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Com aquecimento global, geleiras de Spitzberg avançam

As geleiras costeiras da ilha norueguesa de Spitzberg, no Ártico, aceleram seu movimento natural para os fiordes

A geleira de Kronebreen, em Spitzberg, Noruega (Dominique Faget/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 24 de setembro de 2015 às 23h04.

Ny-Alesund  - Sob efeito do aquecimento global , as geleiras costeiras da ilha norueguesa de Spitzberg, no Ártico, aceleram seu movimento natural para os fiordes, como ocorre com a de Kronebreen, que avança vários metros por dia.

No verão do hemisfério norte, a baía de Ny-Ålesund ficou repleta de blocos de gelo que flutuavam após se separarem da frente azul da geleira banhada pelas águas do Ártico. Ao redor pode-se observar montanhas peladas, tundra e outras geleiras.

"As geleiras costeiras geram os icebergs, produzindo uma transferência de gelo da terra para os fiordes", explica à AFP Heidi Sevestre, doutora em glaciologia da Universidade Svalbard de Longyearbyen, porto de entrada de Spitzberg.

Com os efeitos do aquecimento global, extremamente perceptíveis no Ártico e especialmente em Spitzberg, a progressão das geleiras se acelera e "perdem cada vez mais gelo por ano", segundo a especialista.

A Kronebreen, uma das geleiras monitoradas por um projeto de pesquisa coletiva (Crios), não foge à regra.

Este "monstro" (30 km de comprimento, 3 a 400 metros de espessura e 4 km de largura) avança "até 5 metros por dia no verão", explica Heidi Sevestre. "É um dos mais rápidos do arquipélago de Svalbard".

Em Ny-Ålesund, uma cidade mineira que transformou-se em uma estação de pesquisa científica, a temperatura do ar está entre 5 e 10 °C. Neste momento, as geleiras derretem e a água se infiltra, causando o fenômeno de aceleração ao lubrificar o deslizamento do gelo sobre a rocha.

No entanto, o progresso é acompanhado por um declínio dramático da frente Kronebreen. "A frente da geleira é muito sensível tanto à temperatura do ar quanto da água", que estão em forte aumento, explica a cientista.

"A frente do Kronebreen retrocedeu um quilômetro em três anos, é incrível", disse a pesquisadora. Em 30 anos, o gelo gigante perdeu 7% da sua superfície.

Por isso, os mapas marinhos dos fiordes, mesmo aqueles com apenas alguns anos, tornam-se logo desatualizados.

Impacto sobre o nível do mar

Este movimento de redução está ocorrendo em todos as geleiras, tanto em Svalbard (1.600 catalogados) como em outras partes do mundo, com exceção dos poucos lugares onde as chuvas de neve são muito fortes.

"O gelo acumulado durante muito tempo nos continentes está derretendo rapidamente", explica Florian Tolle, glaciólogo que trabalha no vale de Ny-Ålesund há 10 anos. Nesse ritmo, "significa que ocorrerão variações do nível do mar mais rápido do que na última época glacial", garante o pesquisador.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) prevê um aumento de entre 26 e 82 cm no nível do mar para o período de 1986-2005 e no final do século (devido tanto à fundição do gelo e da expansão da água superaquecido).

No entanto, "nós não sabemos avaliar corretamente o volume de gelo perdido a cada ano nas grandes geleiras costeiras", diz Heidi Sevestre.

Para avançar a compreensão do fenômeno, atualmente as fotos de satélite são tem sido de grande ajuda, mas nada substitui o trabalho em situ.

"É preciso ter os dois pés sobre o gelo", diz Heidi Sevestre. Em 2013, ela fez parte de uma equipe que foi a Kronebreen de helicóptero. "Nós acampamos em uma ilha sem fissuras", relata a francesa, "para perfurar um buraco vertical de 300 metros de altura que chegou até a rocha, permitindo a instalação de instrumentos de medição".

Durante um ano e meio foram coletados valiosos dados que agora estão sendo analisados.

Posteriormente, o dispositivo não pôde resistir o avanço avassalador da geleira, revelou a pesquisadora. "Tivemos que abandonar o material".

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No verão do hemisfério norte, a baía de Ny-Ålesund ficou repleta de blocos de gelo que flutuavam após se separarem da frente azul da geleira banhada pelas águas do Ártico. Ao redor pode-se observar montanhas peladas, tundra e outras geleiras.

"As geleiras costeiras geram os icebergs, produzindo uma transferência de gelo da terra para os fiordes", explica à AFP Heidi Sevestre, doutora em glaciologia da Universidade Svalbard de Longyearbyen, porto de entrada de Spitzberg.

Com os efeitos do aquecimento global, extremamente perceptíveis no Ártico e especialmente em Spitzberg, a progressão das geleiras se acelera e "perdem cada vez mais gelo por ano", segundo a especialista.

A Kronebreen, uma das geleiras monitoradas por um projeto de pesquisa coletiva (Crios), não foge à regra.

Este "monstro" (30 km de comprimento, 3 a 400 metros de espessura e 4 km de largura) avança "até 5 metros por dia no verão", explica Heidi Sevestre. "É um dos mais rápidos do arquipélago de Svalbard".

Em Ny-Ålesund, uma cidade mineira que transformou-se em uma estação de pesquisa científica, a temperatura do ar está entre 5 e 10 °C. Neste momento, as geleiras derretem e a água se infiltra, causando o fenômeno de aceleração ao lubrificar o deslizamento do gelo sobre a rocha.

No entanto, o progresso é acompanhado por um declínio dramático da frente Kronebreen. "A frente da geleira é muito sensível tanto à temperatura do ar quanto da água", que estão em forte aumento, explica a cientista.

"A frente do Kronebreen retrocedeu um quilômetro em três anos, é incrível", disse a pesquisadora. Em 30 anos, o gelo gigante perdeu 7% da sua superfície.

Por isso, os mapas marinhos dos fiordes, mesmo aqueles com apenas alguns anos, tornam-se logo desatualizados.

Impacto sobre o nível do mar

Este movimento de redução está ocorrendo em todos as geleiras, tanto em Svalbard (1.600 catalogados) como em outras partes do mundo, com exceção dos poucos lugares onde as chuvas de neve são muito fortes.

"O gelo acumulado durante muito tempo nos continentes está derretendo rapidamente", explica Florian Tolle, glaciólogo que trabalha no vale de Ny-Ålesund há 10 anos. Nesse ritmo, "significa que ocorrerão variações do nível do mar mais rápido do que na última época glacial", garante o pesquisador.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) prevê um aumento de entre 26 e 82 cm no nível do mar para o período de 1986-2005 e no final do século (devido tanto à fundição do gelo e da expansão da água superaquecido).

No entanto, "nós não sabemos avaliar corretamente o volume de gelo perdido a cada ano nas grandes geleiras costeiras", diz Heidi Sevestre.

Para avançar a compreensão do fenômeno, atualmente as fotos de satélite são tem sido de grande ajuda, mas nada substitui o trabalho em situ.

"É preciso ter os dois pés sobre o gelo", diz Heidi Sevestre. Em 2013, ela fez parte de uma equipe que foi a Kronebreen de helicóptero. "Nós acampamos em uma ilha sem fissuras", relata a francesa, "para perfurar um buraco vertical de 300 metros de altura que chegou até a rocha, permitindo a instalação de instrumentos de medição".

Durante um ano e meio foram coletados valiosos dados que agora estão sendo analisados.

Posteriormente, o dispositivo não pôde resistir o avanço avassalador da geleira, revelou a pesquisadora. "Tivemos que abandonar o material".

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