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China inicia manobras militares próximas a Taiwan e eleva tensão

Taiwan condenou as manobras, classificadas pela presidência como “intimidação militar”

Um Mirage 2000 da Força Aérea de Taiwan é observado pela população nesta segunda (CHENG Yu-chen / AFP)

Um Mirage 2000 da Força Aérea de Taiwan é observado pela população nesta segunda (CHENG Yu-chen / AFP)

Publicado em 29 de dezembro de 2025 às 06h26.

A China iniciou nesta segunda-feira grandes exercícios militares com munição real em cinco zonas marítimas e aéreas próximas a Taiwan, ilha governada democraticamente que Pequim reivindica como parte de seu território.

Reconhecida oficialmente por pouco mais de dez países, Taiwan possui governo, forças armadas e moeda próprios, além de contar com os Estados Unidos como principal fornecedor de armamentos e segurança. No início do mês, Washington aprovou uma venda de armas no valor de US$ 11,1 bilhões a Taiwan, medida que provocou forte reação do governo chinês.

Exercício chinês

Batizadas de “Missão Justiça 2025”, as manobras envolvem destróieres, fragatas, soldados, bombardeiros e drones, que realizam treinamentos com munição real contra alvos marítimos ao norte e sudoeste da ilha, segundo o Exército chinês. Após o início dos exercícios, o Ministério das Relações Exteriores alertou que qualquer tentativa de impedir a unificação de Taiwan com a China “está destinada ao fracasso”. O porta-voz Lin Jian afirmou que forças externas que fornecem armas à ilha “empurram o Estreito de Taiwan para uma situação perigosa de guerra iminente”.

O Exército Popular de Libertação divulgou um mapa com cinco áreas ao redor de Taiwan onde serão realizadas as atividades. Segundo o coronel Shi Yi, porta-voz do Comando de Teatro Oriental, os exercícios se concentram em “combate mar-terra, tomada conjunta de ampla superioridade e bloqueio de portos e áreas cruciais”. O comunicado recomenda que embarcações e aeronaves não relacionadas evitem as regiões.

Taiwan condenou as manobras, classificadas pela presidência como “intimidação militar”. A Guarda Costeira local informou ter detectado quatro navios chineses próximos às costas norte e leste da ilha e anunciou o envio de grandes embarcações e unidades adicionais para reforço. O Ministério da Defesa taiwanês declarou que as ações chinesas “confirmam sua natureza agressora, tornando-a a maior destruidora da paz”.

Pressão sobre Taiwan

Nos últimos anos, Pequim intensificou a pressão sobre Taiwan, com frequentes incursões aéreas e navais e exercícios em larga escala. As relações se deterioraram após a chegada ao poder do Partido Progressista Democrático em 2016. O atual presidente, Lai Ching-te, no cargo desde 2024, considera Taiwan uma nação soberana.

Shi Yi afirmou que as manobras representam “uma advertência veemente às forças separatistas” e “uma ação legítima para salvaguardar a soberania e a unidade nacional”. A TV estatal chinesa informou que um dos focos dos exercícios é o bloqueio de portos taiwaneses, incluindo Keelung, no norte, e Kaohsiung, no sul. Os planos incluem navios se aproximando da ilha por diferentes direções.

Após a venda de armas pelos EUA, Pequim anunciou que adotaria “medidas resolutas e contundentes” para proteger seu território. Na semana passada, o governo chinês impôs sanções a 20 empresas de defesa americanas, embora a maioria não tenha negócios relevantes no país. Além disso, a China mantém uma disputa diplomática com o Japão, após a nova primeira-ministra sugerir apoio a Taiwan em caso de conflito armado.

Com informações da AFP

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