Chile vai às urnas com Bachelet favorita
Médica e mãe divorciada de três filhos, Bachelet representa a "Nova Maioria", uma aliança de socialistas, democratas cristãos e comunistas
Da Redação
Publicado em 17 de novembro de 2013 às 21h00.
Santiago - Os chilenos foram convocados no domingo a votar nas eleições gerais em que a ex-presidente Michelle Bachelet é favorita absoluta com um ambicioso plano de reformas econômicas e da Constituição herdada da época do ditador Augusto Pinochet.
Bachelet, uma socialista de 62 anos que em 2006 se tornou a primeira mulher a ocupar a Presidência do Chile , lidera com grande vantagem todas as pesquisas, com 47% das intenções de voto, e pode vencer no primeiro turno.
Dos seus oito adversários, a melhor colocada é a ex-ministra de direita Evelyn Matthei, com 14%.
Médica e mãe divorciada de três filhos, Bachelet representa a "Nova Maioria", uma aliança de socialistas, democratas cristãos e comunistas.
A carismática ex-presidente promete um "novo ciclo" com várias reformas, com destaque para a tributária, a educacional e para uma nova Constituição que tem como objetivo acabar com o legado da ditadura de Pinochet (1973-1990).
"O Chile mudou e é agora um país mais ativo e com maior consciência de seus direitos", declarou Bachelet em março, quando anunciou sua decisão de concorrer novamente à Presidência.
Bachelet afirma que quer corrigir a desigualdade social em um país com taxas invejáveis de crescimento econômico e estabilidade, mas onde o fosso que separa os mais ricos dos mais pobres é um dos maiores, segundo relatórios da OCDE.
A candidata promete um aumento progressivo dos impostos sobre as empresas, para arrecadar cerca de 8 bilhões de dólares e injetá-los na educação, um dos principais focos do descontentamento social no Chile.
Bachelet promete ensino universitário gratuito em seis anos e quer acabar gradualmente com um sistema de cobranças de mensalidades em estabelecimentos escolares que recebem subsídios estatais.
Com essas propostas, Bachelet vai tentar atender às demandas do poderoso movimento estudantil chileno, que em 2011 organizou grandes passeatas para exigir ensino público de qualidade e gratuito.
Para essas mudanças, ela precisa de uma ampla maioria no Congresso, que também será renovado no domingo.
As pesquisas preveem que Bachelet obterá a maioria no Congresso, mas não com a folga necessária para realizar as reformas mais profundas, incluindo a nova Constituição.
Presidente no primeiro turno?
"Não há incerteza sobre quem será a nova presidente do Chile, que, todas as pesquisas indicam que será Michelle Bachelet, a menos que algo extraordinário aconteça", declarou à AFP o especialista em eleições Mauricio Morales.
Bachelet pode vencer no primeiro turno, o que não acontece desde 1993. Mas, sendo a primeira eleição presidencial com voto facultativo, a previsibilidade das pesquisas diminui.
Como único precedente está a abstenção de 60% nas eleições municipais de 2012, quando o novo sistema estreou.
A vitória no primeiro turno dependerá do número de eleitores. Com uma lista de mais de 13 milhões de pessoas aptas a votar, o esperado é que entre 7 e 9 milhões compareçam às urnas. Uma taxa de participação baixa beneficiaria a ex-presidente, que tem cerca de 3,5 milhões de eleitores garantidos.
O segundo lugar é disputado por Matthei, ex-ministra do Trabalho, que atrai uma adesão de 14%, e o economista independente Franco Parisi (10%), a surpresa desta eleição depois de ter se destacado na política há um pouco mais de um ano.
Mais abaixo está o ex-deputado socialista Marco Enríquez-Ominami, que na eleição passada conseguiu 20% dos votos, mas que atualmente não deve superar os 7%, seguido de Marcel Claude, da extrema-esquerda.
Os outros cinco candidatos não apresentaram resultados expressivos nas pesquisas.
Uma popularidade "irracional" frente a uma direita em crise
“Bachelet desempenha uma liderança não ideológica. É uma figura com uma liderança que não tem explicação racional”, declarou à AFP o analista Guillermo Holzmann, para explicar o fenômeno de popularidade da ex-presidente.
Eleições no Chile
Sua maior base de apoio está entre as mulheres pobres, que veem nela uma mãe capaz de "resolver os problemas mais comuns, como problemas matrimoniais".
Em um país com uma enorme desigualdade entre ricos e pobres, suas promessas tocaram o ponto certo. "Um Chile de todos" é o slogan de sua campanha.
Filha de um general da Força Aérea assassinado pela ditadura de Pinochet, torturada e enviada ao exílio junto com sua mãe, a história de vida de Bachelet também é vista com bons olhos entre a população que tenta deixar para trás seus traumas e pesadelos 40 anos depois do golpe.
Sua vantagem de mais de 30 pontos, é reflexo da profunda crise da direita chilena, que teve muita dificuldade para nomear seu candidato e precisou encarar de frente o aniversário de 40 anos da instauração da ditadura de Pinochet.
“Há uma profunda crise na direita. É possível que Matthei receba apoio abaixo do esperado”, considerou Marcelo Mella, analista da Universidade de Santiago.
Santiago - Os chilenos foram convocados no domingo a votar nas eleições gerais em que a ex-presidente Michelle Bachelet é favorita absoluta com um ambicioso plano de reformas econômicas e da Constituição herdada da época do ditador Augusto Pinochet.
Bachelet, uma socialista de 62 anos que em 2006 se tornou a primeira mulher a ocupar a Presidência do Chile , lidera com grande vantagem todas as pesquisas, com 47% das intenções de voto, e pode vencer no primeiro turno.
Dos seus oito adversários, a melhor colocada é a ex-ministra de direita Evelyn Matthei, com 14%.
Médica e mãe divorciada de três filhos, Bachelet representa a "Nova Maioria", uma aliança de socialistas, democratas cristãos e comunistas.
A carismática ex-presidente promete um "novo ciclo" com várias reformas, com destaque para a tributária, a educacional e para uma nova Constituição que tem como objetivo acabar com o legado da ditadura de Pinochet (1973-1990).
"O Chile mudou e é agora um país mais ativo e com maior consciência de seus direitos", declarou Bachelet em março, quando anunciou sua decisão de concorrer novamente à Presidência.
Bachelet afirma que quer corrigir a desigualdade social em um país com taxas invejáveis de crescimento econômico e estabilidade, mas onde o fosso que separa os mais ricos dos mais pobres é um dos maiores, segundo relatórios da OCDE.
A candidata promete um aumento progressivo dos impostos sobre as empresas, para arrecadar cerca de 8 bilhões de dólares e injetá-los na educação, um dos principais focos do descontentamento social no Chile.
Bachelet promete ensino universitário gratuito em seis anos e quer acabar gradualmente com um sistema de cobranças de mensalidades em estabelecimentos escolares que recebem subsídios estatais.
Com essas propostas, Bachelet vai tentar atender às demandas do poderoso movimento estudantil chileno, que em 2011 organizou grandes passeatas para exigir ensino público de qualidade e gratuito.
Para essas mudanças, ela precisa de uma ampla maioria no Congresso, que também será renovado no domingo.
As pesquisas preveem que Bachelet obterá a maioria no Congresso, mas não com a folga necessária para realizar as reformas mais profundas, incluindo a nova Constituição.
Presidente no primeiro turno?
"Não há incerteza sobre quem será a nova presidente do Chile, que, todas as pesquisas indicam que será Michelle Bachelet, a menos que algo extraordinário aconteça", declarou à AFP o especialista em eleições Mauricio Morales.
Bachelet pode vencer no primeiro turno, o que não acontece desde 1993. Mas, sendo a primeira eleição presidencial com voto facultativo, a previsibilidade das pesquisas diminui.
Como único precedente está a abstenção de 60% nas eleições municipais de 2012, quando o novo sistema estreou.
A vitória no primeiro turno dependerá do número de eleitores. Com uma lista de mais de 13 milhões de pessoas aptas a votar, o esperado é que entre 7 e 9 milhões compareçam às urnas. Uma taxa de participação baixa beneficiaria a ex-presidente, que tem cerca de 3,5 milhões de eleitores garantidos.
O segundo lugar é disputado por Matthei, ex-ministra do Trabalho, que atrai uma adesão de 14%, e o economista independente Franco Parisi (10%), a surpresa desta eleição depois de ter se destacado na política há um pouco mais de um ano.
Mais abaixo está o ex-deputado socialista Marco Enríquez-Ominami, que na eleição passada conseguiu 20% dos votos, mas que atualmente não deve superar os 7%, seguido de Marcel Claude, da extrema-esquerda.
Os outros cinco candidatos não apresentaram resultados expressivos nas pesquisas.
Uma popularidade "irracional" frente a uma direita em crise
“Bachelet desempenha uma liderança não ideológica. É uma figura com uma liderança que não tem explicação racional”, declarou à AFP o analista Guillermo Holzmann, para explicar o fenômeno de popularidade da ex-presidente.
Eleições no Chile
Sua maior base de apoio está entre as mulheres pobres, que veem nela uma mãe capaz de "resolver os problemas mais comuns, como problemas matrimoniais".
Em um país com uma enorme desigualdade entre ricos e pobres, suas promessas tocaram o ponto certo. "Um Chile de todos" é o slogan de sua campanha.
Filha de um general da Força Aérea assassinado pela ditadura de Pinochet, torturada e enviada ao exílio junto com sua mãe, a história de vida de Bachelet também é vista com bons olhos entre a população que tenta deixar para trás seus traumas e pesadelos 40 anos depois do golpe.
Sua vantagem de mais de 30 pontos, é reflexo da profunda crise da direita chilena, que teve muita dificuldade para nomear seu candidato e precisou encarar de frente o aniversário de 40 anos da instauração da ditadura de Pinochet.
“Há uma profunda crise na direita. É possível que Matthei receba apoio abaixo do esperado”, considerou Marcelo Mella, analista da Universidade de Santiago.