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Castro anuncia relações diplomáticas com EUA restabelecidas

Em troca por três presos, Cuba libertou hoje e já enviou aos Estados Unidos "um espião de origem cubana que esteve a serviço dessa nação", detalhou Castro

Castro em pronunciamento: presidente reafirmou a "vontade" do governo de Cuba em dialogar (Stringer/Reuters)

Castro em pronunciamento: presidente reafirmou a "vontade" do governo de Cuba em dialogar (Stringer/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2014 às 15h43.

Havana - O presidente de Cuba, Raúl Castro, anunciou nesta quarta-feira que Cuba e Estados Unidos definiram o "restabelecimento das relações diplomáticas" e a "adoção de medidas mútuas para melhorar o clima bilateral".

Castro agradeceu o apoio do Vaticano e do papa Francisco ao "melhoramento" das relações entre Cuba e Estados Unidos, e ao governo do Canadá por ter facilitado um diálogo de "alto nível", que os dois países realizaram ali durante vários meses de forma secreta.

"Resultado de um diálogo no mais alto nível, que incluiu uma conversa telefônica que tive ontem com o presidente Barack Obama, foi possível avançar na solução de alguns temas de interesse para ambas nações", declarou Castro, vestido com seu uniforme militar, em um discurso na televisão estatal cubana.

Fruto destas conversas, os dois países decidiram pela libertação, concretizada hoje, do funcionário terceirizado americano Alan Gross, preso por subversão em Cuba em cinco anos; assim como dos três agentes cubanos do grupo conhecido como "Los Cinco", que permaneciam presos nos Estados Unidos.

Em troca por estes três presos, Cuba libertou hoje e já enviou aos Estados Unidos "um espião de origem cubana que esteve a serviço dessa nação", detalhou Castro.

O líder cubano esclareceu que, embora se tenha decidido avançar na normalização das relações entre os dois países, "isto não quer dizer que o principal tenha sido resolvido" e exigiu o fim do "bloqueio econômico, comercial e financeiro que provoca enormes danos humanos e econômicos".

"Embora as medidas do bloqueio tenham sido transformadas em lei, o presidente dos Estados Unidos pode modificar sua aplicação com o uso de suas faculdades executivas", lembrou Castro.

O presidente cubano admitiu que persistem profundas diferenças entre os dois países, "fundamentalmente em matéria de soberania nacional, democracia, direitos humanos e política externa", mas reafirmou a "vontade" do governo de Cuba em dialogar sobre todos esses temas.

"Propomos ao governo dos Estados Unidos a adoção de medidas mútuas para melhorar o clima bilateral e avançar rumo à normalização dos vínculos entre nossos países, baseados nos princípios do Direito Internacional e na Carta das Nações Unidas", ressaltou Castro.

Neste novo clima de diálogo, Castro pediu que os EUA "removam os obstáculos que impedem ou restringem os vínculos entre nossos povos", em particular os relativos às viagens, ao correio postal direto e às telecomunicações.

"Os progressos alcançados nas conversas realizadas demonstram que é possível encontrar solução para muitos problemas. Como repetimos, devemos aprender a arte de conviver, de forma civilizada, com nossas diferenças", ponderou.

Os casos de Gross e de "Los Cinco" se transformaram em uma das principais barreiras para o degelo das relações entre Cuba e Estados Unidos, que não têm laços diplomáticos desde 1961.

No entanto, a libertação de Gross aconteceu em um momento no qual há um ambiente propício para uma aproximação à ilha em alguns círculos de Washington, postura defendida também pelo jornal "The New York Times", que desde o último mês de outubro publicou oito editoriais a respeito.

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