Ativistas chilenos protestam no centro de Santiago (AFP / Martin Bernetti)
Da Redação
Publicado em 11 de setembro de 2011 às 16h25.
Santiago - O Chile lembrou, neste domingo, o 38° aniversário do golpe de Estado que depôs o presidente socialista Salvador Allende e instalou a ditadura de Augusto Pinochet, recordando as 3.225 vítimas de uma ditadura que durou 17 anos, com passeata e confrontos com a polícia.
Convocadas pela Associação de Familiares de Presos Desaparecidos, milhares de pessoas se concentraram no centro de Santiago, levando bandeiras chilenas e cartazes em defesa da educação pública, seguindo pelas ruas da capital, sem conseguir aproximar-se do palácio presidencial de La Moneda, cercado pelas forças da ordem.
Foi neste local onde, em 11 de setembro de 1973, chegou ao fim o governo socialista de Salvador Allende, o primeiro e único marxista a chegar ao poder na América Latina pelas urnas, morto em meio ao bombardeio aéreo e terrestre ao palácio, por golpistas liderados por Augusto Pinochet.
Uma investigação em curso, aberta em janeiro passado, chegou à conclusão que Allende se suicidou nesse dia, com um fuzil presenteado pelo amigo, o ex-presidente cubano Fidel Castro.
A exumação dos restos do ex-presidente, confirmou a versão oficial aceita até agora e apoiada pela família, deitando por terra uma teoria de assassinato.
A marcha foi encerrada com incidentes nas imediações do cemitério geral, quando um grupo de encapuzados enfrentou a polícia, atirando pedras e paus nos agentes, queimando pneus e outros objetos, além de atacar jornalistas e fotógrafos.
A polícia usou jatos d'água e granadas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.
Foram também registrados distúrbios menores, depois da instalação de barricadas, em bairros da periferia de Santiago e no porto vizinho de Valparaíso, com a detenção de quatro pessoas; um policial ficou ferido.
Prevendo mais incidentes para a noite, o governo anunciou uma operação especial, enquanto o comércio fechou mais cedo suas lojas, para evitar incidentes.
Pinochet morreu aos 91 anos - no dia 10 de dezembro de 2006- sem ter sido condenado pela Justiça, apesar de inúmeros processos abertos contra ele por violações aos direitos humanos e enriquecimento ilícito.