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Chefe talibã renuncia por erro na escolha de sucessor

"Para me salvar de esperadas futuras disputas e não estragar as conquistas, decidi deixar meu trabalho", anunciou o líder


	Membros do Taleban no Afeganistão: os insurgentes "deveriam preservar sua independência e considerar independentemente a nomeação de uma nova liderança, pois de outra forma enfrentarão uma desgraça histórica", acrescentou Tayyab Agha
 (Tariq Mahmood/AFP)

Membros do Taleban no Afeganistão: os insurgentes "deveriam preservar sua independência e considerar independentemente a nomeação de uma nova liderança, pois de outra forma enfrentarão uma desgraça histórica", acrescentou Tayyab Agha (Tariq Mahmood/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2015 às 11h52.

Cabul - O chefe do escritório dos talibãs afegãos no Catar, Syed Muhammad Tayyab Agha, anunciou nesta terça-feira sua renúncia por considerar um "erro histórico" a ocultação da morte do mulá Omar e o modo de escolha de seu sucessor, evidenciando as divergências internas entre os insurgentes no Afeganistão.

"Para me salvar de esperadas futuras disputas e não estragar as conquistas, decidi deixar meu trabalho", anunciou o líder desse departamento de representação política talibã, a quem o grupo encomendou as negociações de paz com o governo do Afeganistão.

A designação de Akhtar Mohammad Mansur como sucessor de Omar à frente dos talibãs afegãos foi "um grande erro histórico, pois a nomeação de um líder de fora do país repercutiu mal para a nação afegã", afirmou Tayyab Agha, em referência à cerimônia de nomeação ter sido realizada na sexta-feira no Paquistão.

Os insurgentes "deveriam preservar sua independência e considerar independentemente a nomeação de uma nova liderança, pois de outra forma enfrentarão uma desgraça histórica", acrescentou Tayyab Agha em referência à proximidade com o Paquistão atribuída a Mansur.

"Os talibãs honestos e leais não deveriam ser utilizados para os interesses de estrangeiros", advertiu.

O governo do Afeganistão havia anunciado na quarta-feira que mulá Omar morreu em um hospital de Karachi, no sul do Paquistão, em abril de 2013, e os insurgentes confirmaram no dia seguinte, embora tenham afirmado que ocorreu no Afeganistão.

Um dia após admitir sua morte, o grupo nomeou como Mansur, que em uma primeira mensagem fez um chamado à unidade e se referiu às negociações de paz com o Executivo de Cabul, embora não tenha se posicionado claramente a respeito.

Tayyab Agha havia lamentado não ter recebido nenhuma mensagem de áudio de Omar desde 2013, apesar de tê-las solicitado e de serem bons amigos, e qualificou igualmente de "erro histórico" terem escondido sua morte durante mais de dois anos.

O Conselho Supremo talibã rejeitou ontem a nomeação do mulá Mansur como líder do grupo insurgente, o que evidenciou as desavenças internas após a morte de Omar.

No início de julho aconteceu no Paquistão a primeira rodada de conversas entre o governo afegão e os talibãs, suspendidas temporariamente depois de o governo confirmar a morte de Omar.

Mansur, "número dois" de Omar desde 2010 e ministro de Aviação no governo talibã do Afeganistão entre 1996 e 2001, é considerado um insurgente moderado, aberto às negociações de paz e próximo às autoridades do Paquistão.

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