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"Coletes amarelos" voltam às ruas da França para desafiar o governo

Será a primeira mobilização de 2019, apesar das concessões do Executivo, que se prepara para debater as reivindicações do movimento em meados de janeiro

Coletes amarelos: na última manifestação, em 29 de dezembro, havia 12 mil manifestantes em todo o país (Gonzalo Fuentes/Reuters)

Coletes amarelos: na última manifestação, em 29 de dezembro, havia 12 mil manifestantes em todo o país (Gonzalo Fuentes/Reuters)

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AFP

Publicado em 5 de janeiro de 2019 às 10h34.

Os "coletes amarelos" realizam neste sábado (5) seu oitavo dia de manifestações para dar um novo impulso ao movimento e desafiar o governo da França, que denuncia uma tentativa de "insurreição" e exige um retorno à ordem.

Será a primeira mobilização de 2019, apesar das concessões do Executivo, que se prepara para debater as reivindicações do movimento em meados de janeiro.

Em Paris estão previstos dois eventos principais: uma marcha e uma concentração nos Champs-Elysées.

Nas primeiras horas desta manhã, cerca de 15 veículos das forças de segurança estavam estacionados na avenida, perto do Arco do Triunfo, mas havia poucos manifestantes, constatou a AFP.

Foi perto da famosa avenida parisiense onde Eric Drouet, figura controversa do movimento, foi preso na quarta-feira à noite. Ele permaneceu detido por algumas horas, o que gerou indignação entre a oposição e os "coletes amarelos", que denunciaram uma prisão "política" e prometeram "não se render".

Alguns manifestantes pediram a abertura de uma investigação por "violação da liberdade".

Este "ato VIII" da mobilização será um teste para o movimento de protesto, que desafia há um mês e meio o Executivo, apesar de ter perdido fôlego nas últimas semanas.

Na última manifestação, em 29 de dezembro, havia 12 mil manifestantes em todo o país, segundo o Ministério do Interior.

Em 22 de dezembro foram contabilizados 38.600 e em 17 de novembro 282.000.

O movimento teve início contra o aumento dos preços dos combustíveis, antes de se tornar mais amplo com reivindicações ontra a política social e fiscal do governo.

Enfraquecido por estes protestos sem precedentes, o chefe de Estado, Emmanuel Macron, anunciou em 10 de dezembro uma série de medidas, como o aumento de 100 euros no salário mínimo e prometeu, em um discurso em 31 de dezembro, um retorno à "ordem Republicana".

Mas as vozes críticas estão longe de se calarem. "A raiva vai se transformar em ódio se você continuar no seu pedestal, você e aqueles que como você consideram o povo como mendigos, desdentados", declarou o coletivo dos "coletes amarelos" chamado "França em cólera" em carta aberta ao presidente e divulgada na quinta à noite.

Diante dessa determinação, o governo endureceu o tom. "[O movimento], para aqueles que continuam mobilizados, tornou-se um ato de agitadores que querem a insurreição e, no fundo, derrubar o governo", declarou na sexta-feira o porta-voz do governo, Benjamin Griveaux.

O ministro do Interior, Christophe Castaner, instou os prefeitos a continuar evacuando, usando a força, se necessário, os "cem pontos de bloqueios" que ainda existem nas estradas francesas.

Para tentar evitar as forças de segurança, alguns "coletes amarelos" parecem optar por uma nova estratégia baseada na discrição.

Assim, "França e, cólera" sugeriu aos seus partidários que deixassem os coletes fluorescentes no sábado para "aparecerem nas ruas (...) como meros cidadãos que são".

Desde o início do movimento, mais de 1.500 pessoas ficaram feridas, 53 delas gravemente, entre os manifestantes, e quase 1.100 entre as forças de segurança. Além disso, dez pessoas morreram, principalmente em acidentes nos bloqueios de estradas.

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