Catalunha mantém referendo após "não" da Escócia
Processo para a convocação de referendo de autodeterminação na Catalunha foi reforçado, apesar da vitória do "não" na Escócia a plebiscito separatista
Da Redação
Publicado em 19 de setembro de 2014 às 10h31.
Barcelona - O processo para a convocação de um referendo de autodeterminação na Catalunha foi reforçado, apesar da vitória do "não" na Escócia a uma separação do Reino Unido , afirmou nesta sexta-feira o presidente regional catalão, Artur Mas.
"O processo catalão segue adiante", afirmou Mas em uma coletiva de imprensa em Barcelona.
"Digo isso porque se alguém podia ter alguma ilusão de que a vitória do 'não' na Escócia iria projetar uma sombra sobre o projeto catalão, vai se decepcionar", ressaltou.
O chefe do governo espanhol, o conservador Mariano Rajoy, havia afirmado pouco antes em uma mensagem institucional se sentir muito feliz com o resultado da consulta escocesa.
Diferentemente de Londres, que acordou com o governo regional escocês a realização do referendo soberanista, o executivo de Madri se opõe categoricamente à convocação de uma consulta na Catalunha, região do nordeste da Espanha, por considerá-la contrária à Constituição.
"O que vimos na Escócia e no Reino Unido é o bom caminho e de fato é o único caminho para resolver os conflitos", acrescentou Mas.
"O processo catalão se sente reforçado porque vemos como um país da União Europeia entra de acordo para permitir votar", afirmou, considerando que com esta consulta os britânicos "deram uma grande lição de democracia a todo o mundo".
Diante da negativa de Madri, o partido nacionalista conservador CiU de Mas, apoiado por uma maioria de formações políticas regionais lideradas pelos independentistas de esquerda de ERC, anunciou unilateralmente em dezembro sua intenção de convocar uma consulta soberanista no dia 9 de novembro.
Esta deve constar de uma dupla pergunta: "Quer que a Catalunha seja um Estado? Quer que seja um Estado independente?".
Mas assegura querer organizá-la "dentro de um âmbito legal", razão pela qual o Parlamento regional catalão se preparava para aprovar nesta sexta-feira uma lei de consultas catalã, que o executivo de Rajoy recorrerá imediatamente ante o Tribunal Constitucional.