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CIDH eleva para 127 o número de mortos nos protestos na Nicarágua

A Nicarágua enfrenta a maior crise política desde os anos 1980 com 127 mortos e mais de mil feridos

Os protestos na Nicarágua começaram no dia 18 de abril (Oswaldo Rivas/Reuters)
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EFE

Publicado em 4 de junho de 2018 às 16h06.

Washington - A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) elevou nesta segunda-feira para 127 o número de pessoas que morreram durante os protestos que começaram no dia 18 de abril contra o governo do presidente da Nicarágua , Daniel Ortega.

"Segundo nossos dados, os protestos deixaram 127 mortos e cerca de mil feridos", disse o secretário-executivo da CIDH, o jurista brasileiro Paulo Abrão, em uma conferência na sede em Washington do centro de análise Diálogo Interamericano.

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Para entender a magnitude desta tragédia, Abrão lembrou que as sangrentas manifestações de entre abril e julho de 2017 na Venezuela, um país seis vezes maior que a Nicarágua, terminaram com 112 mortos.

Abrão denunciou que a resposta das autoridades nicaraguenses aos protestos foi "muito desproporcional", com o objetivo de criar um ambiente de "intimidação e terror".

Além disso, criticou que, segundo as testemunhas consultadas pela CIDH, várias autópsias não foram realizadas de maneira adequada, muitos feridos receberam alta "de forma apressada" e a polícia nicaraguense atacou ambulâncias, entre outras questões.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) decidiu na semana passada com a CIDH e o governo da Nicarágua criar um grupo para investigar os incidentes de violência, formado por integrantes selecionados pela comissão interamericana.

A respeito dessa equipe, Abrão explicou que a CIDH está na fase final de seleção dos membros que viajarão para a Nicarágua "nos próximos dias ou em uma semana".

O grupo, que emitirá um relatório em um prazo de seis meses, analisará as linhas de investigação dos protestos e realizará "recomendações estruturais e de reformas legislativas" para evitar que esta situação volte a ocorrer, segundo o brasileiro.

A 70ª Assembleia Geral da OEA, que começou hoje em Washington, estudará uma declaração "em apoio ao povo da Nicarágua" no seu 48º período de sessões, segundo disse o presidente da Assembleia, o ministro de Relações Exteriores do Paraguai, Eladio Loizaga.

Desde 18 de abril, a Nicarágua vive sua crise mais sangrenta desde os anos 1980 com 127 mortos e cerca de mil feridos, segundo a CIDH.

Os protestos contra Ortega e contra sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, começaram devido a reformas fracassadas da seguridade social e se transformaram em uma reivindicação que pede a renúncia do presidente, depois de 11 anos no poder, com acusações de abuso de poder e corrupção.

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