O presidente venezuelano Hugo Chavez: A MUD fez referência às eleições regionais do ano retrasado e acrescentou que a expressão de Chávez ofende 52% do país (Presidência/AFP)
Da Redação
Publicado em 27 de junho de 2012 às 17h36.
Caracas - A frase "quem não é chavista não é venezuelano", dita pelo presidente Hugo Chávez no domingo em um ato militar, "é extremamente grave e constitui uma incitação ao ódio e à agressão", declarou nesta quarta-feira a aliança opositora da Venezuela, MUD.
"Não há desculpa que justifique a gravidade" de tais palavras, disse a Mesa da Unidade Democrática (MUD) em comunicado que condena a frase dita por Chávez a milhares de soldados no 191º aniversário de uma batalha pela independência do país.
O fato de Chávez se expressar assim "em um ato militar... à Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb), aumenta a gravidade" do assunto, acrescentou a MUD, que questionou: "O que ele sugere? Que a Fanb deve ignorar uma opção que não seja "chavista"? Agredir o povo que não se identifica com o governo?".
A MUD realizou em fevereiro eleições primárias das quais Henrique Capriles saiu como o candidato único da aliança de partidos opositores para tentar impedir o presidente de ser novamente reeleito na votação presidencial de 7 de outubro.
A bancada opositora da Assembleia Nacional (Parlamento) apresentou ontem um acordo de condenação ao pronunciamento do chefe de Estado, mas o deputado Williams Fariñas, em nome do bloco de maioria chavista, rechaçou e acusou "a rançosa direita" de pretender "manchar" a Fanb.
"A Fanb é chavista, e nos sentimos orgulhosos disso porque o chavismo é do povo venezuelano", ressaltou Fariñas.
A MUD, por sua vez, fez referência às eleições regionais do ano retrasado e acrescentou que a "vergonhosa expressão" de Chávez "ofende não só 52% do país que votou pela alternativa democrática em 26 de setembro de 2010, que é a maioria, mas todo o país".
"O presidente - prosseguiu - pisa em terreno perigoso com uma expressão que já dá a volta ao mundo e o coloca no nível de um ditador, já que parece querer encerrar sua carreira política como um. Além disso, quer legitimar um "apartheid" e que os militares sejam os fiadores de uma hegemonia excludente e discriminatória".
A MUD, conclui o comunicado, "convida o país a uma reflexão diante de tão grave manifestação" e convida civis e militares "a mostrarem sua rejeição à declaração do presidente em 24 de junho, a rejeitar a chantagem de quem já tem o "rei na barriga", e quer ocultar seu fracasso incitando o ódio e a violência".