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China quer iuane como moeda de intercâmbio mundial

Governo chinês quer reduzir exposição do iuane às flutuações do dólar

Governo chinês quer converter o iuane em moeda de intercâmbio internacional (Frederic J. Brown/AFP)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Pequim - A China tomou recentemente uma série de medidas para que sua moeda, o iuane, seja mais utilizada nos intercâmbios internacionais, mesmo que ainda não sofra conversão, e para reduzir sua exposição ao dólar americano, segundo os analistas.

Desde a crise financeira de 2008, o maior possuidor de reservas cambiais do mundo diversificou seus investimentos e levou as empresas a pagar suas compras em iuanes com o objetivo de limitar o fluxo de dólares que entra no país.

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"A crise do crédito em 2008 mostrou à China que os pagamentos em iuanes reduzirão a exposição do país a uma súbita falta de liquidez", segundo um trabalho dos especialistas Ben Simpfendorfer e Erik Lueth de Royal Bank of Scotland (RBS).

Apesar do êxito dos exportadores, o iuane só desempenha um papel marginal nos intercâmbios internacionais porque é não é completamente convertível e o dinheiro não pode ser retirado da China com a mesma facilidade com que pode ser investido no país.

Os dirigentes chineses afirmam querer que o iuane se converta numa moeda de reserva, mas, segundo analistas, não estão dispostos a levantar os controles cambiários por temor de desestabilizar a economia, por exemplo, no caso de uma rápida valorização de sua moeda ante o dólar que castigue os exportadores.

"Estão presos pelos fluxos que entram e que saem, um temor que remonta à crise financeira asiática de 1997", explicou um analista de Pequim, que preferiu não revelar sua identidade.


Naquela ocasião, as moedas dos países emergentes da Ásia, com exceção do iuane, haviam afundado em relação ao dólar.

Nos últimos dois anos, a China assinou uma série de acordos de intercâmbio de divisas e lançou um título experimental de pagamento em iuanes com uma série de países, principalmente no sudeste asiático.

Por outra parte, um acordo entre o banco central chinês e a autoridade monetária de Hong Kong autorizou aos estabelecimentos bancários da ex-colônia britânica a utilizar os iuanes para os pagamentos entre empresas, abrindo a porta para produtos financeiros em moeda chinesa.

O gigante das lanchonetes McDonald's foi a primeira empresa não financeira a aproveitar a emissão de obrigações em iuanes por um total de 30 bilhões de dólares.

O último gesto de Pequim aconteceu na semana passada com a decisão de abrir o mercado de obrigações interbancárias chinesas a mais investidores estrangeiros, o que busca incentivar as empresas do exterior a aceitar iuanes quando fizerem negócios na China.

Um número reduzido de investidores institucionais já tinha acesso a esse mercado desde 2005.


"Quanto mais iuanes saíram da China e quanto mais o iuane servir como moeda de intercâmbio internacional, mas diminuirá o risco de dependência de cara uma divisa em particular", explicou analista baseado em Pequim.

Mas, mesmo que seja bastante improvável que o iuane seja plenamente conversível da noite para o dia, Pequim já tema não poder controlar uma possível especulação contra sua moeda.

Outro obstáculo é a quase ausência e iuanes circulando no exterior em função do excedente da balança comercial chinesa.

"É muito difícil acumular iuanes porque são constantemente repatriados para China", assinalou nesse sentido Patrick Chovanec, professor da Escola de Economia e Gestão da Universidade Tsinghua de Pequim.

As reservas cambiárias da China alcançavam no final de julho 2,45 trilhões de dólares, dos quais 843,7 bilhões estão investidos em bônus do tesouro dos Estados Unidos.

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