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China investe em drones de combate para superar os EUA no espaço aéreo

Drones projetados para acompanhar caças furtivos podem desafiar a supremacia aérea americana e mudar o equilíbrio de poder global

O drone FH-97A, destaque no show aéreo de Zhuhai, representa a aposta da China em tecnologias de ponta para competição militar. (China Airshow/Reprodução)
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 16 de dezembro de 2024 às 06h34.

A China está ganhando destaque no campo da defesa militar com o desenvolvimento de drones avançados, conhecidos como "wingmen leais", projetados para acompanhar jatos tripulados em missões de alta intensidade. Esses drones, que representam uma nova fronteira na corrida tecnológica entre Pequim e Washington, têm potencial para desafiar a supremacia aérea dos Estados Unidos, segundo analistas militares à reportagem do Financial Times.

No centro dessa inovação está o Feihong FH-97A, uma atualização recente de um protótipo apresentado no show aéreo bienal de Zhuhai, no sul da China. Equipado com um compartimento de armas aprimorado, o FH-97A pode realizar ataques tanto terrestres quanto aéreos e possui capacidade de lançamento por catapulta a partir de porta-aviões. Desenvolvido pela Aerospace Times Feihong Technology Corp, o drone é descrito como ideal para combates prolongados e de alta intensidade, conforme informações divulgadas pela empresa-mãe, a Ninth Academy of China Aerospace Science.

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Uma nova era na guerra aérea

Os drones oferecem uma oportunidade para a China reduzir a lacuna tecnológica em relação aos EUA no campo da aviação militar.Esses dispositivos são projetados para operar em conjunto com caças stealth tripulados, permitindo que pilotos humanos controlem tanto o próprio avião quanto os drones acompanhantes. Essa integração não apenas fortalece as forças aéreas, mas também reduz custos significativos associados à produção de jatos tripulados e ao treinamento de pilotos.

Nos EUA, um programa semelhante de "wingmen leais", conhecido como Collaborative Combat Aircraft (CCA), está em desenvolvimento para complementar a próxima geração de caças furtivos.Apesar de alguns atrasos, analistas apontam que os americanos estão avançando rapidamente, planejando o uso de inteligência artificial (IA) para maximizar o desempenho desses drones.Segundo o analista Peter Layton, do Royal United Services Institute, os EUA têm a meta de implantar cerca de 150 drones desse tipo até o final da década.

Vantagens e desafios da tecnologia chinesa

Enquanto os EUA concentram esforços em drones com sensores avançados, a China parece apostar em modelos mais versáteis, capazes de executar ataques terrestres e aéreos. Essa capacidade foi destacada no FH-97A, que reflete as quatro tendências principais no desenvolvimento de armas modernas: automação, miniaturização, inteligência e furtividade.

No entanto, especialistas alertam que ainda há desafios significativos para que essas tecnologias sejam plenamente operacionais. A produção em escala de drones a custos acessíveis permanece um obstáculo, e estima-se que leve de cinco a dez anos para que as principais potências militares implantem esses sistemas de maneira eficaz.

Implicações para Taiwan e o cenário global

O desenvolvimento de drones militares por parte da China ocorre em um contexto de crescente tensão sobre Taiwan. Pequim considera a ilha uma parte de seu território e já sinalizou que usará a força para reunificá-la, se necessário. Nesse cenário, os drones desempenham um papel estratégico, aumentando a capacidade de ataque e a flexibilidade operacional das forças armadas chinesas.

Além dos drones aéreos, a China está investindo em veículos não tripulados para operações terrestres e marítimas. Um exemplo notável são os "lobos robóticos", projetados para operar em grupos e equipados com fuzis de assalto.Esses dispositivos foram concebidos para limpar praias de forças defensivas, uma capacidade que pode ser crucial em um eventual conflito sobre Taiwan. Embora os avanços tecnológicos sejam impressionantes, há incertezas sobre a real eficácia desses drones no campo de batalha.

"Relatórios apontam capacidades promissoras, mas ainda não sabemos até que ponto essas tecnologias serão efetivas em combates reais", observa James Char, professor assistente da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura.

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