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Como vivem hoje as meninas libertadas das garras do grupo Boko Haram

Em 2014, terroristas sequestraram 276 meninas em uma escola na Nigéria. Suas histórias são agora contadas em documentário que estreia nesta segunda na HBO

“Stolen Daughters: Kidnapped by Boko Haram” (Filhas Roubadas: Sequestradas pelo Boko  Haram, em tradução para o português) estreia nesta segunda-feira na HBO Brasil (HBO Brasil/Divulgação)

“Stolen Daughters: Kidnapped by Boko Haram” (Filhas Roubadas: Sequestradas pelo Boko Haram, em tradução para o português) estreia nesta segunda-feira na HBO Brasil (HBO Brasil/Divulgação)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 29 de outubro de 2018 às 11h48.

Última atualização em 29 de outubro de 2018 às 11h59.

São Paulo – Era 14 de abril de 2014 quando centenas de militantes do grupo nigeriano Boko Haram atacaram uma escola secundária para meninas no vilarejo de Chibok, que fica nos arredores de Maiduguri, capital de Borno, o estado mais impactado por ações desses terroristas na Nigéria. Chegaram fortemente armados, em ônibus, vans, caminhonetes e na escuridão da noite. Resultado? 276 estudantes foram sequestradas naquela segunda-feira.

Quatro anos depois, cerca de 103 meninas foram libertadas após extensas negociações. Estão livres, é verdade, mas suas vidas mudaram para sempre e suas histórias agora são contadas em um documentário que estreia nesta segunda-feira, 29, e às 22 horas na HBO Brasil.

“Stolen Daughters: Kidnapped by Boko Haram” (Filhas Roubadas: Sequestradas pelo Boko Haram, em tradução para o português) foi produzido pelas jornalistas britânicas Sasha Achilli e Karen Edwards. Por telefone, elas concederam uma entrevista para veículos de imprensa da América Latina, da qual EXAME participou com exclusividade representando o Brasil.

A saga das meninas ganhou uma projeção internacional sem precedentes, algo que as produtoras atribuem ao envolvimento da comunidade de Chibok, que imediatamente após o incidente foi às ruas cobrar explicações das autoridades. Nas redes sociais, a hashtag #BringBackOurGirls (#TragamNossasMeninasdeVolta) virou uma campanha global que contou com a participação da então primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama.

A obra de Sasha e Karen tem como objetivo mostrar como é a vida dessas meninas nos dias de hoje, meses depois do fim do sequestro. Mostra, ainda, como está o processo de readaptação à sociedade depois dos anos em cativeiro.

As gravações aconteceram com a permissão do governo, que deu acesso às jovens sob a condição de que as entrevistas não tocassem no que passaram durante o rapto. Uma das razões por trás desse controle oficial, contaram as produtoras, é a vergonha que o governo da Nigéria sente pelo que aconteceu.

“Éramos monitoradas de perto”, contou Sasha. “Como não podíamos tocar nesse assunto, nos esforçamos para conduzir o documentário de modo que o espectador preencha as lacunas, mas queríamos focar em suas histórias, não no Boko Haram”.

As Garotas Esquecidas

O documentário vai além das histórias das meninas de Chibok, como o grupo ficou internacionalmente conhecido, e mostra, ainda, nas mulheres e meninas que foram sequestradas pelo mesmo grupo, mas em situações distintas.

A maioria delas fugiu por conta própria, algumas grávidas de seus algozes. Além do trauma vivido em razão do rapto e da violência, ainda precisam lidar com a discriminação nas comunidades em que vivem. Muitos desconfiam das circunstâncias de seus sequestros e temem que elas sejam militantes disfarçadas, prestes a conduzir ataques terroristas.

Apelidado de “garotas esquecidas”, esse grupo não conheceu os holofotes da mídia, tampouco recebeu a mesma atenção das autoridades. Enquanto as meninas de Chibok conseguiram até bolsas de estudos financiadas pelo governo, essas jovens vivem na pobreza, deixadas de lado pelo governo, pela família e pela comunidade.

Em “Stolen Daughters”, contudo, fica uma tentativa de cravar as suas experiências na história da luta complexa da Nigéria contra esse que é um dos grupos terroristas mais violentos em atividade.

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