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Ciberataque cria dilema em negociação Japão-Coreia do Norte

Acusações podem forçar Japão a escolher entre apoiar Washington ou manter negociações com Pyongyang sobre cidadãos japoneses sequestrados décadas atrás

Sony Pictures: Japão aliviou sanções contra a Coreia do Norte para que coreanos reabrissem investigação sobre vítimas de sequestros (Jonathan Alcorn/Bloomberg)
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Da Redação

Publicado em 22 de dezembro de 2014 às 09h26.

Tóquio - As acusações dos Estados Unidos de que a Coreia do Norte está por trás do ciberataque contra a Sony pode forçar o Japão a escolher entre apoiar Washington, seu aliado, ou manter as negociações com Pyongyang sobre cidadãos japoneses sequestrados décadas atrás.

Washington avalia como punir os norte-coreanos depois de o FBI concluir pela responsabilidade de Pyongyang. A punição pode incluir recolocar a Coreia do Norte na lista de Estados que patrocinam terrorismo. O país asiático nega ter feito o ataque.

Yoshihide Suga, secretário-chefe do gabinete do Japão, condenou o ciberataque nesta segunda-feira, mas manteve o discurso de que Tóquio não vê um impacto direto do episódio nas negociações sobre o destino dos japoneses detidos.

Suga também não ligou diretamente a Coreia do Norte ao ataque contra a Sony.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, fez da busca por respostas sobre o destino dos japoneses sequestrados décadas atrás para ajudar no treinamento de espiões norte-coreanos uma marca da sua carreira política.

"O tema dos sequestros força Abe a decidir se ele vai seguir os Estados Unidos mesmo se isso o levar a bater de frente com a Coreia do Norte”, disse Koichi Nakano, da Universidade Sophia.

O Japão aliviou algumas sanções contra a Coreia do Norte em julho para que, em troca, os coreanos reabrissem a investigação sobre a situação das vítimas de sequestros. Em outubro, a Coreia do Norte disse a diplomatas japoneses, que viajaram a Pyongyang, que iria aprofundar a investigação, mas não há sinais de uma iminente resolução.

O ataque a Sony poderia também terminar dando a Abe uma desculpa para finalizar as negociações, se elas não estiverem apresentando resultados.

"No momento, a situação dele é realmente difícil”, afirmou Brad Glosserman, diretor do centro de análises Pacific Forum CSIS. "A linha dele, contudo, pode ser ‘queremos continuar dialogando, mas se você não me der algo, eu sigo os norte-americanos’.” Pyongyang admitiu em 2002 ter sequestrado 13 cidadãos japoneses décadas antes. Cinco dos sequestrados e suas famílias voltaram ao Japão, mas Tóquio quer saber o destino dos outros oito, que os norte-coreanos afirmam estar mortos, e outros que os japoneses acreditam que também foram levados.

A imprensa japonesa tem tratado o ataque hacker como um assunto norte-americano, apesar do fato de que o estúdio é subsidiário da empresa japonesa.

Acusar Pyongyang pelo ataque pode também gerar um conflito com os coreanos no Japão. Muitos são descendentes dos que vieram para o país como trabalhadores durante a colonização japonesa da península coreana (1910-45) e, apesar de nascidos no Japão, não têm garantia automática de cidadania.

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Tóquio - As acusações dos Estados Unidos de que a Coreia do Norte está por trás do ciberataque contra a Sony pode forçar o Japão a escolher entre apoiar Washington, seu aliado, ou manter as negociações com Pyongyang sobre cidadãos japoneses sequestrados décadas atrás.

Washington avalia como punir os norte-coreanos depois de o FBI concluir pela responsabilidade de Pyongyang. A punição pode incluir recolocar a Coreia do Norte na lista de Estados que patrocinam terrorismo. O país asiático nega ter feito o ataque.

Yoshihide Suga, secretário-chefe do gabinete do Japão, condenou o ciberataque nesta segunda-feira, mas manteve o discurso de que Tóquio não vê um impacto direto do episódio nas negociações sobre o destino dos japoneses detidos.

Suga também não ligou diretamente a Coreia do Norte ao ataque contra a Sony.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, fez da busca por respostas sobre o destino dos japoneses sequestrados décadas atrás para ajudar no treinamento de espiões norte-coreanos uma marca da sua carreira política.

"O tema dos sequestros força Abe a decidir se ele vai seguir os Estados Unidos mesmo se isso o levar a bater de frente com a Coreia do Norte”, disse Koichi Nakano, da Universidade Sophia.

O Japão aliviou algumas sanções contra a Coreia do Norte em julho para que, em troca, os coreanos reabrissem a investigação sobre a situação das vítimas de sequestros. Em outubro, a Coreia do Norte disse a diplomatas japoneses, que viajaram a Pyongyang, que iria aprofundar a investigação, mas não há sinais de uma iminente resolução.

O ataque a Sony poderia também terminar dando a Abe uma desculpa para finalizar as negociações, se elas não estiverem apresentando resultados.

"No momento, a situação dele é realmente difícil”, afirmou Brad Glosserman, diretor do centro de análises Pacific Forum CSIS. "A linha dele, contudo, pode ser ‘queremos continuar dialogando, mas se você não me der algo, eu sigo os norte-americanos’.” Pyongyang admitiu em 2002 ter sequestrado 13 cidadãos japoneses décadas antes. Cinco dos sequestrados e suas famílias voltaram ao Japão, mas Tóquio quer saber o destino dos outros oito, que os norte-coreanos afirmam estar mortos, e outros que os japoneses acreditam que também foram levados.

A imprensa japonesa tem tratado o ataque hacker como um assunto norte-americano, apesar do fato de que o estúdio é subsidiário da empresa japonesa.

Acusar Pyongyang pelo ataque pode também gerar um conflito com os coreanos no Japão. Muitos são descendentes dos que vieram para o país como trabalhadores durante a colonização japonesa da península coreana (1910-45) e, apesar de nascidos no Japão, não têm garantia automática de cidadania.

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