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China se queixa de ter uma imagem ruim no exterior

O governo critica os meios de comunicação e acusa os jornalistas estrangeiros

Membros da Associação de Jornalistas de Hong Kong protestam durante visita de Li Keqiang em agosto de 2011 (Edward Wong/AFP)

Membros da Associação de Jornalistas de Hong Kong protestam durante visita de Li Keqiang em agosto de 2011 (Edward Wong/AFP)

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Da Redação

Publicado em 16 de fevereiro de 2012 às 11h03.

Pequim - No momento em que dedica meios humanos e financeiros consideráveis para melhorar sua imagem no exterior, a China se queixa de ser mal vista pelos meios de comunicação e acusa os jornalistas estrangeiros.

A situação é paradoxal neste país onde há 900 jornalistas estrangeiros acreditados por mais de 400 meios - um recorde - mas onde eles são acusados regularmente de cobrir os acontecimentos na China com um ponto de vista negativo e se queixam de obstáculos constantes para a realização de seu trabalho.

Por um lado estão os detentores de uma informação "positiva" a serviço do Estado com um partido único e que passam pela censura. Do outro estão os que querem dar uma informação que seja o mais próximo possível da realidade.

As coisas se tornam difíceis quando os primeiros criticam os segundos por uma falta de objetividade.

Fatalmente, as duas concepções do papel da imprensa são irreconciliáveis e dão lugar a uma imensa incompreensão, como demonstrou no início desta semana um fórum sino-francês entre representantes de meios de comunicação em Pequim.

"A China não rejeita as reportagens críticas", assegurou Wang Chen, ministro do Birô de Informação do Conselho de Estado, antes de advertir: "o que nós não aceitamos é que exista uma dupla medida, na lógica da Guerra Fria".

Wang respondia a embaixadora da França, Sylvia Bermann, que havia afirmado a importância de que os jornalistas pudessem ir ao local, o que nem sempre é possível.

Frequentemente, as autoridades chinesas se queixam da cobertura "negativa" com muitos artigos sobre a dissidência, as manifestações, os conflitos sociais, e insuficiente sobre os êxitos econômicos e culturais de uma China em plena expansão.


"Temos que dar mais informações positivas ao público", recomendou Wang Fang, do Jornal do Povo, o órgão do Partido Comunista.

Não corresponde ao jornalista "julgar se a informação é positiva ou negativa, tem apenas que julgar se a informação é tal", respondeu o diretor da redação do jornal francês Le Monde, Erik Izraelewicz.

No início de fevereiro, o clube dos correspondentes estrangeiros na China, o FCCC, uma organização "ilegal" que reúne 208 membros, se queixou da impossibilidade para seus jornalistas trabalharem nas zonas tibetanas de Sichuan, em "violação dos regulamentos" que os autorizam a "se deslocar livremente".

Nesta quinta-feira, o FCCC recomendava "grande prudência" aos jornalistas que quisessem trabalhar no povoado em rebelião de Panhe, no Zhejiang, onde na véspera um jornalista holandês foi espancado por membros do regime.

No entanto, depois de 2008, ano terrível em termos de relações públicas com as revoltas no Tibete e as ameaças de boicote da cerimônia de inauguração dos Jogos Olímpicos, a China decidiu mobilizar seu "soft power" para passar ao mundo uma imagem positiva.

Ao preço de um enorme orçamento, desenvolveu a rede de grandes meios de comunicação (agência Nova China, televisão CCTV), seus institutos Confúcio e lançou campanhas, sobretudo culturais.

No interior da China, 9.884 periódicos, 1.600 canais de televisão e 2.000 rádios seguem operando sob estreita vigilância, ainda quando os jornais "liberais" e as redes sociais, que têm um sucesso enorme, ganham espaço.

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