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CE alerta britânicos que não haverá piedade com desertores

Os partidários do Brexit desdenham de advertências como as de Juncker, e acreditam que elas são parte de uma estratégia para gerar medo

Reino Unido na UE: os partidários do Brexit desdenham de advertências como as de Juncker, e acreditam que elas são parte de uma estratégia para gerar medo (Toby Melville / Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2016 às 13h51.

O presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, fez o alerta mais sério até agora aos britânicos ao afirmar que Bruxelas não fará nenhum favor aos "desertores" da União Europeia .

"Os desertores não serão recebidos de braços abertos" em Bruxelas, disse em uma entrevista publicada pelo jornal francês Le Monde nesta sexta-feira, referindo-se à possibilidade de que os britânicos decidam sair da UE no referendo de 23 de junho.

"Se os britânicos disserem 'não', algo que espero que não ocorra, a vida comunitária não será como antes e o Reino Unido terá que aceitar ser considerado um terceiro Estado".

Faltando pouco mais de um mês para o referendo, os partidários da permanência na União Europeia adquiriram vantagem nas pesquisas, 55% a 45%, segundo uma média de pesquisas realizada pelo instituto What UK Think.

A mensagem de Juncker é destinada a contrabalançar um argumento central dos que pedem a saída, o de que o Reino Unido poderia manter uma relação cordial com a UE, por exemplo no campo comercial ou no intercâmbio de informação em assuntos de segurança.

Os partidários do Brexit desdenham de advertências como as de Juncker, e acreditam que elas são parte de uma estratégia para gerar medo.

"Acho que do Projeto Medo passaremos ao Projeto Ameaça. Me parece que Juncker está fazendo isso", avaliou em declaração à AFP, Nigel Farage, líder do UKIP, partido anti-UE. "O que você esperava? Toda sua vida foi dedicada a construir essas estruturas falsas e antidemocráticas em Bruxelas".

Boris Johnson, ex-prefeito de Londres, deputado conservador e líder dos anti-UE, criticou na terça-feira os que "preveem uma terceira guerra mundial e o afundamento da economia se formos embora".

Michael Gove, ministro da Justiça e também pró-Brexit, disse há pouco tempo que a saída "despertaria a ira de certas elites, não porque o Reino Unido esteja destinado a um futuro sombrio e pobre, pelo contrário. O que os enfureceria seria o êxito do Reino Unido fora da UE".

Cumberbatch e Keira Knightley defendem UE

O primeiro-ministro David Cameron, que defende a permanência, se cercou nesta sexta-feira do mundo da cultura nos famosos estúdios de Abbey Road, Londres, onde os Beatles gravaram seus discos, em um ato pró-UE.

Cameron não pôde evitar a tentação de recriar a famosa capa dos Beatles na qual atravessavam a rua em frente ao estúdio.

O ato de Cameron coincidiu com a publicação de um manifesto a favor da UE assinado pelos atores Benedict Cumberbatch e Keira Knightley, pelo escritor John le Carré e por um total de 282 figuras britânicas da arte e da cultura.

"O Reino Unido não é apenas mais forte na Europa, é mais imaginativo e criativo. Nosso êxito artístico mundial se veria seriamente comprometido por uma saída da UE", afirmam os signatários no manifesto publicado nos jornais The Daily Telegraph e The Guardian.

"Abandonar a Europa seria um salto no desconhecido para milhões de pessoas que, em todo o Reino Unido, trabalham em campos artísticos e para milhões de outras pessoas que, aqui e no exterior, se beneficiam do crescimento e do dinamismo do setor cultural britânico", completa a carta.

Além dos já citados, entre os signatários também estão os atores Bill Nighy, Chiwetel Ejiofor, Kristin Scott Thomas, Helena Bonham Carter e Derek Jacobi; o grupo Franz Ferdinand e a cantora Paloma Faith, a estilista Vivienne Westwood e os escritores Tom Stoppard e Hilary Mantel.

Uma pesquisa com integrantes da Federação de Indústrias Criativas da Grã-Bretanha mostrou que 96% deles desejam permanecer na UE, por conta do acesso ao mercado europeu, dos subsídios, da livre circulação e da influência que isto representa.

No setor artístico, o ator Michael Caine é o nome mais famoso que se pronunciou a favor da saída da UE.

Finalmente, britânicos que vivem há mais de 15 anos no exterior anunciaram que levarão à Suprema Corte a proibição de votar no referendo sobre a União Europeia, depois de perderem nesta sexta-feira a batalha na segunda instância.

Harry Shindler, um idoso veterano britânico da Segunda Guerra Mundial que vive na Itália, e Jacquelyn MacLennan, britânica residente na Bélgica, pretendem levar o caso aos tribunais, convencidos de que a restrição viola seu direito à liberdade de circulação na UE.

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O presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, fez o alerta mais sério até agora aos britânicos ao afirmar que Bruxelas não fará nenhum favor aos "desertores" da União Europeia .

"Os desertores não serão recebidos de braços abertos" em Bruxelas, disse em uma entrevista publicada pelo jornal francês Le Monde nesta sexta-feira, referindo-se à possibilidade de que os britânicos decidam sair da UE no referendo de 23 de junho.

"Se os britânicos disserem 'não', algo que espero que não ocorra, a vida comunitária não será como antes e o Reino Unido terá que aceitar ser considerado um terceiro Estado".

Faltando pouco mais de um mês para o referendo, os partidários da permanência na União Europeia adquiriram vantagem nas pesquisas, 55% a 45%, segundo uma média de pesquisas realizada pelo instituto What UK Think.

A mensagem de Juncker é destinada a contrabalançar um argumento central dos que pedem a saída, o de que o Reino Unido poderia manter uma relação cordial com a UE, por exemplo no campo comercial ou no intercâmbio de informação em assuntos de segurança.

Os partidários do Brexit desdenham de advertências como as de Juncker, e acreditam que elas são parte de uma estratégia para gerar medo.

"Acho que do Projeto Medo passaremos ao Projeto Ameaça. Me parece que Juncker está fazendo isso", avaliou em declaração à AFP, Nigel Farage, líder do UKIP, partido anti-UE. "O que você esperava? Toda sua vida foi dedicada a construir essas estruturas falsas e antidemocráticas em Bruxelas".

Boris Johnson, ex-prefeito de Londres, deputado conservador e líder dos anti-UE, criticou na terça-feira os que "preveem uma terceira guerra mundial e o afundamento da economia se formos embora".

Michael Gove, ministro da Justiça e também pró-Brexit, disse há pouco tempo que a saída "despertaria a ira de certas elites, não porque o Reino Unido esteja destinado a um futuro sombrio e pobre, pelo contrário. O que os enfureceria seria o êxito do Reino Unido fora da UE".

Cumberbatch e Keira Knightley defendem UE

O primeiro-ministro David Cameron, que defende a permanência, se cercou nesta sexta-feira do mundo da cultura nos famosos estúdios de Abbey Road, Londres, onde os Beatles gravaram seus discos, em um ato pró-UE.

Cameron não pôde evitar a tentação de recriar a famosa capa dos Beatles na qual atravessavam a rua em frente ao estúdio.

O ato de Cameron coincidiu com a publicação de um manifesto a favor da UE assinado pelos atores Benedict Cumberbatch e Keira Knightley, pelo escritor John le Carré e por um total de 282 figuras britânicas da arte e da cultura.

"O Reino Unido não é apenas mais forte na Europa, é mais imaginativo e criativo. Nosso êxito artístico mundial se veria seriamente comprometido por uma saída da UE", afirmam os signatários no manifesto publicado nos jornais The Daily Telegraph e The Guardian.

"Abandonar a Europa seria um salto no desconhecido para milhões de pessoas que, em todo o Reino Unido, trabalham em campos artísticos e para milhões de outras pessoas que, aqui e no exterior, se beneficiam do crescimento e do dinamismo do setor cultural britânico", completa a carta.

Além dos já citados, entre os signatários também estão os atores Bill Nighy, Chiwetel Ejiofor, Kristin Scott Thomas, Helena Bonham Carter e Derek Jacobi; o grupo Franz Ferdinand e a cantora Paloma Faith, a estilista Vivienne Westwood e os escritores Tom Stoppard e Hilary Mantel.

Uma pesquisa com integrantes da Federação de Indústrias Criativas da Grã-Bretanha mostrou que 96% deles desejam permanecer na UE, por conta do acesso ao mercado europeu, dos subsídios, da livre circulação e da influência que isto representa.

No setor artístico, o ator Michael Caine é o nome mais famoso que se pronunciou a favor da saída da UE.

Finalmente, britânicos que vivem há mais de 15 anos no exterior anunciaram que levarão à Suprema Corte a proibição de votar no referendo sobre a União Europeia, depois de perderem nesta sexta-feira a batalha na segunda instância.

Harry Shindler, um idoso veterano britânico da Segunda Guerra Mundial que vive na Itália, e Jacquelyn MacLennan, britânica residente na Bélgica, pretendem levar o caso aos tribunais, convencidos de que a restrição viola seu direito à liberdade de circulação na UE.

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