substituí-lo. Os países em desenvolvimento, como o Brasil, querem que as nações ricas se comprometam em participar de um segundo período de Kyoto.
Porém, as nações ricas não querem manter um tratado que não tem a participação dos EUA, os maiores responsáveis históricos pelas emissões. “Este é um tema espinhoso”, afirmou o embaixador. Ele avalia que sem Kyoto haveria perda de tempo para refazer as regras.
Um dos pontos cruciais nessa briga é que Kyoto não obriga os países em desenvolvimento a terem metas obrigatórias. Mas, com as emissões crescentes dos países emergentes, como China e Índia os países ricos argumentam que o desafio só será vencido se todos se engajarem - ou seja, se todos tiverem metas.
O detalhamento de como funcionará o financiamento também precisa ser feito com urgência - os países desenvolvidos precisam repassar recursos para os demais conseguirem reduzir as emissões e se adaptar às mudanças inevitáveis provocadas pelo aumento da temperatura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.