Ali Shaaban morreu atingido por disparos do Exército sírio contra o carro da Al-Jadeed (©AFP/Arquivo / Anwar Amro)
Da Redação
Publicado em 9 de abril de 2012 às 13h18.
Beirute - A rede de televisão Al-Jadeed acusou o Exército sírio de ter matado um cinegrafista libanês nesta segunda-feira na fronteira com a Síria enquanto fazia uma reportagem.
"O cinegrafista da rede Al-Jadeed, Ali Shaaban, morreu atingido por disparos do Exército sírio contra o carro da Al-Jadeed", indicava esta televisão privada libanesa.
O repórter Hussein Jreis, que estava com o cinegrafista no momento do incidente, assegurou ao vivo que "os disparos vinham de território sírio".
"Cumprimentamos os guardas fronteiriços sírios, e pouco depois ouvimos tiros pesados", indicou, acrescentando que Ali Shaaban, de 32 anos, não conseguiu sair do carro, no qual morreu.
O Líbano faz fronteira com a região síria de Homs, um dos redutos da rebelião contra o regime e palco de bombardeios intensos e combates entre soldados e desertores.
É a primeira vez que um jornalista morre na fronteira entre os dois países desde o início da rebelião na Síria contra o governo do presidente Bashar al-Assad.
A Síria também colocou minas nesta fronteira para impedir a entrada de armas e de combatentes rebeldes.
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, condenou o ataque e pediu a Damasco uma investigação.
"Condenamos os disparos do lado sírio contra uma equipe de jornalistas libaneses (...) Informaremos à parte síria que condenamos este ato inaceitável e exigimos uma investigação sobre esta agressão", indicou em um comunicado o primeiro-ministro.
O governo de Mikati é dominado pelo Hezbollah, partido xiita aliado do regime sírio.
O chefe da oposição, hostil ao regime de Damasco, o ex-primeiro-ministro Saad Hariri, denunciou um "ataque abominável das Forças Armadas sírias" contra a imprensa, fato que classificou de "ataque à soberania do Líbano".
Também nesta segunda-feira, ao menos 35 civis, em sua maioria crianças e mulheres, morreram nos bombardeios do Exército sírio contra a cidade de Latama, na província de Hama, no centro da Síria, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
"Trinta e cinco pessoas morreram nos bombardeios, entre elas 15 crianças e menores de 18 anos, assim como oito mulheres. Ainda há pessoas sob os escombros", afirmou à AFP Rami Abdel Rahman, presidente do OSDH, que também informou sobre dezenas de feridos.