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Caso Assange continua parado entre Equador e Reino Unido

William Hague, insistiu durante a reunião que o Reino Unido não reconhece a legalidade do asilo diplomático outorgado pelo Equador

Julian Assange: A Anistia Internacional (AI) pediu hoje à Suécia garantias de que, se Assange for interrogado no país, não será extraditado aos EUA (Chris Helgren/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2012 às 18h16.

Nova York - O caso Julian Assange continua em ponto morto após a reunião desta quinta-feira em Nova York entre os chanceleres de Equador e Reino Unido, já que o país sul-americano reivindicou um salvo-conduto para que o ativista possa sair do território britânico, e Londres reiterou que deve extraditá-lo para a Suécia.

A reunião, realizada em um hotel de Nova York, foi "muito positiva" e, embora "não vejamos uma solução imediata, entendemos que há disposição" do Reino Unido "para tratar do tema", disse o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, aos jornalistas após o encontro que durou cerca de meia hora.

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O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, insistiu durante a reunião que o Reino Unido não reconhece a legalidade do asilo diplomático outorgado pelo Equador ao fundador do Wikileaks, por isso "tem a obrigação de extraditar Assange para a Suécia", segundo comunicado de seu porta-voz.

Apesar de Patiño ter comentado aos jornalistas e no seu Twitter que confia em uma solução "diplomática e amistosa", o certo é que ambos os governos se mantiveram firmes nas posturas que vêm defendendo desde o início da disputa, quando Assange se refugiou na embaixada equatoriana em Londres há três meses.

"Colocamos que requereremos o salvo-conduto", resumiu Patiño, para quem isso é "o que corresponde" com a decisão do Equador de oferecer o asilo solicitado por Assange.

Os britânicos "nos disseram que por enquanto não têm essa possibilidade, mas não se negaram a analisar o tema" e toda a "fundamentação jurídica" entregue pelo Equador, acrescentou o chanceler.

Patiño lembrou a seu colega britânico durante o encontro que existe um acordo de extradição entre Reino Unido e Equador "que está vigente", e também transmitiu a Hague a preocupação do governo de Rafael Correa com a possível deterioração do estado de saúde de Assange.


"Diante de uma emergência, o que devemos fazer? No caso de uma apendicite aguda, será preciso improvisar uma cirurgia na embaixada ou poderemos levá-lo a um hospital?", explicou o chanceler ao detalhar que o Reino Unido se comprometeu a dar uma resposta para tais preocupações.

Segundo Patiño, "o assunto é que a Assange foi concedido o asilo. Ele tem o direito de desfrutar do asilo e os direitos humanos fundamentais estão acima de qualquer outro tipo de legislação interna ou de um requerimento" como o da Suécia, que o reivindica por supostos crimes sexuais.

Já Hague descreveu na reunião "as amplas salvaguardas de direitos humanos na lei de extradição do Reino Unido" e pediu ao Equador que as estude, segundo o comunicado de seu porta-voz.

"Ambos os ministros concordaram quanto ao comprometimento pela busca de uma solução diplomática", acrescentou o comunicado britânico.

No Twitter, Hague escreveu que o encontro com seu colega equatoriano foi "amigável" e que haverá uma nova reunião, que segundo Patiño será "nas próximas semanas", embora ainda sem lugar e data definidos.

Assange é requerido pela justiça sueca por supostos crimes sexuais e o governo equatoriano espera que, se não for concedido o salvo-conduto para que viaje à nação andina, existam garantias de que não será extraditado a um terceiro país.

A defesa de Assange teme que ele possa ser extraditado aos Estados Unidos, onde poderia enfrentar uma dura sentença, inclusive a pena de morte se for acusado de traição pela publicação de documentos secretos através do Wikileaks.

"Tenho esperanças de que isto possa ser solucionado diplomaticamente ao invés de termos que recorrer à via judicial", sustentou hoje Patiño após ter declarado ontem à Agência Efe que o Equador não descarta levar o caso de Assange para a Corte Internacional de Justiça em Haia, na Holanda.

Também ontem, Assange participou de um ato organizado pelo Equador na ONU através de uma videoconferência e pediu o fim das perseguições.

"O tempo das palavras terminou. Chegou a hora de os Estados Unidos acabarem com a perseguição ao Wikileaks, ao nosso pessoal e às nossas fontes", disse Assange.

O australiano voltou a reivindicar garantias, tanto de Londres como de Estocolmo, de que não será extraditado para os Estados Unidos, onde foi declarado "inimigo de Estado", algo "absolutamente absurdo", e sua vida poderia estar em perigo caso seja enviado a esse país.

A Anistia Internacional (AI) pediu hoje à Suécia garantias de que, se Assange for interrogado no país, não será extraditado aos Estados Unidos.

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