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Cinzas voltam a cancelar voos na Europa

Londres - Uma enorme nuvem de cinzas de um vulcão islandês se espalhou ainda mais sobre a Europa nesta sexta-feira, causando um caos aéreo que não era visto desde os atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA. Cerca de 17 mil voos devem ser cancelados nesta sexta devido aos riscos para a segurança […]

Viajante faz ligação no aeroporto de Varsóvia depois que voos foram cancelados. (./Thinkstock)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Londres - Uma enorme nuvem de cinzas de um vulcão islandês se espalhou ainda mais sobre a Europa nesta sexta-feira, causando um caos aéreo que não era visto desde os atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA.

Cerca de 17 mil voos devem ser cancelados nesta sexta devido aos riscos para a segurança aérea, segundo autoridades da aviação. Aeroportos da Grã-Bretanha, França, Alemanha e outros países ficarão fechados pelo menos até sábado. Os transtornos já haviam sido graves na quinta-feira.

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"Eu acho que a Europa está provavelmente experimentando a maior perturbação às viagens aéreas desde o 11 de Setembro", disse um porta-voz da Autoridade de Aviação Civil britânica. "Em termos de fechamento de espaço aéreo, é pior do que o 11 de Setembro. A perturbação é pior do que qualquer coisa que já vimos."

Depois dos atentados de 2001 em Washington e Nova York, o espaço aéreo dos EUA passou três dias fechados, levando as empresas aéreas europeias a suspenderem todos os seus voos para o país.

Vulcanólogos dizem que, se a erupção na Islândia continuar, as cinzas podem causar problemas ao tráfego aéreo por até seis meses. Mesmo que o problema seja transitório, o impacto financeiro às empresas aéreas pode ser significativo.

Na sexta-feira, as ações da Lufthansa, British Airways, Air Berlin, Air France-KLM, Iberia e Ryanair registravam quedas entre 0,8 e 2,2 por cento.

O analista Douglas McNeill disse que empresas como British Airways e Lufthansa têm prejuízos em torno de 16 milhões de dólares por dia devido aos cancelamentos de voos.


Precedente perigoso
A erupção no vulcão que fica sob a geleira Eyjafjallajokull, na Islândia, começou na quarta-feira, levantando uma coluna de cinzas com até 11 quilômetros de altura. Foi a segunda erupção na região em menos de um mês.

As autoridades dizem que o vulcão subterrâneo continua expelindo magma. Segundo elas, mesmo que a erupção ceda nos próximos dias, o vulcão pode continuar jogando cinza nos céus europeus.

As cinzas vulcânicas contêm pequenas partículas de vidro e pedras pulverizadas, capazes de danificar motores e fuselagens.

Em 1982, um jumbo da British Airways caiu na Indonésia depois de passar numa nuvem de cinza e perder a potência das turbinas. O incidente levou o setor a rever os procedimentos quando há cinzas vulcânicas na atmosfera.

Dos 28 mil voos diários habituais no espaço aéreo europeu, apenas 11 mil devem operar na sexta-feira, e só cerca de um terço dos voos programados para chegarem da América efetivamente pousarão, segundo a Eurocontrol (agência continental de controle da aviação).

O Departamento Meteorológico Britânico mostrou que a nuvem de cinza está se deslocando para o sul e para o oeste, sobre a Europa. A Eurocontrol anunciou que os problemas de tráfego aéreo continuarão por pelo menos mais 24 horas, e um especialista da Organização Meteorológica Mundial afirmou que seria impossível dizer quando os voos serão retomados.


Espaço aéreo fechado
O órgão britânico de controle aeronáutico disse que o espaço aéreo inglês ficará fechado até 0h de sábado (21h em Brasília), mas que certos voos oriundos de aeroportos da Irlanda do Norte e Escócia poderão decolar já a partir das 18h de sexta-feira (15h em Brasília).

"Quando os especialistas nos liberarem, vamos fazer a operação andar outra vez", disse Paul Haskins, diretor de segurança do Serviço Nacional do Tráfego Aéreo, à rádio BBC.

Heathrow (Londres), o aeroporto mais movimentado da Europa, com cerca de 180 mil passageiros por dia, está sem decolagens. Em Frankfurt, segundo principal aeroporto europeu, funcionários disseram que os voos seriam suspensos.

Cerca de 2.000 pessoas pernoitaram no aeroporto de Schiphol, nos arredores de Amsterdã, segundo uma porta-voz. Não há previsão de reabertura do espaço aéreo holandês.

A Eurocontrol disse que o espaço aéreo está interditado também na Bélgica, Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia, Estônia, norte da República Checa, norte da França (inclusive Paris) e em alguns aeroportos do norte da Alemanha, da Áustria e da Polônia.

As autoridades polonesas disseram que o problema pode obrigar ao adiamento do funeral do presidente Lech Kaczynski e da sua esposa, Maria, que morreram no sábado em um acidente aéreo na Rússia. O sepultamento está marcado para domingo.

Na Ásia e no Oriente Médio, várias empresas aéreas também tiveram de cancelar ou adiar voos para a Europa.

Com a nuvem sendo soprada para o sul, as autoridades da República da Irlanda disseram que a maior parte do espaço aéreo local já foi liberada.

Os transtornos aéreos acabaram sendo uma dádiva para as companhias ferroviárias. Todos os 58 trens Eurostar entre Grã-Bretanha e a Europa continental operam lotados, levando cerca de 46,5 mil passageiros. Uma porta-voz disse que a empresa cogita programar viagens adicionais.

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