Moçambique: até o momento, 38 mortes foram confirmadas (Saviano Abreu/Reuters)
Reuters
Publicado em 29 de abril de 2019 às 10h24.
Última atualização em 29 de abril de 2019 às 12h23.
Pemba/Joanesburgo — As chuvas impediram pelo segundo dia o envio aéreo de ajuda para o nordeste de Moçambique, nesta segunda-feira, prejudicando os esforços para alcançar sobreviventes do ciclone Kenneth, enquanto o número de mortos subiu para 38.
Equipes de resgate conseguiram se valer de um breve intervalo nas precipitações para enviar um helicóptero repleto de itens de ajuda para a ilha de Ibo, onde centenas de casas foram derrubadas pelo segundo ciclone a atingir o país em menos de seis semanas.
As chuvas, entretanto, voltaram a cair, e as condições se tornaram muito perigosas para que o voo seguinte pudesse decolar, informou a Organização das Nações Unidas (ONU). As estradas nos distritos rurais do norte do país encontram-se inundadas e intransitáveis após as chuvas torrenciais de domingo.
"Infelizmente as condições climáticas estão mudando muito rápido e ameaçando a operação", disse Saviano Abreu, porta-voz do Ocha, sigla em inglês do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.
O ciclone Kenneth atingiu as ilhas de Comores e depois a província de Cabo Delgado, em Moçambique, na quinta-feira, com tempestades e ventos de até 280 quilômetros por hora – agravando a falta de recursos numa região que ainda se recuperava da passagem do ciclone Idai, mais ao sul, em março.
As tempestades provocaram o corte de energia e de comunicações. Algumas comunidades rurais ficaram reduzidas escombros de madeira, com apenas raras estruturas ou palmeiras ainda de pé.
Quatro pessoas morreram no país insular de Comores, segundo a ONU. O Instituto Nacional de Gestão de Desastres de Moçambique disse que, até esta segunda-feira, o número de mortos encontrava-se em 38, maior do que a estimativa anterior, de cinco mortos. Mais de 168 mil pessoas foram afetadas.
Após a chegada do ciclone à terra, chuvas fortes castigaram o norte de Moçambique, área propícia a enchentes e deslizamentos. Ainda há falta de informações sobre as inundações em áreas mais remotas.
Na cidade portuária de Pemba as águas começam a descer, disse Abreu, da Ocha. O nível da água ainda permanece na altura da cintura em alguns bairros. Um homem fazia o transporte de pessoas em um barco de madeira. Outros apenas perambulavam em meio ao dilúvio, alguns com seus pertences sobre as cabeças.
O Idai destruiu a cidade portuária de Beira e deixou debaixo d'água vilas inteiras, vastas faixas de território e 700 mil hectares de plantações. O ciclone matou mais de 1 mil pessoas em Moçambique, Malaui e Zimbábue.
De acordo com meteorologistas, o Kenneth pode provocar o dobro de precipitação sobre o norte de Moçambique. As autoridades alertaram as pessoas que moram perto de rios a buscarem áreas mais elevadas no fim de semana.
A ONU disse ter liberado 13 milhões de dólares em fundos de emergência para Moçambique e Comores, destinados à compra de alimentos e água potável e ao reparo de infraestrutura.