Mundo

Central nuclear iraniana será inaugurada em 21 de agosto

Feita pela Rússia para produção de energia, a usina começou a ser construída antes da revolução islâmica de 1979

O diretor da OIEA, Ali Salehi, confirma o funcionamento em breve da central (AFP/Atta Kenare)

O diretor da OIEA, Ali Salehi, confirma o funcionamento em breve da central (AFP/Atta Kenare)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

A Rússia colocará em funcionamento a primeira central nuclear do Irã no dia 21 de agosto, anunciaram nesta sexta-feira Moscou e Teerã, uma operação que causou forte descontentamento entre os países ocidentais que acusam Teerã de tentar obter a arma atômica.

A agência nuclear russa Rosatom indicou que o combustível nuclear russo abastecerá o reator da central de Buchehr, no sul de Irã, primeira etapa para a sua ativação efetiva.

"O combustível será colocado no reator no dia 21 de agosto. A partir desse momento, Buchehr será considerado uma instalação nuclear", explicou à AFP o porta-voz da Rosatom, Serguei Novikov.

O chefe da agência federal russa de energia atômica, Serguei Kirienko, estará presente em Buchehr para acompanhar o procedimento, ressaltou Novikov.

O chefe da Organização iraniana de Energia Atômica (OIEA), Ali Akbar Salehi, citado pelas agências iranianas Irna e Fars, confirmou o anúncio russo indicando que 165 barras de combustível serão transferidas em 21 de agosto para o prédio do reator antes de serem colocadas em seu núcleo.

"Depois de três a quatro meses, o bloco energético ficará em sua potência mínima de 1%", acrescentou um outro porta-voz da Rosatom, Vladislav Botchkov, sem indicar, entretanto, quando a central entrará realmente em funcionamento e produzirá eletricidade.

Bem mais otimista, Salehi assegurou que Buchehr começará a produzir por volta de meados de setembro.


A construção desta central foi concluída oficialmente em fevereiro de 2009 e a Rússia forneceu em seguida o combustível nuclear necessário para o seu funcionamento.

Esse projeto havia sido iniciado pelo grupo alemão Siemens antes da Revolução Islâmica de 1979, e depois foi interrompido logo após a eclosão da guerra Irã-Iraque em 1980. Em 1994, a Rússia retomou as obras, que deveriam terminar em 1999.

Irã está submetido a sanções reforçadas da ONU. A comunidade internacional suspeita que Teerã tente produzir a arma atômica sob o pretexto de um programa nuclear civil.

Os países ocidentais, com os Estados Unidos à frente, manifestaram a sua preocupação relacionada ao início das operações da central de Buchehr.

As autoridades russas ressaltaram que o desenvolvimento de Buchehr está sendo realizado sob supervisão da Rússia, aliada histórica do Irã, e da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

A Rússia, cada vez mais descontente com a intransigência iraniana sobre seu programa de enriquecimento de urânio, ressaltou que a central de Buchehr não tem relação alguma com o polêmico programa nuclear de Teerã.

O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin já havia afirmado em março que Buchehr funcionaria a partir deste verão (hemisfério norte), algo considerado prematuro pela secretária de Estado americana Hillary Clinton.

Hillary havia afirmado que o regime iraniano precisa "tranquilizar o mundo ou seu comportamento deve mudar em razão das sanções internacionais" para que possa "manter seu programa nuclear civil".

Leia mais sobre energia

Siga as últimas notícias de Meio Ambiente e Energia no Twitter

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaEnergiaEnergia nuclearEuropaInfraestruturaIrã - PaísRússiaUsinas

Mais de Mundo

Votação aquém do esperado de partido de Le Pen faz cotação do euro ficar estável

‘Isso não é um teste’: países se preparam para furacão Beryl, com ‘ventos com risco de vida’

Eleições na França: por que distritos com 3 ou mais candidatos no 2° turno podem barrar ultradireita

Presidente da Costa Rica demite ministra da Cultura por apoio à marcha LGBTQIAP+

Mais na Exame