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Cidade alemã cancela comício do partido de Erdogan

A cidade de Hannover se soma, assim, à lista de cidades cujas autoridades negaram ou cancelaram atos semelhantes

Tayyip Erdogan: os cancelamentos motivaram os ataques do presidente turco, que acusa a Alemanha de "práticas nazistas" (Murad Sezer/Reuters)

Tayyip Erdogan: os cancelamentos motivaram os ataques do presidente turco, que acusa a Alemanha de "práticas nazistas" (Murad Sezer/Reuters)

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EFE

Publicado em 16 de março de 2017 às 14h04.

BBerlim - As autoridades de Hannover (centro da Alemanha) cancelaram um comício previsto para amanhã a favor da reforma constitucional na Turquia impulsionada pelo presidente Recep Tayyip Erdogan e que ampliará os poderes do chefe do Estado.

Para o ato estava prevista a presença de Mehmet Mehdi Eke, vice-presidente do AKP, partido de Erdogan, mas o acesso à sala onde iria acontecer foi negado, informou a rede de televisão alemã "NTV".

Hannover se soma assim à lista de cidades cujas autoridades negaram ou cancelaram atos semelhantes, o que motivou os ataques do presidente turco acusando a Alemanha de "práticas nazistas".

O governo alemão não proibiu de forma geral os comícios com a presença de ministros e outros políticos turcos para pedir o "sim" no referendo sobre a reforma constitucional que será realizada em 16 de abril na Turquia.

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, François Hollande, concordaram nesta quinta-feira em uma conversa por telefone que esses comícios só serão autorizados se forem cumpridas "de forma estrita" as normas e regras de cada estado, informou o governo alemão.

Ambos os chefes de Estado destacaram, além disso, que as comparações com o nazismo e outras declarações "ofensivas" são "inaceitáveis" e Hollande transmitiu sua solidariedade à Alemanha e aos demais países que foram alvo de ataques do governo turco.

Berlim informou ontem que autorizou a realização do dito referendo também na Alemanha, onde vivem cerca de 1,4 milhão de turcos com direito a voto.

Segundo indicou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores alemão, Martin Schäfer, uma nota foi enviada à embaixada turca para autorizar a votação, um procedimento burocrático habitual perante processos eleitorais em um terceiro país que, neste caso, representa "um gesto e um claro sinal" para Ancara.

Berlim exige que a Turquia se atenha ao direito e à legislação alemã e que mantenha uma "cooperação construtiva" na preparação do referendo e dos comícios de campanha, que devem respeitar as normas e a Constituição da Alemanha.

Schäfer fez referência ao artigo 90 do Código Penal alemão, que estabelece penas de prisão de até três anos para quem insultar ou difamar, em reunião ou por escrito, a República Federal da Alemanha, seus estados federados, sua ordem constitucional, sua bandeira, seu hino ou seus símbolos.

O governo turco entregou ao alemão uma lista de atos programados para antes da votação sobre a reforma constitucional, uma agenda ainda em aberto, reconheceu o porta-voz das Relações Exteriores.

Na nota com a autorização para realizar o referendo, acrescentou, exige que Ancara informe com a devida antecedência e que comunique o local exato de cada ato.

As autoridades turcas pediram para colocar urnas em seus consulados na Alemanha e também solicitaram uma autorização para alugar locais eleitorais em outras cidades.

Esta fórmula já foi utilizada no país em eleições turcas anteriores, como as realizadas em 2015.

O índice de participação relativo ao voto no exterior foi de 40%, contra os 85% registrados entre os eleitores na Turquia.

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