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Centenas de yazidis iraquianos fogem dos jihadistas

Centenas de yazidis do Iraque estão buscando refúgio na Turquia, diante do avanço dos jihadistas sunitas

Mulheres yazidis que fugiram da cidade de Sinjar por causa da violência jihadista (Safin Hamed/AFP)

Mulheres yazidis que fugiram da cidade de Sinjar por causa da violência jihadista (Safin Hamed/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de agosto de 2014 às 14h40.

Ancara - Centenas de yazidis do Iraque, uma minoria em perigo ante o avanço dos jihadistas sunitas, estão buscando refúgio na Turquia, informou uma fonte oficial turca que pediu para não ser identificada.

Segundo a fonte, o número exato de refugiados ainda não é certo, mas outra fonte diplomática falou de algo em torno de 600 e 800 pessoas.

Os refugiados estão abrigados em um complexo de Silopi, cidade situada nas proximidades da fronteira entre o Iraque e a Turquia.

Outros refugiados, famílias inteiras que tiveram de caminhar por horas em água ou alimentos, estão à espera de permissão para entrar na Turquia.

"Não discriminamos de forma étnica nem religiosa quem quiser vir para a Turquia", indicou o ministro turco das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, ao canal NTV.

Ele enfatizou, no entanto, que em vista da experiência síria, a Turquia, que recebeu mais de 1,2 milhão de refugiados sírios desde o início do conflito neste outro Estado fronteiriço, preferia abrigar os refugiados iraquianos, sejam yazidis, turcomanos (comunidade de língua turca) ou curdos, em campos instalados no interior do Iraque, em zonas seguras.

Davutoglu convocou para uma reunião os comandantes militares para abordar a questão humanitária e de segurança no norte do Iraque, onde a ofensiva do Estado Isâmico (EI) provoca o êxodo de milhares de cristãos.

Os jihadistas, que nesta quinta-feira assumiram o controle de várias cidades do norte do Iraque, provocaram a fuga de 100.000 cristãos e retiraram as cruzes das igrejas, anunciou o patriarca caldeu Louis Sako.

"Há 100.000 deslocados cristãos que fugiram, alguns a pé, para a região do Curdistão", afirmou o patriarca à AFP".

"É um desastre humanitário, as igrejas estão tomadas e retiraram as cruzes", disse.

Os combatentes curdos do Iraque, da Síria e da Turquia uniram suas forças em uma rara aliança para lutar contra os jihadistas no norte iraquiano e ajudar milhares de civis encurralados nas montanhas próximas.

Os três grupos, cujas relações são geralmente tensas, colocaram temporariamente de lado as suas diferenças em uma espécie de união sagrada.

Milhares de civis, em sua maioria da minoria yazidi, estão presos nas montanhas do norte do Iraque, após fugirem dos jihadistas, que em 48 horas tomaram várias cidades curdas da região de Mossul, a segunda maior cidade do Iraque ocupada pelos extremistas no início de sua ofensiva em 9 de junho.

Sinjar, a 50 km da fronteira com a Síria, foi tomada no domingo, obrigando cerca de 200.000 pessoas fugirem, segundo a ONU. Os jihadistas também invadiram Zumar, outra cidade perto de Mossul, de um poço de petróleo e de Rabia, um posto fronteiriço entre a Síria e o Iraque.

Os jihadistas também assumiram nesta quinta-feira o controle de Qaraqosh, a maior cidade cristã do país, e outras áreas perto de Mossul (norte), segundo testemunhas e representantes religiosos.

Os combatentes do EI tomaram as localidades durante a noite, após a saída das forças curdas, de acordo com moradores.

"Sei que as cidades de Qaraqosh, Tal Kaif, Bartela e Karamlesh viram a saída da população e estão agora sob controle dos milicianos", afirmou Jospeh Thomas, arcebispo caldeu de Kirkuk e Suleimaniya, à AFP.

"Combatentes do EI atacaram na quarta-feira a maioria das localidades da planície de Nínive com morteiros. Tomaram várias delas", disse o patriarca Sako.

"Tanto o governo como as autoridades curdas são incapazes de defender nosso povo. Devem trabalhar juntos, com apoio internacional e equipamento militar moderno", completou.

"Hoje fazemos um apelo com muita dor e tristeza ao Conselho de Segurança da ONU, à União Europeia e às organizações humanitárias, para que ajudem estas pessoas em perigo", insistiu.

"Espero que não seja tarde para evitar um genocídio", completou o patriarca.

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