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China ofusca demais países que integram Brics, diz Ipea

A conclusão é de estudo do Ipea que alerta para o risco de o caráter multilateral do grupo ser enfraquecido pela força chinesa nessas relações.

Apesar de manter superávit comercial com os Brics, ressalta o estudo, o Brasil em geral tem exportado bens primários e intermediários para o grupo e importado manufaturados mais sofisticados (Daniel Berehulak/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2011 às 16h59.

São Paulo - Apesar de ganhar cada vez mais importância no fluxo global de riquezas, o grupo das maiores economias emergentes do mundo - os Brics, grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - ainda mantém relações assimétricas entre os seus membros, tanto em termos comerciais como de investimentos, com forte preponderância dos chineses sobre os demais países. A conclusão é de um estudo apresentado hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que alerta para o risco de o caráter multilateral do grupo ser enfraquecido pela força chinesa nessas relações.

Maior economia entre os Brics, a China influencia o desenho da integração que o Brasil tem construído com o grupo, segundo o Ipea. O gigante asiático já é o maior parceiro comercial brasileiro, mas a pauta de exportações do País se concentra em produtos primários e commodities, assim como ocorre nos embarques para Índia e Rússia. Apenas nas vendas para a África do Sul a participação de manufaturados é maior que a de básicos.

Apesar de manter superávit comercial com os Brics, ressalta o estudo, o Brasil em geral tem exportado bens primários e intermediários para o grupo e importado manufaturados mais sofisticados. "A questão é que isso pode, no médio e longo prazo dificultar, ou até bloquear, os anseios brasileiros por integrar-se ao mundo industrializado desenvolvido", afirma o documento.

Por isso, o Ipea alerta que o Brasil precisa buscar alternativas para ampliar as exportações de bens industrializados para o grupo, ainda que a demanda chinesa continue concentrada mais em alimentos, infraestrutura e energia. Além disso, como os preços das commodities variam conforme o cenário econômico mundial, seria arriscado continuar dependendo preponderantemente das vendas desses produtos.

"O aprofundamento das relações do Brasil com os outros países do grupo pode ser uma forma de equalizar e melhorar o poder de barganha do Brasil com a China", afirmou o analista do Ipea, André Calixtre.

Segundo o Ipea, os fluxos de investimentos entre os países também revelam a forte assimetria do grupo. Mas apesar de os investimentos brasileiros nos Brics ainda serem modestos, um terço das empresas brasileiras já estariam pensando em buscar oportunidades nesses países, principalmente nos setores de infraestrutura na China e na Índia.

"O tema a considerar, neste caso, são as barreiras comerciais existentes para tanto, inclusive barreiras institucionais, como o elevado custo de negociação industrial no caso da Índia, que possui mais de uma entidade representativa para esse fim", destaca o estudo.

O documento também ressalta a possibilidade de maiores parcerias no âmbito da segurança alimentar e energética, além de destacar os que os orçamentos militares dos países do grupo estão entre os maiores do mundo, gerando oportunidades para empresas brasileiras desses setores.

Também foi lembrada a competitividade do País nos setores automobilístico e farmacêutico. "Apesar de não ter a pretensão de se tornar um bloco econômico, o Brasil deveria aproveitar o espaço privilegiado do grupo para incrementar suas relações com esses países", acrescentou Calixtre.

Da mesma forma, o Ipea também alerta para o avanço crescente dos investimentos chineses na América do Sul e na África, tomando um espaço que poderia ser melhor aproveitado pelo Brasil.

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São Paulo - Apesar de ganhar cada vez mais importância no fluxo global de riquezas, o grupo das maiores economias emergentes do mundo - os Brics, grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - ainda mantém relações assimétricas entre os seus membros, tanto em termos comerciais como de investimentos, com forte preponderância dos chineses sobre os demais países. A conclusão é de um estudo apresentado hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que alerta para o risco de o caráter multilateral do grupo ser enfraquecido pela força chinesa nessas relações.

Maior economia entre os Brics, a China influencia o desenho da integração que o Brasil tem construído com o grupo, segundo o Ipea. O gigante asiático já é o maior parceiro comercial brasileiro, mas a pauta de exportações do País se concentra em produtos primários e commodities, assim como ocorre nos embarques para Índia e Rússia. Apenas nas vendas para a África do Sul a participação de manufaturados é maior que a de básicos.

Apesar de manter superávit comercial com os Brics, ressalta o estudo, o Brasil em geral tem exportado bens primários e intermediários para o grupo e importado manufaturados mais sofisticados. "A questão é que isso pode, no médio e longo prazo dificultar, ou até bloquear, os anseios brasileiros por integrar-se ao mundo industrializado desenvolvido", afirma o documento.

Por isso, o Ipea alerta que o Brasil precisa buscar alternativas para ampliar as exportações de bens industrializados para o grupo, ainda que a demanda chinesa continue concentrada mais em alimentos, infraestrutura e energia. Além disso, como os preços das commodities variam conforme o cenário econômico mundial, seria arriscado continuar dependendo preponderantemente das vendas desses produtos.

"O aprofundamento das relações do Brasil com os outros países do grupo pode ser uma forma de equalizar e melhorar o poder de barganha do Brasil com a China", afirmou o analista do Ipea, André Calixtre.

Segundo o Ipea, os fluxos de investimentos entre os países também revelam a forte assimetria do grupo. Mas apesar de os investimentos brasileiros nos Brics ainda serem modestos, um terço das empresas brasileiras já estariam pensando em buscar oportunidades nesses países, principalmente nos setores de infraestrutura na China e na Índia.

"O tema a considerar, neste caso, são as barreiras comerciais existentes para tanto, inclusive barreiras institucionais, como o elevado custo de negociação industrial no caso da Índia, que possui mais de uma entidade representativa para esse fim", destaca o estudo.

O documento também ressalta a possibilidade de maiores parcerias no âmbito da segurança alimentar e energética, além de destacar os que os orçamentos militares dos países do grupo estão entre os maiores do mundo, gerando oportunidades para empresas brasileiras desses setores.

Também foi lembrada a competitividade do País nos setores automobilístico e farmacêutico. "Apesar de não ter a pretensão de se tornar um bloco econômico, o Brasil deveria aproveitar o espaço privilegiado do grupo para incrementar suas relações com esses países", acrescentou Calixtre.

Da mesma forma, o Ipea também alerta para o avanço crescente dos investimentos chineses na América do Sul e na África, tomando um espaço que poderia ser melhor aproveitado pelo Brasil.

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