Mundo

China acelera corrida nuclear e pode igualar poder de fogo de EUA e Rússia até 2030

Segundo o SIPRI, China tem o arsenal nuclear que mais cresce no mundo e pode atingir 1.500 ogivas até 2035

Publicado em 16 de junho de 2025 às 06h04.

Desde o início do século XXI, o número de armas nucleares no mundo vem diminuindo. No entanto, a corrida armamentista voltou a ganhar força com a expansão acelerada do arsenal chinês. Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês), a China já possui ao menos 600 ogivas nucleares e tem adicionado cerca de 100 por ano desde 2023.

As estimativas coincidem com o relatório anual do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que projeta que a China poderá alcançar 1.000 ogivas até 2030 e chegar a 1.500 até 2035.

Se manter esse ritmo, o país asiático poderá alcançar paridade com os EUA e a Rússia em número de mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs) até o final da década, embora ainda fique atrás no total de ogivas.

A Rússia no topo

Atualmente, os Estados Unidos e a Rússia continuam liderando o cenário nuclear global. Segundo o SIPRI, a Rússia detém 5.459 ogivas nucleares e os EUA, 5.177 — juntas, essas potências concentram cerca de 88% do total mundial.

Em contrapartida, a China vem adotando uma postura mais assertiva na modernização e expansão de seu arsenal. Em fevereiro, o presidente Donald Trump reconheceu esse avanço e afirmou que pretende envolver os líderes de China e Rússia em negociações de desnuclearização em breve. “Dentro de cinco ou seis anos, eles estarão parelhos”, disse Trump.

Apesar do crescimento, a China mantém oficialmente uma política de defesa. Em coletiva, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Guo Jiakun, afirmou que o país "mantém sua força nuclear no nível mínimo necessário para garantir a segurança nacional" e que "a estratégia é focada em autodefesa".

O impacto da China na dinâmica global

A ascensão da China como uma potência nuclear modifica o equilíbrio estratégico global. Além do aumento numérico, especialistas apontam para o avanço em sistemas de lançamento, mobilidade e sobrevivência, incluindo novos ICBMs móveis, submarinos com capacidade de lançamento de mísseis e possíveis instalações de ogivas em túneis subterrâneos.

A presença chinesa também pressiona os demais países detentores de armas nucleares — como França (290), Reino Unido (225), Índia (180), Paquistão (170), Israel (90) e Coreia do Norte (50) — a reavaliar suas estratégias de dissuasão. O crescimento chinês reforça a percepção de uma nova corrida armamentista, desafiando os esforços de controle e redução de arsenais em escala global.

O SIPRI destaca ainda que, mesmo com os tratados existentes, como o New START entre EUA e Rússia, não há mecanismos multilaterais eficazes que envolvam a China ou outras potências nucleares emergentes.

Acompanhe tudo sobre:ChinaEstados Unidos (EUA)RússiaArmas nucleares

Mais de Mundo

Melhorar a saúde e combater doenças requer espaço fiscal, diz Lula na última sessão do Brics

Às vésperas de tarifas de Trump, países ainda não fecharam acordos comerciais

Federação Israelita de SP cobra 'coragem' para apontar 'verdadeiros culpados' após fala de Lula

Design furtivo e conexão remota: veja como funciona narcosubmarino colombiano operado via Starlink