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Catar constrói uma cidade para receber a Copa de 2022

Lusail ainda é um imenso canteiro de obras no meio do deserto

Lusail Hall: por enquanto, o que sobressai na paisagem árida da cidade é a silhueta imponente da arena (REUTERS/Mohammed Dabbous)

Lusail Hall: por enquanto, o que sobressai na paisagem árida da cidade é a silhueta imponente da arena (REUTERS/Mohammed Dabbous)

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Da Redação

Publicado em 1 de fevereiro de 2015 às 09h10.

Doha - A final do Mundial Masculino de Handebol será disputada neste domingo entre França e Catar em uma cidade que ainda não existe. Lusail, que em 2022 receberá a abertura e a final da Copa do Mundo, fica a 15 quilômetros e é um imenso canteiro de obras no meio do deserto.

Por enquanto, o que sobressai na paisagem árida é a silhueta imponente do Lusail Hall, o espetacular ginásio multiuso que abrigará a final do handebol e foi erguido ao custo de R$ 800 milhões.

Em um país rico graças à produção de gás e de petróleo, onde o litro da gasolina é mais barato que uma garrafa de água, às margens do Golfo Pérsico está sendo construída do nada uma cidade do tamanho de Santos.

O preço da ambição: US$ 45 bilhões, cerca de R$ 115 bilhões. Em 38 quilômetros quadrados haverá marinas, lagos, campos de golpe, quatro ilhas e um sem número de edifícios, hotéis e resorts.

E, claro, haverá um estádio de futebol: o Iconic, concebido para abertura e final da Copa. Será abastecido por energia solar e terá capacidade para receber 86 mil pessoas.

A reportagem visitou Lusail e percorreu as ruas do interminável canteiro de obras da "cidade do futuro", como é orgulhosamente chamada pela Qatari Diar, um fundo de investimento que pertence ao governo. A construção começou em 2006, bem antes da confirmação de que o Catar receberia a Copa em 2022. Mas será surpreendente se, daqui a pouco mais de sete anos, Lusail estiver realmente pronta como mostram os projetos oficiais.

O que move a cidade são caminhões, andaimes, guindastes e operários, que vêm, em sua maioria, do sul da Ásia: da Índia, de Bangladesh, do Nepal, da Tailândia e até da Coreia da Norte. Recebem entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, dependendo da qualificação.

Já houve denúncias de trabalho escravo. Em 2013, o jornal inglês The Guardian publicou documentos mostrando que, naquele verão, morreram 44 trabalhadores nepaleses. A maioria de ataque cardíaco. Um dos motivos seria a longa jornada de trabalho, de até 12 horas em lugar onde a temperatura pode atingir 50 graus. O governo do Catar nega as acusações e afirma que não toleraria jornadas de trabalho que colocassem em risco a saúde dos trabalhadores e que iria iniciar uma investigação nas empresas subcontratadas.

Lusail passará por uma transformação, mais rápida e radical, como aconteceu com a capital Doha, que há poucas décadas atrás era uma cidade sem arranha-céus e fora da rota do turismo mundial. Mas até mesmo Doha ainda vive de obras. De novos hotéis, prédios residenciais e comerciais. Alguns permanecem vazios, outro funcionam com 50% de sua capacidade.

A principal intervenção urbanística na capital do Catar será a construção, até a Copa, de um sistema de transporte sob trilhos. A ideia é inaugurar três linhas de metrô ao mesmo tempo. Uma delas irá até Lusail.

Em Doha, vive cerca de 60% da população do Catar (cerca de 2 milhões de habitantes, 400 mil catarianos). Em Lusail, são esperadas 200 mil pessoas com residência fixa, além de 170 mil trabalhadores e 80 mil turistas.

O ginásio para o Mundial de Handebol custou nada menos que R$ 800 milhões. Grande e moderna, a arena foi construída com uma cúpula de vidro que representa cores da areia, da água do mar e das pérolas. São símbolos do Catar, país que tenta se projetar ao mundo por meio do esporte - seja qual for o custo.

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