China registra inflação mais alta desde 2008
Graves inundações fizeram preço dos alimentos disparar, pressionando os índices de inflação
Da Redação
Publicado em 11 de setembro de 2010 às 15h15.
Pequim - A China anunciou neste sábado uma aceleração interanual a 3,5% em agosto da inflação, a mais alta em quase dois anos; as piores inundações da década, que fizeram disparar o preço dos alimentos, são um dos fatores apontados como responsáveis por este aumento.
A cifra é a mais alta desde outubro de 2008. Agosto foi também o décimo mês consecutivo de inflação em alta, o que alimenta as especulações sobre uma possível alta das taxas de juros para conter o gasto e incentivar a poupança.
A alta dos preços ao consumidor se deve, em parte, às inundações que afetaram as colheitas e bloquearam importantes vias de transporte de produtos agrícolas em grande parte do país.
"Em agosto, os preços dos alimentos aumentaram mais de 2% em relação ao mês de julho, e o das hortaliças frescas subiu 7,7%", informou Sheng Laiyun, porta-voz do Escritório Nacional de Estatísticas (BNS) chinês.
O porta-voz disse ainda que, no cálculo interanual, os preços dos alimentos haviam aumentado 7,5%.
A alta dos preços ao consumidor em agosto também se acelerou em comparação a julho e junho (2,9%).
Laiyun, no entanto, minimizou o risco de uma disparada do índice de inflação.
"Há fatores que empurram os preços para cima, mas há ainda outros, que os orientam para baixo", estimou.
Mas o economista independente Andy Xie explicou à AFP que "o nível da inflação é bastante elevado", e afirmou não ter certeza sobre a precisão das estatísticas oficiais do governo chinês.
"Os preços dos alimentos e dos aluguéis, que representam um terço dos gastos das famílias, registraram aumentos de dois dígitos", disse Xie, indicando que os números oficiais não refletem a situação real do país.
O BNS, por outro lado, anunciou que a produção industrial aumentou 13,9% em ritmo interanual, contra 13,4% em julho e 13,7% em junho.
Já as vendas do varejo, que medem o consumo da segunda maior economia mundial, progrediram 18,4% no interanual em agosto, contra 17,9% em julho, segundo a BNS.
O BNS adiantou em dois dias a divulgação de seus dados de agosto, aproveitando um dia de mercados fechados - o que só reforçou as especulações a respeito de uma eventual alta da remuneração da poupança.
A taxa de juros dos depósitos está atualmente em 2,25% interanual - abaixo da inflação, portanto.
"Os poupadores chineses perdem dinheiro ao colocá-lo no banco, o que tornou mais atrativos os investimentos imobiliários", aponta um relatório do analista Brian Jackson, do Royal Bank of Scotland.
O governo, que tenta conter a forte alta dos preços no mercado imobiliário, tomou no começo do ano medidas para frear a aquisição de imóveis por compradores particulares.