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China pede a que EUA não interfiram em conflito com Japão

O pedido vem em um momento em que o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, está iniciando uma visita oficial à China

Hong Lei: "esperamos que os Estados Unidos possam honrar, seriamente, seu princípio de não se posicionar na questão das ilhas Diaoyu" (Frederic J. Brown/AFP)
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Da Redação

Publicado em 17 de setembro de 2012 às 10h08.

Pequim - O governo chinês pediu nesta segunda-feira ao secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta - que está iniciando uma visita oficial à China - que Washington se mantenha afastado do conflito diplomático entre Pequim e Tóquio em torno das ilhas Senkaku/Diaoyu.

"Esperamos que os Estados Unidos possam honrar, seriamente, seu princípio de não se posicionar na questão das ilhas Diaoyu", afirmou em entrevista coletiva o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês Hong Lei.

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Hong rejeitou assim as ofertas de Panetta, que hoje e amanhã está visitando o gigante asiático, para que os EUA sirvam de moderadores no tenso conflito que Pequim e Tóquio vivem pela soberania do arquipélago que os chineses chamam Diaoyu, e que gerou violentos protestos antijaponeses em cidades da China.

Os veículos oficiais chineses acusam os EUA de jogar nos dois lados do conflito, já que, se por um lado Washington se apresenta diante de Pequim como "neutro", para Tóquio afirma que seu pacto bilateral de segurança com o Japão também inclui o território das ilhas Senkaku.

"Washington deveria desencorajar as provocações do Japão e retificar sua posição equivocada de aplicar o tratado de segurança às ilhas Diaoyu", disse hoje sobre um artigo de opinião da agência oficial "Xinhua".

Hong foi questionado hoje pelos ataques contra interesses japoneses que aconteceram no fim de semana em várias cidades da China - que forçaram empresas japonesas como Panasonic e Canon a paralisar as atividades no país - e prometeu proteger "os interesses estrangeiros em solo chinês" mas também pediu a Tóquio que assuma parte da responsabilidade pelos distúrbios.

"O andamento da situação depende de se o Japão pode enfrentar o apelo do povo chinês e corrigir sua atitude", afirmou o chanceler, acrescentando que Tóquio "deve corrigir seus erros e voltar ao caminho das negociações".


Alguns jornais divulgaram que em um dos protestos, em Cantão (sul), quebraram um carro oficial do Consulado italiano, enquanto em outro, em Xian (norte), um estudante morreu esmagado pela multidão, notícias que, embora Hong não tenha confirmado, o levaram a pedir moderação.

"Pedimos à opinião pública que se expresse de forma legal, racional e ordenada", disse.

Situadas a 250 quilômetros do litoral da China continental e a 200 quilômetros a oeste do arquipélago japonês de Okinawa, as ilhas Diaoyu/Senkaku, cujas águas podem ter grandes recursos marítimos e energéticos, foram motivo de disputa entre chineses, japoneses e taiuaneses durante décadas.

O conflito foi reaberto nas últimas semanas, pela compra no início deste mês de três de suas ilhas por parte do governo japonês a empresários japoneses privados.

Teme-se uma piora do conflito amanhã, já que o chamado "Incidente de Mukden", que levou o Japão a invadir em 1931 o território chinês de Manchúria, faz aniversário amanhã, e isso poderia representar uma desculpa para mais protestos anti-japoneses em território chinês.

Além disso, o iminente fim da proibição de pesca no Mar da China Oriental levará pescadores chineses a viajarem ao arquipélago para trabalhar, apesar à oposição japonesa.

"As águas das Diaoyu estão sob jurisdição chinesa, e os pescadores chineses pescaram ali durante gerações", comentou hoje o porta-voz de Relações Exteriores chinês, sublinhando que depende das condições meteorológicas, entre outros fatores, para que estes viajem à região em conflito. EFE

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