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Com ausência de Chávez, bonecos do presidente se espalham

Réplicas não são as únicas propagandas do governo venezuelano para atenuar a ausência de um presidente que tinha acostumado os venezuelanos com sua onipresença

Desde que foi operado de câncer há um ano, Chávez reduziu drasticamente suas aparições televisivas (Juan Barreto/AFP)

Desde que foi operado de câncer há um ano, Chávez reduziu drasticamente suas aparições televisivas (Juan Barreto/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de junho de 2012 às 20h41.

Caracas - A quatro meses para as eleições na Venezuela, o movimento chavismo explora a imagem do presidente Hugo Chávez com cartazes, anúncios e até bonecos infláveis gigantescos diante das poucas aparições midiáticas do líder, operado de um câncer há um ano.

Como uma versão do Cristo Redentor, um Chávez inflável de cinco metros, sorridente, com o braço erguido e camisa vermelha cumprimenta os venezuelanos. No telhado de um supermercado governamental em Caracas, a réplica do presidente faz parte de um conjunto de bonecos trazidos da China e distribuídos recentemente pelo Parlamento a alguns governistas.

''É um orgulho para nós tê-lo aí. Um líder mundial representado assim em um boneco de ar, diz muito porque ele é um touro'', disse à Agência Efe Edgar Levis, do grupo Camilo Cienfuegos, responsável por posicionar os bonecos.

Mas, as réplicas não são as únicas propagandas do governo venezuelano para atenuar a ausência de um presidente que tinha acostumado os venezuelanos com sua onipresença.

Desde que foi operado de câncer há um ano, Chávez reduziu drasticamente suas aparições televisivas. Em 2008, o presidente apareceu 186 vezes em cadeia nacional e falou por quase 173 horas ao país, enquanto neste ano somaram pouco mais de 70 horas e com apenas três emissões de seu célebre Alô Presidente, segundo números da ONG Súmate.

Com a proximidade das eleições de 7 de outubro, nas últimas semanas, cartazes gigantes com fotografias de Chávez se multiplicaram pelas ruas de Caracas enquanto nos jornais o presidente venezuelano aparece em anúncios e na televisão em vídeos gravados pelo líder.


''Há uma grande estratégia do aparelho do governo para tornar Chávez presente'', disse Alberto Barreira, jornalista e co-autor do livro ''Hugo Chávez sem uniforme'', biografia do governante. O jornalista ainda falou que os ministros encarregados de liderar a maioria dos atos televisados repetem que estão ''em nome do presidente'' e usam um hino nacional gravado por Chávez para discursar aos seus seguidores.

Para a diretora de comunicação e propaganda da campanha de Chávez, a ministra de Juventude, Maripili Hernández, um dos principais objetivos da publicidade governamental é refletir uma mensagem entre o povo e o presidente.

Integrante de todas as equipes de campanha, desde que o ex-militar chegou ao poder em 1999, Hernández disse o aumento da publicidade não se deu por causa do câncer do presidente e que sua equipe prefere focar no trabalho de rua.

Para ele, reproduzir a imagem de Chávez é fundamental. ''Primeiro porque é o candidato, mas, além disso, é o grande líder da Venezuela e é impossível falar de política, de eleições, sem mencionar Chávez'', destacou.

Nos orçamentos do Estado, há cerca de US$ 14 milhões para a promoção presidencial em 2012. Contudo, para o deputado opositor Carlos Berrizbeitia o número não se ajusta à realidade porque não inclui a publicidade feita por outros órgãos estatais.

Além disso, o governo injetou na última terça-feira quase US$ 280 milhões ao Ministério de Comunicação; uma quantidade que em contexto eleitoral será destinado na sua maioria à publicidade, segundo o opositor.

Para o professor de Ciências Políticas Friedrich Welsch, da Universidade Simón Bolívar (USB-pública), a propaganda foi uma característica inerente ao governo de Chávez.

''A adoração foi fomentada desde o primeiro momento, mas evoluiu para um culto à personalidade. Chávez já é um ser meio mítico'', concluiu. 

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