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Charlie Hebdo publica edição especial contra críticas

A capa da edição ''responsável'' aparece totalmente em branco, com a cabeceira de ''Charlie Hebdo'' e a frase ''periódico responsável''


	Nova edição do Charlie Hebdo: No interior do jornal não aparecem desenhos nem artigos, e limita-se a recolher títulos amenos
 (Divulgação)

Nova edição do Charlie Hebdo: No interior do jornal não aparecem desenhos nem artigos, e limita-se a recolher títulos amenos (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2012 às 21h39.

Paris - O jornal satírico francês ''Charlie Hebdo'' publicou nesta quarta-feira uma edição dupla: uma definida como ''responsável'' e outra como ''irresponsável'', em protesto contra as críticas recebidas após ter publicado charges de Maomé na semana passada.

''Não pararam de nos chamar de irresponsáveis por ter publicado os desenhos de Maomé. Pois bem, nesta semana quisemos mostrar o que é um jornal responsável'', explicou à Agência Efe o redator chefe da revista, Gérard Biard.

A capa da edição ''responsável'' aparece totalmente em branco, com a cabeceira de ''Charlie Hebdo'' e a frase ''periódico responsável''.

No interior do jornal não aparecem desenhos nem artigos, e limita-se a recolher títulos amenos, como ''A prudência é a mãe da segurança'', ''O desemprego, essa praga'' e ''Você sabe plantar repolho?''.

O único artigo que aparece no semanário é o editorial, que, em tom irônico, afirma que o jornal ''nunca mais voltará a ser crítico com o Islã do profeta Maomé''.

''Para não nos afastarmos do pensamento correto, ''Charlie'' submeterá suas caricaturas a cada semana a um comitê de censura presidido'' por representantes muçulmanos, judeus ''e pelo papa''.

''O novo ''Charlie'' permitirá a seus desenhistas viver normalmente, sem ameaças nem críticas de seus colegas, de especialistas em geopolítica ou de sociólogos'', acrescenta.

O semanário acrescenta de forma sarcástica que sua nova linha editorial ''levará em conta as suscetibilidades dos salafistas de Benghazi, evitando incomodar de qualquer forma a sensibilidade dos dirigentes da Al Qaeda''.

''''Charlie'' se compromete a que o medo guie seus lápis e promete nunca mais se interessar por qualquer loucura cometida em nome das religiões'', diz o texto.


''Muitos colegas e políticos nos chamaram de irresponsáveis. Seria preciso perguntar a eles o que é um jornal responsável'', acrescentou Biard.

As duas versões têm o preço habitual do diário, devido à ''responsabilidade de pagamento'', segundo o redator chefe.

Na capa do número ''irresponsável'' aparece, sob a manchete ''A invenção do humor'', um homem pré-histórico que em uma mão segura óleo e, na outra, fogo, em referência às acusações ao ''Chalie Hebdo'' de ter dado combustível à polêmica vivida no mundo islâmico, com a publicação das caricaturas de Maomé.

O jornal satírico foi duramente criticado por ter publicado as caricaturas de Maomé na semana passada, quando havia acontecido vários ataques a embaixadas e consulados ocidentais em países muçulmanos pela divulgação de um vídeo ridicularizando o Islã.

A publicação se esgotou nas bancas na quarta-feira passada, dia de seu lançamento, sendo reeditada dois dias depois.

Os fatos aconteceram um ano depois que a redação do jornal foi incendiada por ter publicado outras charges do profeta.

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