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Com ameaça de ataque do Irã, Exército de Israel afirma estar 'no mais elevado nível de prontidão'

Ofensiva em resposta ao assassinato de líder político do Hamas pode acontecer 'ainda esta semana', segundo os EUA, que ainda tentam convencer Teerã a mudar de ideia

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel (Jacquelyn Martin/Getty Images)

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Agência o Globo
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Publicado em 12 de agosto de 2024 às 20h59.

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As autoridades militares de Israel afirmam que o país está em “alerta elevado” para o risco de um ataque vindo do Irã, em resposta ao assassinato do líder político do grupo terrorista Hamas, Ismail Haniyeh, na capital iraniana em julho. A Casa Branca afirma que a ação poderia acontecer “ainda esta semana”, no momento em que governos de todo o mundo tentam ao menos reduzir a resposta iraniana, apontada como “inevitável” por Teerã.

Durante entrevista coletiva, o porta-voz das Forças Armadas, Daniel Hagari, afirmou que “está rastreando os inimigos e acontecimentos ao redor do Oriente Médio, em especial ligados ao Irã e ao Hezbollah”, se referindo à milícia libanesa aliada de Teerã. Ele confirmou que as patrulhas aéreas sobre o Líbano foram intensificadas “para detectar e interceptar ameaças” — na semana passada, caças israelenses sobrevoaram a capital libanesa, Beirute, a baixa altitude e por vezes quebrando a barreira do som.

— Nós levamos as declarações de nossos inimigos a sério, e já estamos preparados no mais elevado nível de prontidão para defesa e ataque — afirmou, apontando que não há, neste momento, mudanças nas orientações à população. — Vamos alertar [o público] o mais cedo possível, mas sem dar aos nossos inimigos uma vantagem de inteligência ou operacional.

Antes da coletiva, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Herzi Halevi, aprovou um plano de ações ofensivas e defensivas, que já está sendo implementado em suas primeiras etapas, e que prevê planos de batalha “em várias frentes”.

— Estamos nos dias de vigilância e prontidão. As ameaças de Teerã e Beirute podem se materializar e é importante explicar a todos que prontidão, preparação e vigilância não são sinônimos de medo e pânico — disse o ministro da Defesa, Yoav Gallant, em uma reunião da Comssão de Relações Exteriores e Defesa do Knesset, o Parlamento israelense. — Nos últimos dias, temos dedicado nosso tempo tanto para fortalecer as defesas quanto para criar opções ofensivas em resposta, e também como uma iniciativa, se necessário, em qualquer lugar e em qualquer região, com o objetivo principal sendo a proteção dos cidadãos do Estado de Israel.

Desde o atentado que matou Haniyeh em Teerã, horas depois da posse do novo presidente, o reformista Masoud Pezeshkian, a ameaça de uma resposta iraniana a Israel paira no ar não como uma possibilidade, mas como uma certeza. Em abril, depois de um bombardeio contra o consulado iraniano em Damasco, também atribuído aos israelenses, o Irã lançou centenas de drones e mísseis contra Israel, em sua maioria interceptados pelos sistemas locais e por aliados como EUA, França e Reino Unido.

Com o assassinato, visto como um fracasso de inteligência e segurança dos iranianos, Teerã sabe que precisa dar uma resposta, até para não passar uma imagem de fraqueza para seus aliados regionais e até para os rivais. Contudo, a forma como isso acontecerá ainda é um mistério.

No fim de semana, Gallant conversou com o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, e disse ter informações sobre preparativos para um ataque de grande porte vindo do Irã. Segundo o Wall Street Journal, a inteligência americana reuniu informações sobre movimentações de equipamentos militares dentro do Irã, mas apontou que isso não necessariamente significa um ataque iminente. Desde a semana passada, o Pentágono determinou que mais um porta-aviões, o USS Abraham Lincoln, que transporta a bordo caças F-35, e um submarino nuclear, o USS Georgia, fossem para o Oriente Médio. A Casa Branca, ao lado de aliados europeus, também tem reiterado seu compromisso com a defesa de Israel.

— Nossa avaliação é similar à apresentada pelos israelenses no final de semana, em termos do que estamos esperando ver — disse John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, apontando que “algo pode acontecer ainda esta semana vindo do Irã ou seus aliados”. Além da defesa de Israel, Washington teme que milícias aliadas a Teerã no Iraque e Síria ataquem suas forças nestes países, como os que ocorreram na semana passada e que deixaram vários militares feridos.

Na frente diplomática, países aliados e rivais têm pressionado o Irã para calibrar sua resposta e evitar uma catastrófica guerra regional. Nesta segunda-feira, os líderes de EUA, Reino Unido, França, Alemanha e Itália emitiram um comunicado no qual apelam a Teerã que “recue em suas ameaças contínuas de um ataque militar contra Israel e discuta as sérias consequências para a segurança regional caso tal ataque ocorra”.

O texto, que não menciona o atentado contra Haniyeh, também defende um acordo de cessar-fogo em Gaza, um argumento usado por diplomatas para tentar dissuadir as lideranças iranianas. Até agora, sem sucesso, ao menos em público.

“Embora enfatize a resolução de problemas através do diálogo, o Irã nunca se submeterá à pressão, às sanções, ao assédio e à agressão e, em linha com as normas internacionais, se reserva o direito de responder aos agressores” afirmou Pezeshkian, em comunicado emitido pela agência Irna, após conversa com o chanceler alemão Olaf Scholz, nesta segunda-feira.

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